O que é e o que faz a Red Hat, a aquisição de US$ 34 bilhões da IBM
Soluções da empresa de código aberto devem ajudar IBM na briga nas nuvens contra Dell, Amazon e outros rivais
Gustavo Gusmão
Publicado em 30 de outubro de 2018 às 05h55.
Última atualização em 30 de outubro de 2018 às 08h38.
São Paulo — A gigante IBM anunciou neste último domingo, 29, que vai desembolsar 34 bilhões de dólares em dinheiro para adquirir outra multinacional: a Red Hat. O nome não é exatamente conhecido entre os consumidores finais, mas a companhia é uma gigante — ainda que nem tanto quanto sua nova dona — no mundo das soluções para empresas. Mas nada de sistemas proprietários: a especialidade da companhia é o Linux .
Fundada em 1993 por Marc Ewing e Bob Young, a Red Hat tem como principal produto a plataforma Red Hat Enterprise Linux. Trata-se de uma versão do sistema de código aberto Linux, uma alternativa ao Windows, com um foco em empresas e opções diferentes para servidores e desktops.
Mas as vendas desse sistema não são exatamente sua fonte de renda. A companhia tem soluções de armazenamento, virtualização e computação em nuvem próprias, que devem ajudar a IBM a entrar forte na competição contra Dell, Amazon e Alphabet. Ela também ganha com treinamento e suporte para os clientes que adotam seus produtos, além de oferecer consultoria. Tudo isso deve render um adicional bem-vindo para a IBM, como notado pela Reuters — a empresa viu sua receita total cair de 79,9 bilhões de dólares em 2016 para 79,14 bilhões em 2017, e precisa se recuperar.
Empresa de código aberto
O mais curioso da Red Hat, porém, é sua relação com a comunidade por trás de softwares de código aberto. Em 2017, a marca foi a segunda que mais contribuiu com mudanças no kernel do Linux, a base do sistema. Foram quase 6 mil alterações feitas no código, de acordo com o Linux Kernel Development Report. As modificações corresponderam a 7,2% do total feito pela comunidade por trás do sistema. Só a Intel, uma companhia consideravelmente maior em número de funcionários e receita, superou esse número.
Fora isso, a Red Hat ainda patrocina o projeto Fedora e é a empresa que mais contribui com o GNOME, um chamado "ambiente de desktop" para distribuições de Linux. Ele é adotado por diversas variações do sistema, como o próprio Fedora, além do Debian e do Ubuntu. Todas a usam para ter um visual mais próximo de sistemas operacionais mais conhecidos, como o Windows ou o macOS. A companhia ainda tem desenvolvedores que se dedicam ao LibreOffice, uma alternativa aberta ao Office da Microsoft.
Essa mistura de contribuições para softwares livres com oferta de soluções para clientes corporativos fez da Red Hat uma empresa de código aberto. Ela foi, inclusive, a primeira do tipo a bater 1 bilhão de dólares de receita, ainda em 2012. E esse número já foi quase triplicado de lá para cá: em 2017, a Red Hat fechou o ano com 2,9 bilhões de dólares na receita.