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Skeelo compra Skoob e mira crescer no setor de e-books. O desafio: conquistar 10 milhões de leitores

Aquisição foi feita com intermédio da Americanas, que passa por crise

Rafael Lunes e Rodrigo Meinberg, fundadores da Skeelo: “Queremos que a leitura seja acessível, onde e como o leitor preferir” (Germano Lüders/Exame)

Rafael Lunes e Rodrigo Meinberg, fundadores da Skeelo: “Queremos que a leitura seja acessível, onde e como o leitor preferir” (Germano Lüders/Exame)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 19 de agosto de 2024 às 11h42.

Última atualização em 19 de agosto de 2024 às 11h48.

A leitura de um livro não precisa mais acabar na última página. Com as redes sociais, qualquer leitor pode fechar a capa dura ou o Kindle e ir atrás de resenhas, encontrar títulos similares e outras obras do mesmo autor e até descobrir uma comunidade totalmente dedicada ao livro.

Isso pode acontecer em qualquer app com características de rede social, mas são poucas as opções de aplicativos que oferecem um espaço único para quem cultiva o hábito de ler. No Brasil, as maiores são a Skeelo, plataforma de livros digitais, e o Skoob, de comunidades para leitores. E agora, elas vão se tornar uma só: a Skeelo acaba de oficializar a aquisição da Skoob, em busca de oferecer uma experiência mais completa para quem gosta de ler.

Sinergia das marcas

A Skeelo foi lançada em 2019 com o objetivo de democratizar o acesso à leitura digital no Brasil. A empresa, que já transacionou mais de 180 milhões de livros e faturou R$ 100 milhões em 2023, tem se destacado por oferecer livros como parte de benefícios em planos de operadoras de telecomunicações e outros serviços. Hoje, qualquer cliente da Claro, por exemplo, tem acesso a mais de 10.000 livros da Skeelo disponíveis gratuitamente.

Já a Skoob, fundada em 2009, é uma rede social dedicada à leitura. Embora o serviço entregue a idade que tem, a plataforma é praticamente o único ponto de encontro para leitores de todo o país — a outra opção seria o Goodreads, cuja língua principal é o inglês , garantindo um espaço para compartilhar resenhas e organizar suas estantes virtuais.

A rede social de livros também enfrenta problemas financeiros há alguns anos. Em 2021, conseguiu respirar um pouco após ser adquirida pela Americanas — nesta época, a Skeelo já tinha interesse na aquisição, mas teve que desistir , mas foi deixada de escanteio pela gigante. Logo depois, em 2023, a crise da Americanas abalou profundamente o mercado brasileiro e gerou um impacto significativo em diversas operações da empresa.

Para a Skeelo, foi um momento de oportunidade. A conversa de uma possível aquisição foi retomada com a Americanas e a transição, aconteceu. Mas a oficialização e, posteriormente, a divulgação da transação, teve alguns meses de atraso. Rodrigo Meinberg, co-fundador e CEO da Skeelo, ressalta que "a oficialização da transação não se relaciona à crise das Americanas", mas o processo foi temporariamente interrompido após a prisão de Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, e a nova fase da investigação Polícia Federal, que aconteceu em junho.

Com a aquisição oficializada, a Skeelo planeja integrar as funcionalidades do Skoob à sua plataforma, criando um ambiente onde os leitores possam não apenas acessar e-books e audiobooks, mas também criar um “clube do livro digital”, onde os usuários possam encontrar conteúdos de alta qualidade e interagir de forma mais dinâmica.

O desafio de 10 milhões

Dá para perceber a sinergia na aquisição: uma empresa de livros digitais quer uma rede social para leitores. Segundo Meinberg, a empresa viu na aquisição da Skoob uma oportunidade única de criar um ecossistema que integre a leitura digital com a comunidade ativa de leitores do Skoob.

Mas é também um tremendo desafio para a Skeelo, que terá que convencer os 10 milhões de usuários cadastrados na Skoob para migrar para o novo app e ainda fazer uso dos livros digitais disponíveis. Um exemplo é o caso de Elon Musk com a compra milionária do X, antigo Twitter. Quase dois anos depois, o novo dono continua tomando decisões que pioram a experiência do usuário e, consequentemente, fazem eles migrarem para novos apps.

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Para Rafael Lunes, co-fundador e VP de produto e engenharia da Skeelo, um dos maiores desafios é a manutenção e o crescimento da comunidade ativa do Skoob, sem perder a identidade que fez da plataforma uma referência entre leitores brasileiros. Lunes também destacou que a fusão das duas plataformas pode ajudar a resolver um problema histórico no Brasil: o baixo hábito de leitura. A ideia é que a gamificação e as funcionalidades sociais incentivem mais pessoas a iniciar e manter a leitura no app.

Outro ponto destacado por Meinberg foi a possibilidade de internacionalização da plataforma após a aquisição. A Skeelo já está de olho em mercados como Argentina e México. Para a Skeelo, as milhares de postagens já publicadas pela comunidade do Skoob são o diferencial competitivo, sem a necessidade dos usuários destes países começarem do zero e se depararem com uma rede social vazia.

Além disso, a Skeelo pretende usar os dados de leitura para melhorar a experiência dos usuários e oferecer conteúdos mais personalizados. Hoje em dia, a empresa já utiliza dados para entender quem realmente lê os livros e quem apenas os baixa, o que pode ser crucial para engajar ainda mais os leitores na nova plataforma unificada.

Com a aquisição da Skoob, a Skeelo se posiciona como uma das principais forças no mercado de livros digitais no Brasil. A empresa, que já conta com uma base de 16 milhões de clientes ativos, espera aumentar essa cifra em 15% até o final de 2024. O foco agora é expandir a oferta de conteúdos e parcerias com editoras e, claro, conquistar os leitores de todo o Brasil.

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