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Bancos dos EUA pedem às autoridades proteção de todos os depósitos

Os depósitos nos EUA são protegidos pelo regulador bancário, a Corporação Federal de Seguro de Depósitos, até um valor máximo de US$ 250.000

As recentes falências do Silicon Valley Bank e do Signature Bank estão causando uma crise de confiança no setor (Pavlo Gonchar/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 19 de março de 2023 às 09h24.

Um grupo de bancos médios dos Estados Unidos pediu à autoridade reguladora federal que garanta, durante dois anos, todos os depósitos de seus clientes, mesmo acima do limite habitual de US$ 250.000, para evitar um fenômeno de contágio após a falência do banco SVB – informou a agência Bloomberg .

Essa medida "deteria, de imediato, o êxodo de clientes dos bancos menores, estabilizaria o setor bancário e reduziria, em grande medida, o risco de novas falências", argumentou a Mid-Size Bank Coalition of America em uma carta às autoridades, informou ontem a agência especializada em notícias econômicas.

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As recentes falências do Silicon Valley Bank e do Signature Bank estão causando uma crise de confiança no setor.

Muitos clientes de bancos similares sacaram seu dinheiro para depositá-lo em bancos maiores, como JPMorgan Chase e Bank of America, considerados importantes demais para o Estado não resgatá-los em caso de crise.

Os depósitos nos Estados Unidos são protegidos pelo regulador bancário, a Corporação Federal de Seguro de Depósitos (FDIC,na sigla em inglês), até um valor máximo de US$ 250.000.

O valor de mercado das ações do First Republic Bank caiu 80% esta semana. Com sede em San Francisco, ele é o 14º maior banco dos Estados Unidos em volume de ativos.

"Independentemente da saúde geral do setor bancário, há uma erosão da confiança em todos, exceto nos maiores bancos", insistiu a coalizão, segundo a Bloomberg.

A Mid-Size Bank Coalition of America pediu ao FDIC, ao Federal Reserve (Fed, Banco Central americano) e à secretária do Tesouro, Janet Yellen, que "restaurem a confiança".

O grupo de bancos se propõe a financiar essa medida, mediante o aumento do valor das contribuições que pagam à FDIC para garantir os depósitos.

Na quinta-feira, 11 grandes bancos americanos se comprometeram a depositar um total de US$ 30 bilhões em contas do First Republic.

Bank of America, Citigroup, JPMorgan Chase e outras oito instituições esperam, com isso, mostrar sua "confiança no sistema bancário" do país, de acordo com um comunicado conjunto.

O que aconteceu com o Silicon Valley Bank?

Na noite do dia 16, o SVB, banco médio americano, conhecido por ser financiador de startups no Vale do Silício, surpreendeu o mercado ao anunciar que pretendia levantar US$ 2,25 bilhões para equilibrar suas contas. O capital extra ajudaria a instituição a lidar com a queima de caixa acelerada de seus clientes em meio a um ambiente de juros altos.

O anúncio gerou pânico nos mercados e os clientes da instituição correram para sacar mais de U$ 40 bilhões de depósitos, gerando a maior crise no setor desde 2008. No domingo, as autoridades americanas apresentaram um plano de socorro que promete conter a crise sem causar um efeito de contágio no setor bancário – mas as preocupações continuam.

A derrocada do SVB é outra consequência da campanha agressiva do Fed em subir juros para controlar a inflação. De um lado, os rápidos aumentos de juros forçam os bancos a pagar rendimentos maiores para reter depósitos. De outro, o aumento do rendimento dos títulos reduz o valor dos bonds mantidos nos balanços dos bancos, pressionando a sustentabilidade financeira das instituições.

Os bancos possuem muitos desses títulos, incluindo títulos do Tesouro, e agora estão sentados em gigantescas perdas não realizadas.

Além disso, quando as taxas de juros sobem, as startups têm mais dificuldade em acessar financiamento com os empréstimos ficando mais caros. A combinação de fatores foi responsável pela corrida de resgates no SVB.

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