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Com duplo upgrade, BRF avança mais de 10% na Bolsa

JP Morgan dá compra e vê EBITDA 12% acima do consenso; Goldman joga a toalha e tira recomendação de venda

BRF: Ações sobem mais de 120% em 12 meses  (SOPA Images/Getty Images)
BRF: Ações sobem mais de 120% em 12 meses (SOPA Images/Getty Images)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 15 de abril de 2024 às 15:20.

Última atualização em 15 de abril de 2024 às 18:48.

As ações da BRF avançam mais de 10% no pregão de hoje, liderando com folga as altas do Ibovespa, com duas elevações de recomendação.

A primeira foi do JP Morgan, que passou a recomendar compra, por conta principalmente da melhora no negócio internacional, e agora está com uma estimativa de EBITDA para este ano 12% acima do consenso de mercado.

A outra veio do Goldman Sachs, uma das casas que estava mais pessimista com o papel, mas jogou a toalha e retirou a recomendação de venda que vigorava desde maio de 2023. Agora, a casa está ‘neutra’ – ou seja, recomenda a manutenção da ação.

Com alta de mais de 120% nos últimos doze meses, a tese da BRF sofreu um ponto de virada com os resultados do quarto trimestre, que mostraram o primeiro lucro em dois anos e a primeira geração de caixa depois de 13 trimestres consecutivos de perda.

A grande questão era se esse seria apenas um efeito cíclico associado ao fim do ano, período tradicionalmente mais forte por causa das festas, ou já resultado de uma mudança estrutural após a entrada da Marfrig como controladora.

Em relatório publicado na noite de ontem, ficou claro que o Goldman – que tinha soltado uma nota dura em janeiro afirmando os bons últimos três meses do ano seriam um ponto fora da curva – começa a apostar na segunda opção.

“Do lado operacional, a direção teve uma execução destacadamente positiva no processo de turnaround e resolveu alguns dos gargalos que vinham desde a fusão entre Sadia e Perdigão em 2011”, escreveu Thiago Bortolucci.

A melhora operacional, associada a uma estrutura de capital mais adequada depois do follow-on que trouxe R$ 5,6 bilhões para caixa em julho do ano passado, o analista segue construtivo.

Segundo ele, a segunda fase do plano BRF+, que visa extrair eficiências operacionais na companhia, deve trazer melhoras adicionais à rentabilidade.

Isso, associado ao fato de que não deve haver pressões relevantes de custos e que a oferta está controlada no mercado brasileiro, permitindo avanços de preços, traça um bom cenário para o ano. Nesse contexto, o Goldman elevou sua projeção para o EBITDA em 2024 em 25%, para R$ 6,13 bilhões.

O preço-alvo passou de R$ 9,70 para R$ 15,60 – ainda assim abaixo dos R$ 17,75 a que a empresa é negociada hoje em tela.

Já o JP Morgan está bem mais otimista.

O banco elevou o preço-alvo de R$ 18 para R$ 20 por ação, citando também o bom momento no mercado brasileiro, mas principalmente um ponto de inflexão no mercado internacional, onde as margens devem aumentar.

“O preço das exportações brasileiras de frango estão aumentando, com alta de 6% ano acumulado do ano, segundo a Secex, e continuam apresentando sinais de recuperação impulsionados por um cenário mais equilibrado de oferta e demanda”, escreveu a equipe liderada por Lucas Ferreira.

Ao mesmo tempo, os embarques dos Estados Unidos vêm caindo como percentual da produção mensal e estão nos menores níveis desde fevereiro de 2005. Outro ponto positivo vem do Oriente Médio e dos mercados halal, onde fontes locais citaram ao banco uma demanda forte e oferta controlada, levando a melhora de preços.

O EBITDA estimado pelo JP Morgan é de R$ 7,4 bilhões. Nas contas do banco, apesar da alta expressiva nos últimos doze meses, a  BRF negocia a 5,2 vezes EV/EBITDA para 2024, contra uma média de 6,4 vezes nos últimos cinco anos.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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