EDMONTON, CANADA - APRIL 28: An image of a woman holding a cell phone in front of the Meta AI logo displayed on a computer screen, on April 29, 2024, in Edmonton, Canada. (Photo by Artur Widak/NurPhoto via Getty Images)
Publicado em 29 de novembro de 2024 às 19h37.
Meta, a gigante de tecnologia dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, está prestes a dar um passo significativo para fortalecer sua infraestrutura global de dados e tentar evitar tensões políticas.
Segundo o TechCrunch, a empresa planeja investir mais de US$ 10 bilhões na construção de um cabo submarino de fibra ótica, que se estenderá por 40.000 km, conectando diversos pontos ao redor do mundo.
O projeto, em suas fases iniciais, será inteiramente proprietário da Meta, marcando um novo marco na estratégia da companhia de controlar diretamente os meios de comunicação e dados globais.
O investimento no cabo submarino surge em um momento de crescente demanda por infraestrutura robusta, impulsionada pelo crescimento do uso de inteligência artificial (IA) e pela necessidade de suportar bilhões de usuários em suas plataformas.
A Meta, que já possui participação em outros 16 cabos submarinos, agora buscará ter controle exclusivo sobre uma nova rota que se estende de Estados Unidos a Índia, passando pela África do Sul, e retornando à costa oeste dos EUA, via Austrália.
A construção de um cabo totalmente exclusivo para a Meta reflete uma mudança importante no panorama das redes subsea, tradicionalmente dominadas por consórcios de empresas de telecomunicações. Com a aposta em AI, a Meta busca garantir a capacidade necessária para processar e distribuir grandes volumes de dados com a máxima eficiência, além de oferecer maior controle sobre a qualidade do serviço, principalmente em mercados-chave como Índia.
De acordo com especialistas da indústria, como Sunil Tagare, a empresa deve iniciar o projeto com um orçamento de US$ 2 bilhões, que pode ultrapassar os US$ 10 bilhões à medida que a construção avança ao longo de vários anos. A expectativa é que o cabo seja uma solução permanente para as necessidades de tráfego de dados de longo alcance, mas enfrentará desafios logísticos, como a escassez de recursos para a construção de cabos submarinos, já comprometidos com outros grandes projetos, como os de Google.
Além da necessidade de uma infraestrutura dedicada, Meta busca evitar zonas de conflito geopolítico, selecionando rotas que não passem por pontos sensíveis como o Mar Vermelho ou o Mar do Sul da China, áreas conhecidas por instabilidades que já afetaram cabos submarinos no passado.
Investir em um cabo submarino exclusivo oferece à Meta um controle total sobre a capacidade de rede, o que garante maior estabilidade e confiabilidade no tráfego de dados que atravessa continentes. Isso é crucial para uma empresa que gera bilhões de dólares em receita fora da América do Norte, e que precisa garantir a entrega eficiente de conteúdos e anúncios para seus usuários globais. O novo cabo também será uma estratégia para melhorar a infraestrutura no país com maior número de usuários de suas plataformas: a Índia, que, com mais de 1 bilhão de habitantes, se torna um mercado essencial para o crescimento da Meta, especialmente com o aumento do uso de IA.
Outro fator que pode ter impulsionado essa decisão é o crescente interesse de países como a Índia em desenvolver sua própria infraestrutura de data centers e IA, como foi discutido recentemente por líderes do setor durante uma visita do CEO da Nvidia, Jensen Huang, à Índia. Com o custo de banda larga de computação muito mais baixo no país, a Meta poderia usar esse investimento para fortalecer suas operações e capacidades de treinamento de IA, algo que se alinha com a sua visão estratégica de expandir essa tecnologia.
O novo projeto da Meta também pode ter implicações no cenário geopolítico e no futuro da infraestrutura de cabos submarinos, principalmente no que diz respeito ao controle e à propriedade dessas redes. Empresas de tecnologia como Meta e Google estão cada vez mais se distanciando das telecomunicações tradicionais, assumindo um papel central na construção e operação desses cabos, devido à crescente demanda por redes mais rápidas e seguras.
Meta não comentou oficialmente sobre o projeto até o momento, mas espera-se que a empresa divulgue mais detalhes sobre a construção e a rota do cabo nos próximos anos.
O lançamento total da infraestrutura está previsto para daqui a vários anos, mas o impacto desse investimento já é visível, não só para o futuro da Meta, mas também para a evolução do mercado de telecomunicações em uma era cada vez mais dominada por tecnologias emergentes como a inteligência artificial.