Sergey Brin: cofundador do Google apresentou o produto ao mercado antes da hora certa (Bloomberg)
Victor Caputo
Publicado em 6 de fevereiro de 2015 às 16h46.
São Paulo – Recentemente, o Google anunciou mudanças drásticas no projeto do Glass, seu par de óculos inteligentes. A equipe será reformulada em parte e o desenho do produto começará do zero.
O líder do time de desenvolvimento será Tony Fadell, um dos criadores do iPod e fundador da Nest, empresa que foi adquirida pelo Google.
Para entender o que deu de errado com o Google Glass, o New York Times procurou diversos funcionários e ex-funcionários do Laboratório X, responsável pela criação do produto.
De maneira geral, um erro foi levando ao outro. Veja a seguir as X razões pelas quais o Google Glass falhou.
Ninguém sabia como ele deveria ser usado
Mesmo dentro do Laboratório X não havia um consenso sobre como ele deveria ser usado. Duas correntes brigavam lá dentro. A primeira acreditava que ele deveria ser usado para funções específicas e dentro de ambientes específicos.
A segunda corrente acreditava que o Glass, pelo contrário, era um produto de uso cotidiano. Seu uso deveria ser similar ao de um relógio, que fica preso ao corpo em tempo integral.
Ele era apenas um protótipo
O Google Glass foi lançado antes da hora. Depois de pegar e usar um exemplar, não é difícil perceber que o produto ainda não estava nem perto de estar pronto.
A baixa duração da bateria foi um dos pontos mais criticados do aparelho, indício de que ele ainda não deveria ter sido lançado. Na verdade, era consenso que ainda havia um longo caminho de desenvolvimento para os óculos inteligentes e que ele devia ser mantido sob sigilo enquanto os problemas eram resolvidos, mas um homem da equipe discordava.
Sergey Brin
O cofundador do Google foi parte da equipe inicial de desenvolvimento do Google Glass. Ele acreditava que o produto precisava sair das paredes do Laboratório X e deveria ser mostrado ao mundo.
A ideia de Brin era que o Google devia lançar o Glass e usar o feedback dos consumidores para aprimorar o produto.
Tiro pela culatra
Para reforçar que o Glass era um produto em andamento, o Google estabeleceu um preço bem alto por ele: 1.500 dólares. Se o objetivo era desestimular a compra, a estratégia deu errado.
O preço atraiu ainda mais olhos para o produto. O projeto Glass Explorers foi criado e apenas geeks e formadores de opinião selecionados podiam comprar o gadget. Esse não era o plano original de introdução do Glass ao mercado.
Produto ruim
Espera-se que um produto de 1.500 dólares seja um primor. Mas o Google Glass nunca foi. As primeiras análises do produto apontavam mais problemas do que pontos positivos.
Bateria ruim, muitos bugs e funcionalidades estranhas foram alguns dos problemas apontados do Glass.
Privacidade
Além das dificuldades já mencionadas, o Google Glass criou um grande debate na sociedade: invasão de privacidade.
Os óculos têm uma câmera acoplada na sua parte frontal. Nos Estados Unidos, o uso do gadget foi proibido em alguns locais públicos como restaurantes, cinema ou cassinos.
Futuro
Depois de anunciar as mudanças na equipe e no foco do Google Glass, o produto parece ter um futuro mais promissor.
Membros da equipe atual afirmaram ao New York Times que Tony Fadell, atual encarregado pelo Glass, não deve lançar mais protótipos. Fadell tem uma experiência longa com produtos e deve aperfeiçoar os óculos e lançar o eletrônico somente quando ele estiver, de fato, pronto.