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Rede D'Or também deve olhar se há oportunidade em Amil

Família Moll, dona da rede de hospitais, sabe como fazer consolidação

Setor de saúde: ausência de cirurgias eletivas deixou margem do setor mais alta durante pandemia (Marcos Santos/USP Imagens/Reprodução)
Setor de saúde: ausência de cirurgias eletivas deixou margem do setor mais alta durante pandemia (Marcos Santos/USP Imagens/Reprodução)

Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 09:48.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2022 às 12:03.

A compra da SulAmérica não tira da Rede D’Or o interesse pelos ativos da Amil. Aliás, executivos próximos à família Moll, controladora da rede de hospitais, dizem que o lema lá é “não viramos as costas para nenhuma oportunidade”. Desde ontem, a pergunta dos investidores e analistas se concentram na operação do United Health Group (UHG) e sobre a extensão da verticalização que a operação pode ter.

Quando fez a oferta pública de ações em dezembro de 2020, a Rede D’Or afirmou aos investidores que a verticalização não era seu plano. A compra de SulAmérica anunciada ontem, um movimento de R$ 15 bilhões pago em ações, e um eventual avanço sobre a Amil, do UHG, não significam que o modelo passará a ser o de Hapvida e NotreDame Intermédica.

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É importante destacar, e essa é a mensagem que Rede D’Or quer transmitir, que as verticalizações na alta e na baixa renda são diversas. Por isso, Paulo Moll, presidente do grupo de hospitais, não gosta nem mesmo de chamar de verticalização. Mas não deixa de ser também, assim como é o movimento nessa direção da Bradesco Seguros de investir em hospitais próprios.

Enquanto nos planos mais acessíveis, a integração pode ser completa e exclusiva — onde o beneficiário só usa a estrutura da companhia — , no mercado mais premium é preciso deixar o usuário livre, com poder de escolha. Para o dia-a-dia, isso significa que nem D'Or atenderia apenas sua rede, nem SulAmérica ofertará apenas essa infraestrutura. Tanto isso é verdade que NotreDame, por exemplo, que já atua em um patamar acima da bandeira Intermédica, tem um atendimento aberto e não exclusivo, conforme matéria publicada ontem sobre a transação.

Aliás, em razão dessa lógica, SulAmérica e Rede D’Or vão seguir independentes. Mas a transação aumenta a flexibilidade da SulAmérica para desenvolvimento e ofertas de produtos e traz uma capilaridade relevante para a Rede D’Or por seu caráter de verticalização. Ambas podem crescer juntas fora dos grandes centros urbanos.

Hoje, a Rede D’Or se relacionada com uma rede de 300 operadores de serviços de saúde. Já a SulAmérica, por sua vez, tem em seu plano, considerando o país todo, 1.200 hospitais plugados. Nenhuma dessas relações vai se modificar. Os 2,5 milhões de clientes da empresa de planos de saúde vão seguir com sua liberdade.

No caso de uma aquisição de Amil, o racional seria o mesmo. Verticaliza, mas não é uma estrutura de exclusividade. Esse modelo não interesse à Rede D’Or que ao mesmo tempo em que avança Brasil adentro vem também ampliando sua estrutura premium — que se coloca, em São Paulo, por exemplo, em situação de melhor competição com nomes como Einstein e Sírio-Libanês.

Com quase 3 milhões de vida em saúde, a Amil é maior, em número de beneficiários do que a SulAmérica, mas tem uma operação menos premium e que traz uma série de desafios em relação à operação, que sofre desde a compra pela UHG. A estimativa é que sua aquisição movimentaria entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões.

Tanto o movimento de Hapvida e NotreDame Intermédia, como esse passo relevante de Rede D’Or, aceleram o processo de consolidação no setor. O negócio de ontem já ligou os radares dos especialistas no setor e começaram as contas para ver se, eventualmente, o negócio com a SulAmérica traria alguma dificuldade para uma absorção da Amil. Considerando o modelo de análise usado pelo Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade), que estuda o impacto cidade a cidade, a sobreposição das duas operações seria inferior a 300 mil vidas, portanto, algo como cerca de 5% do negócio total.

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