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Controlador do SVB entra com pedido de recuperação judicial nos EUA

SVB Financial Group listou ativos e passivos de até US$ 10 bilhões cada no processo aberto em Nova York

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Silicon Valley Bank (Sheldon Cooper/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Silicon Valley Bank (Sheldon Cooper/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

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Raquel Brandão

Publicado em 17 de março de 2023, 09h51.

Última atualização em 17 de março de 2023, 10h30.

O grupo controlador do Silicon Valley Bank (SVB) entrou com pedido de recuperação judicia nesta sexta-feira, 17, depois do regulador ter fechado as operações do banco por problemas de falta de liquidez. A crise do banco das startups, espalhou preocupação entre sua base de clientes e entre investidores.

O SVB Financial Group listou ativos e passivos de até US$ 10 bilhões cada, em uma petição do Chapter 11 apresentada em Nova York.

Como o Silicon Valley Bank é um banco comercial credenciado pela Califórnia e parte do sistema do Federal Reserve, ele não é elegível para falência. Por isso, foi parar na liquidação da Federal Deposit Insurance Corp (FDIC), que regula o setor.

Sua controladora, porém, é elegível para o processo de recuperação judicial.

A corretora SVB Securities e o braço de capital de risco SVB Capital não estão incluídos no processo, de acordo com nota da empresa.

O SVB, com sede em Santa Clara, Califórnia, é o maior banco a quebrar desde 2008, com cerca de US$ 209 bilhões em ativos totais no final do ano passado, segundo o FDIC. É também o segundo maior banco a cair sob a administração da agência, atrás apenas do Washington Mutual, em 2008.

O que aconteceu com o Silicon Valley Bank?

Na noite do dia 16, o SVB, banco médio americano, conhecido por ser financiador de startups no Vale do Silício, surpreendeu o mercado ao anunciar que pretendia levantar US$ 2,25 bilhões para equilibrar suas contas. O capital extra ajudaria a instituição a lidar com a queima de caixa acelerada de seus clientes em meio a um ambiente de juros altos.

O anúncio gerou pânico nos mercados e os clientes da instituição correram para sacar mais de U$ 40 bilhões de depósitos, gerando a maior crise no setor desde 2008. No domingo, as autoridades americanas apresentaram um plano de socorro que promete conter a crise sem causar um efeito de contágio no setor bancário – mas as preocupações continuam.

A derrocada do SVB é outra consequência da campanha agressiva do Fed em subir juros para controlar a inflação. De um lado, os rápidos aumentos de juros forçam os bancos a pagar rendimentos maiores para reter depósitos. De outro, o aumento do rendimento dos títulos reduz o valor dos bonds mantidos nos balanços dos bancos, pressionando a sustentabilidade financeira das instituições.

Os bancos possuem muitos desses títulos, incluindo títulos do Tesouro, e agora estão sentados em gigantescas perdas não realizadas.

Além disso, quando as taxas de juros sobem, as startups têm mais dificuldade em acessar financiamento com os empréstimos ficando mais caros. A combinação de fatores foi responsável pela corrida de resgates no SVB.

Veja também: Silicon Valley Bank: como a crise pode mudar a trajetória dos juros nos EUA

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter de InvestJornalista há mais de uma década, foi repórter do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas