First Citizens fecha acordo para compra do Silicon Valley Bank
Acordo foi firmado com a agência reguladora dos EUA e tem medidas de proteção de liquidez
Repórter Exame IN
Publicado em 27 de março de 2023 às 07h09.
Última atualização em 27 de março de 2023 às 10h02.
O banco First Citizens fechou um acordo com a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), a autoridade americana para o setor, para a compra de ativos do Silicon Valley Bank (SVB), o banco das startups. O colapso do SVB no começo do mês levou à turbulência de todo o setor bancário não só nos Estados Unidos, mas no mundo, com o Credit Suisse entre as vítimas ( o banco suíço acabou vendido ao concorrente UBS ).
De acordo com a publicação do First Citizens, o banco foi escolhido numa licitação concorrida. Os correntistas do SVB se tornarão "automaticamente correntistas do First Citizens Bank", diz a FDIC.Os empréstimos e depósitos serão administrados pelo First Citizens, enquanto a FDIC reterá quase 90 bilhões de dólares em títulos e "outros ativos". Na manhã desta segunda-feira, as ações subiam mais de 18% no pré-mercado.
Como parte do acordo,o First Citizens Bank assumirá ativos de US$ 110 bilhões do Silicon Valley Bridge Bank, depósitos de US$ 56 bilhões e empréstimos de US$ 72 bilhões.O First Citizens Bank também receberá uma linha de crédito disponível do FDIC para fins de liquidez contingente. Além disso, o First Citizens Bank firmou um contrato de compartilhamento de perdas com o FDIC para fornecer proteção adicional contra possíveis perdas de crédito.
O First Citizens Bank não adquirirá nenhum dos ativos, ações ordinárias, ações preferenciais, dívidas ou assumirá quaisquer outras obrigações do SVB Financial Group, a antiga holding do SVB. O grupo controlador entrou com pedido de recuperação judicial.
Mais detalhes do processo de incorporação
Não haverá alteração imediata nas contas atuais dos clientes e eles poderão continuar acessando suas contas como fazem hoje - por meio de seus sites atuais, aplicativos móveis e filiais. "Os clientes serão notificados com antecedência sobre quaisquer alterações futuras na conta", explica o First Citizens Bank.
"Fizemos uma parceria com o FDIC para concluir com sucesso a transação mais assistida pela FDIC desde 2009 do que qualquer outra, e agradecemos a confiança que a FDIC depositou em nós mais uma vez", diz o CEO do First Citizens Bank, Frank B. Holding Jr, na nota oficial.
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O SVB tinha no momento da falência, em 10 de março, 119 bilhões de dólares em depósitos, informou a FDIC. Os empréstimos e depósitos serão administrados pelo First Citizens, enquanto a FDIC reterá quase 90 bilhões de dólares em títulos e "outros ativos".
O mecanismo de garantia de depósitos do governo americano, administrado pela FDIC, absorverá perdas de 20 bilhões de dólares."A transação permite que a First Citizens desenvolva sua experiência com centros de inovação, alavancando a força do Silicon Valley Bank em atender os setores de private equity, venture capital e tecnologia", diz o banco.
O que aconteceu com o Silicon Valley Bank?
Na noite do dia 16, o SVB, banco médio americano, conhecido por ser financiador de startups no Vale do Silício, surpreendeu o mercado ao anunciar que pretendia levantar US$ 2,25 bilhões para equilibrar suas contas. O capital extra ajudaria a instituição a lidar com a queima de caixa acelerada de seus clientes em meio a um ambiente de juros altos.
O anúncio gerou pânico nos mercados e os clientes da instituição correram para sacar mais de U$ 40 bilhões de depósitos, gerando a maior crise no setor desde 2008.
A derrocada do SVB é outra consequência da campanha agressiva do Fed em subir juros para controlar a inflação. De um lado, os rápidos aumentos de juros forçam os bancos a pagar rendimentos maiores para reter depósitos.
De outro, o aumento do rendimento dos títulos reduz o valor dos bonds mantidos nos balanços dos bancos, pressionando a sustentabilidade financeira das instituições. O SVB possuía muitos desses títulos, incluindo títulos do Tesouro, e agora estão sentados em gigantescas perdas não realizadas.
Além disso, quando as taxas de juro sobem, as startups têm mais dificuldade em acessar financiamento com os empréstimos ficando mais caros. A combinação de fatores foi responsável pela corrida de resgates no SVB.