Tecnologia

Huawei lança smartphone com sistema operacional próprio em resposta às sanções dos EUA

Mate 70 inaugura HarmonyOS Next, destacando a separação tecnológica entre China e Estados Unidos

O novo Mate 70, com HarmonyOS Next, marca a tentativa da Huawei de desafiar os ecossistemas dominantes de iOS e Android. (Huawei/Reprodução)

O novo Mate 70, com HarmonyOS Next, marca a tentativa da Huawei de desafiar os ecossistemas dominantes de iOS e Android. (Huawei/Reprodução)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 25 de novembro de 2024 às 06h38.

A gigante chinesa Huawei está prestes a lançar o Mate 70, seu primeiro smartphone topo de linha equipado com um sistema operacional completamente desenvolvido no país. Chamado HarmonyOS Next, o software marca mais um passo na separação tecnológica entre os ecossistemas dos EUA e da China, agora com uma alternativa às dominantes iOS, da Apple, e Android, do Google. As informações são do Financial Times.

O lançamento, que ocorrerá nesta terça-feira, 21, é um marco para a Huawei, que viu suas vendas crescerem 30% nos primeiros nove meses de 2024, apesar das sanções impostas pelos EUA. Esse avanço demonstra como as restrições, que tinham como objetivo enfraquecer a empresa, impulsionaram sua posição como líder tecnológica da China.

Um marco tecnológico para a China

O Mate 70 sucede o Mate 60, lançado no ano passado com um processador desenvolvido internamente, capaz de alcançar velocidades próximas às de redes 5G — algo que especialistas em Washington acreditavam ser impossível.

O HarmonyOS Next é o primeiro sistema operacional da Huawei que não depende de código aberto do Android, utilizado nas versões anteriores do HarmonyOS. Embora isso represente um avanço significativo, o sucesso do sistema depende da adesão dos desenvolvedores de aplicativos, que precisam adaptar suas plataformas para o novo código-base.

A corrida por aplicativos nativos

Até o momento, a Huawei afirma ter 15 mil aplicativos nativos prontos para o HarmonyOS Next, incluindo serviços populares na China, como o WeChat, da Tencent, o Taobao, da Alibaba, e o aplicativo de entregas Meituan. No entanto, usuários beta e desenvolvedores relatam problemas com funcionalidades essenciais.

Um desenvolvedor, que trabalha em um aplicativo para uma grande estatal chinesa, destacou desafios como a falta de suporte ao WeChat Pay e à plataforma de localização do Baidu. “Estamos enfrentando limitações técnicas que afetam a experiência do usuário,” disse ele.

Para atrair mais desenvolvedores, a Huawei tem promovido treinamentos intensivos, tanto online quanto presenciais, e oferecido suporte técnico imediato. Ainda assim, empresas internacionais permanecem cautelosas, devido ao custo elevado de adaptação. Segundo Rich Bishop, da AppInChina, uma empresa de desenvolvimento chinesa cobrou 2 milhões de yuans (cerca de R$ 1,4 milhão) para adaptar um único aplicativo para o HarmonyOS Next.

Desafios e apostas

O lançamento do HarmonyOS Next é uma jogada ousada, especialmente considerando que o sistema ainda está em desenvolvimento. A aposta da Huawei está em sua base de usuários leais, que podem estimular os desenvolvedores a solucionar os problemas rapidamente.

A Huawei declarou que o HarmonyOS já opera em 1 bilhão de dispositivos e que os aplicativos para o Next estão sendo atualizados quase diariamente. No entanto, analistas observam que convencer desenvolvedores internacionais a adotar o sistema será um desafio.

Com o HarmonyOS Next, a Huawei reafirma sua capacidade de inovação em meio a um cenário de crescente rivalidade tecnológica entre China e Estados Unidos. O sucesso do sistema pode redefinir o mercado global de smartphones e consolidar a posição da empresa como símbolo da autonomia tecnológica chinesa.

Acompanhe tudo sobre:HuaweiSistemas OperacionaisAppleGoogleChinaEstados Unidos (EUA)Sanções

Mais de Tecnologia

Luxshare, importante parceira da Apple, estuda saída parcial da China

Apple transporta 600 toneladas de iPhones da Índia para os EUA para evitar tarifas de Trump

Clone Robotics divulga vídeo de Protoclone, o robô humanoide mais preciso do mundo; veja

Zuckerberg na mira: por que bilionário pode ter que se desfazer de Instagram e WhatsApp