Tecnologia

Larry Page fala sobre Google Plus, carros-robôs e Steve Jobs

O CEO do Google diz que ele e Steve Jobs eram amigos “às vezes” e que a rede social Google Plus tem importância estratégica para a empresa

Larry Page: "Tínhamos 18 maneiras de compartilhar conteúdo antes do Google Plus. Agora, temos uma" (Justin Sullivan / Getty Images)

Larry Page: "Tínhamos 18 maneiras de compartilhar conteúdo antes do Google Plus. Agora, temos uma" (Justin Sullivan / Getty Images)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 11 de dezembro de 2012 às 17h38.

São Paulo — De repente, os CEOs das grandes empresas de tecnologia resolveram aparecer na imprensa americana. No final de novembro, a Fortune divulgou uma entrevista com a Marissa Mayer, do Yahoo!. Na semana passada, Tim Cook apareceu na TV e falou ao site Bloomberg. Nesta terça-feira, a Fortune publicou trechos de uma extensa conversa com Larry Page, do Google

Page fugiu de perguntas sobre concorrentes e não foi muito claro ao discorrer sobre como o Google pretende ganhar dinheiro com os smartphones (o que traz a inevitável suspeita de que talvez ele não saiba a resposta). As declarações dele sugerem que continua pensando como engenheiro e gosta mais de abordar tecnologias emergentes do que negócios.

O fundador do Google mostrou entusiasmo ao discutir os carros sem motorista que a empresa vem desenvolvendo, por exemplo: “O carro vai poder deixá-lo na porta do prédio onde você trabalha e ir estacionar sozinho. Quando você precisar dele, seu smartphone vai detectar que você está saindo do prédio. E o carro estará lá quando você acabar de descer as escadas”. 

Sobre Steve Jobs, Page diz que eram amigos “às vezes”. Como se sabe, o fundador da Apple chegou a demonstrar um ódio figadal pelo Google, embora esse ódio fosse dirigido mais a Eric Schmidt do que a Larry Page. Jobs disse a seu biógrafo Walter Isaacson que iria destruir o Android a qualquer custo.

Page considera a possibilidade de Jobs ter dito aquilo para motivar os funcionários da Apple: “É uma coisa que eu não faria. Não gosto de estimular minha empresa dessa maneira. Se você fica olhando para os outros, você vê o que eles fazem hoje. E não é assim que se fica dois ou três passos à frente”. 


Page diz que não pensa muito nos concorrentes porque se pensasse, seu foco estaria nas tecnologias atuais. Ele prefere pensar no futuro. “Nosso trabalho é pensar em coisas de que as pessoas ainda não sabem que necessitam. Se nossos concorrentes soubessem essas coisas, eles não contariam para nós e nem para outras pessoas”, argumenta ele. 

O CEO diz que o Google continua organizado segundo a fórmula 70/20/10. 70% dos recursos estão comprometidos com os negócios principais, relacionados com buscas na web e publicidade. 20% vão para aplicativos e outros serviços. Os outros 10%  destinam-se aos projetos mais arrojados, como o carro sem motorista e os óculos Google Glass.

“Os investidores sempre ficam preocupados com isso. Eles pensam: Oh, meu Deus, eles vão gastar todo o dinheiro com carros sem motorista. Acho que, por mais que eu tente, nunca vou conseguir fazer esses 10% crescerem. É difícil convencer as pessoas a trabalhar em projetos realmente ambiciosos. É mais fácil fazê-las trabalhar em coisas incrementais”. O motivo, diz, é que elas tendem a ficar na zona de conforto.

Page vê uma função estratégica na rede social Google Plus: “Acho que, para que nossos produtos funcionem bem, precisamos ter uma boa forma de compartilhamento. Tínhamos 18 maneiras diferentes de compartilhar conteúdo antes do Plus. Agora, temos uma única maneira que funciona bem, e a estamos aperfeiçoando”.

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