Mercado Imobiliário

Loft compra startup Uotel e pretende ter até 600 apartamentos para alugar

A aquisição marca a entrada da Loft no mercado de alugueis, oferecendo apartamentos residenciais para hospedagens de curta temporada

Foto de apartamento da plataforma Uotel: a oferta de imóveis deve triplicar com a aquisição da Loft (Uotel/Divulgação)

Foto de apartamento da plataforma Uotel: a oferta de imóveis deve triplicar com a aquisição da Loft (Uotel/Divulgação)

FS

Filipe Serrano

Publicado em 10 de julho de 2020 às 06h38.

Última atualização em 10 de julho de 2020 às 16h09.

A startup do setor imobiliário Loft deu o primeiro passo para entrar no segmento de aluguéis. A empresa anuncia nesta sexta-feira (10) a aquisição da startup Uotel, de São Paulo, especializada na locação de apartamentos residenciais para estadias de curta duração.

Com o negócio, a Loft e a Uotel pretendem agora triplicar o número de unidades disponíveis para aluguel em São Paulo. A meta é acrescentar 400 novos apartamentos à plataforma até o fim do ano, além dos 230 já disponíveis. O valor da aquisição não foi divulgado.

Até a compra da Uotel, a Loft atuava somente no mercado de compra e venda de imóveis desde que começou a operar em 2018. A empresa se especializou em comprar, reformar e revender apartamentos em São Paulo e no Rio de Janeiro, usando tecnologias de machine learning e inteligência artificial para fazer a precificação dos imóveis. O modelo é conhecido no mercado como iBuyer. A vantagem para os clientes é poder adquirir um apartamento pronto para morar, evitando o trabalho da reforma.

Agora, a aquisição da Uotel permite que a empresa entre também no mercado de locação, começando pela oferta de apartamentos para curta temporada.

 

 

De acordo com Mate Pencz, cofundador da Loft, a tendência é que a empresa ofereça mais serviços para todo tipo de hospedagem e moradia com o tempo – desde os apartamentos para estadias curtas, de somente um dia, até a compra definitiva de um imóvel, passando pelo aluguel tradicional de longa duração. “A aquisição é um ponto de partida. Não é um segredo que a gente quer completar esse tabuleiro inteiro [de ofertas no mercado imobiliário]. A questão é mais de quando a gente vai chegar lá”, disse Pencz à EXAME.

Segundo Pencz, as conversas com a Uotel começaram em fevereiro e a aquisição foi concretizada no fim de maio. O que chamou a atenção foi o fato de a Uotel ter a experiência e as ferramentas necessárias para administrar apartamentos residenciais com um perfil parecido com os que são vendidos pela Loft. Além disso, segundo ele, era comum proprietários procurarem a Loft em busca de uma solução de locação, mas a empresa não tinha a opção.

Pencz diz também que tem visto um aumento do interesse de investidores em aplicar em fundos imobiliários residenciais, um segmento que é visto hoje com mais resiliência do que o de imóveis comerciais ou shoppings, por causa da pandemia. A entrada no setor de locação é um movimento para aumentar o portfólio de imóveis residenciais.

Com a aquisição na Uotel, a Loft entra também num segmento que tem crescido e recebido cada vez mais investimentos de fundos de capital de risco no Brasil. Em novembro, o fundo Redpoint eventures investiu 50 milhões de reais da startup Housi, fundada dentro de um projeto da construtora Vitacon, que também é especializada no aluguel de apartamentos residenciais para curta temporada.

Thomaz Guz, fundador da Uotel, diz que boa parte dos clientes que colocam apartamentos para alugar na plataforma são de investidores que adquirem imóveis como uma forma de investimento. A Uotel fica responsável por fazer a manutenção e a gestão dos apartamentos, em troca de uma taxa sobre o pagamento das estadias. ‘

Mate Pencz, da startup Loft

Mate Pencz, da startup Loft: a aquisição da Uotel é um primeiro passo para entrar no mercado de locação (Germano Lüders/Exame)

Segundo Thomaz, antes da pandemia a taxa de ocupação dos apartamentos estava em 85%. A maior parte dos hóspedes era de pessoas que passavam a semana em São Paulo para trabalhar e depois voltavam para suas cidades, e turistas. Em média, as pessoas ficam três dias nos apartamentos.

O perfil mudou com a queda na demanda provocada pela pandemia e ele diz ter visto um aumento na procura por estadias mais longas, de uma semana ou até mais de um mês. Depois de uma queda, a taxa de ocupação tem se recuperado, e agora está em 70%.

A maior parte dos apartamentos são pequenos, de 20 a 35 metros quadrados, o que atende os hóspedes de curta temporada. Mas o plano é aumentar a oferta de imóveis maiores, de até 70 metros quadrados, segundo ele. Os imóveis ficam disponíveis para aluguel no próprio site da Uotel, como também em sites de acomodação, como Airbnb, Booking.com, Expedia e Hoteis.com.

A ideia de criar a startup, segundo Guz, surgiu em 2016 quando ele e sócio Fabio Bertini sentiram que havia necessidade de padronizar a experiência de hospedagem em imóveis residenciais, oferecidos em plataformas como o Airbnb. “Vimos que as pessoas nunca sabiam exatamente o que iam encontrar. O apartamento poderia ser bom ou não. A internet funcionava ou não. A chave tinha de ser retirada cada vez em um lugar. Era muito imprevisível”, diz o empreendedor. “Por isso pensamos em uma plataforma que pudesse entregar uma locação de curta temporada em apartamentos residenciais, com conforto, qualidade, padrão e tudo que um hotel bom oferece. Assim surgiu a ideia de criar uma rede de apartamentos que trouxesse essa experiência.”

O fundador da startup diz ainda que o modelo tem chamado a atenção de incorporadoras, que veem no serviço uma facilidade que pode ser oferecida para os clientes que compram imóveis para investir. Um dos primeiros investidores na Uotel foi Antonio Setin, da Setin Incorporadora.

A Uotel é a terceira aquisição da Loft desde que a empresa foi fundada há dois anos. As outras duas startups compradas pela companhia foram a Decorati, especializada na reforma de imóveis, e a Spry, de análise de dados.

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