O jogo virou: Citi rebaixa recomendação para ações nos EUA e dá compra para a China
Banco vê dois principais sinais de alarme para a bolsa americana e tecnologia como motor para mercado chinês


Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 11 de março de 2025 às 11:21.
Última atualização em 11 de março de 2025 às 11:22.
Era um cenário que parecia muito pouco provável um mês atrás.
Mas, em mais um sinal de rotação de bolsa americana para outras geografias, o Citi rebaixou sua recomendação para ações nos Estados Unidos para “neutra” e passou a dar compra para o mercado acionário chinês.
“Nossa visão é que o excepcionalismo americano está pelo menos sendo colocado em pausa”, escreveu a equipe de estratégia do banco, que mantinha uma visão otimista para equities nos Estados Unidos desde outubro de 2023.
Por enquanto, trata-se de uma visão mais tática, para um período de três a seis meses, do que um call estrutural.
Para o Citi, os Estados Unidos devem continuar a ser líderes no mercado de inteligência artificial, que ainda tem bastante crescimento a entregar, num crescimento em conjunto – e não em contraposição – com a China. “Mas esse é um call para o longo prazo, não para os próximos meses.”
No horizonte mais curto, o banco acredita que os dados da economia americana devem seguir fracos e desempenhando abaixo do resto do mundo – o que deve pesar sobre ativos de maior risco nos Estados Unidos.
Sinais de alarme
O banco vinha ressabiado com a economia americana nas últimas semanas, principalmente depois dos dados de criação de empregos na última sexta-feira, que trouxeram números abaixo do esperado. “Mas não queríamos queimar a largada”, ponderaram os estrategistas.
Nesse sentido, dois movimentos nos últimos pregões foram cruciais para reforçar a tese mais pessimista.
O primeiro deles foi a perda do suporte da média móvel de 200 dias no S&P 500 – um indicador técnico relevante para traders e para os mercados.
Normalmente, quando um índice rompe esse limiar e não consegue se recuperar de volta, há uma indicação de correção maior à frente.
Outro sinal foi a queda de quatro das Magnificent 7 – as principais ações de tecnologia – por pelo menos cinco dias seguidos. “Durante períodos de bolha, isso é um sinal de alarme”, apontaram os estrategistas do banco.
A volta da China
O maior otimismo com o mercado chinês, por sua vez, vem principalmente da tese de tecnologia.
“A DeepSeek provou que a China está na fronteira da tecnologia ocidental (ou além dela), apesar dos controles de exportação”, disse o banco, trazendo ainda os lançamentos recentes da Tencent e do Alibaba como exemplos de novos avanços. (Ontem, o JP Morgan também reforçou sua visão positiva para as ações chinesas.)
O fato de o presidente Xi Jinping estar mais próximo do setor de tecnologia, dado apoio às iniciativas de IA, e principalmente o preço descontado dos papéis de tech no mercado chinês, também dão reforço à tese.
Sobre as tarifas, o Citi reconhece o risco, mas acredita que ele não é tão relevante. A perspectiva do banco é que ainda possa haver negociações entre a China e os Estados Unidos. Mas mesmo que as tarifas sejam implementadas, o impacto na economia não seria assim tão preocupante.
“O fato é que as tarifas sobre a China já aumentaram em 20% e tiveram um impacto limitado sobre o mercado”, afirmam os analistas.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.