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Apple Vision Pro e o desafio de unir óculos à tecnologia; veja promessas similares que fracassaram

Google Glass e Spectacles, do Snapchat, são dois exemplos que podem acabar sendo um presságio para o projeto de Tim Cook

Spectacles, do Snapchat: mesmo com baixo custo, óculos inteligente do app não teve sucesso

Spectacles, do Snapchat: mesmo com baixo custo, óculos inteligente do app não teve sucesso

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 2 de fevereiro de 2024 às 11h36.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2024 às 12h11.

Lançado oficialmente nesta sexta-feira, 2, o Apple Vision Pro marca a entrada oficial da Apple no mercado de óculos inteligentes e, para Tim Cook, uma chance de solidificar seu legado assim como fez Steve Jobs com o iPhone, em 2007.

Um dos produtos mais aguardados da gigante de tecnologia, durante a pré-venda, em janeiro, vendeu ao menos 200 mil unidades, e a expectativa fica ainda maior com a chegada às prateleiras.

Mas além de um projeto ambicioso, o óculos de realidade aumentada (AR), tecnologia que mistura o mundo real com projeções 3D, também impõe à Apple o desafio de entrar em um setor que já acumula fracassos.

Outras gigantes de tecnologia, como o Google, Meta e até o Snapchat, já se arriscaram nesse mercado ainda sem líder — e não obtiveram sucesso. Ao redor de todas essas tentativas, três fatores parecem explicar a complicada 'decolagem' dos smart glasses: privacidade, custo e vestibilidade.

O Vision Pro está disponível no mercado americano por US$ 3.499, e seu design lembra o de óculos de esqui com uma pegada futurista. O dispositivo chega equipado com tecnologias de ponta e um novo sistema operacional denominado VisionOS.

Contudo, no quesito de privacidade, o produto ainda precisa se provar. A companhia de Mark Zuckerberg, por exemplo, recentemente lançou o óculos inteligente Ray-Ban Meta com uma luz LED na moldura. Na teoria, a ideia é que a luz acende quando uma foto ou gravação é feita e dificulta as chances de algo ser feito sem o consentimento de alguém. Mas ela acaba sendo um paradoxo: a luz age como um alerta, mas também se mantém discreta para priorizar o design elegante.

Óculos inteligentes Meta Ray-Ban: produto ainda não está disponível no Brasil (Ray-Ban/Divulgação)

Em 2017, a empresa por trás do app Snapchat tentava emplacar os Spectacles. Com custo baixo, por volta dos US$ 130, de design pomposo, mas ainda semelhante ao do Ray-Ban Meta, tinha tudo pra vingar. O Snap aproveitava de sua alta popularidade entre os mais jovens e o crescimento da producão de conteúdo no formato de vídeos curtos, que se tornava, aos poucos ,o padrão das redes sociais.

Mas as limitações do produto custaram a sua longevidade. Os óculos tiravam fotos e vídeos somente para o Snapchat, limitando as possibilidades da tecnologia. E se no mercado americano, mais diverso que outros, já foi difícil, poucos são os brasileiros que ainda usam o app para enviar conteúdo direto aos amigos, que dirá ver alguém gravado com o Spectacles por aí.

Apple Vision Pro chega ao mundo real e vídeos viralizam na web

Evan Spiegel, CEO do Snapchat, poderia ter evitado o fim dos Spectacles escutando conselhos de Larry Page. O co-fundador do Google foi uma das vozes mais entusiastas por trás do Google Glass que foi descontinuado oficialmente em setembro de 2023, dez anos depois de seu lançamento.

Desde o começo, ele recebeu resistência do público: preocupações em torno da privacidade (Page chegou a falar que não via problemas nos óculos serem usados em banheiros públicos, por exemplo), além do custo de US$ 1.500 e o design questionável, afastaram o consumidor dos óculos inteligentes.

Assim como o Vision Pro, o Google Glass também foi vendido como um produto premium num preço salgado. Não se sabe quanto o Google perdeu com o projeto mal-sucedido que, na época de seu lançamento, era visto como um "moonshot": algo ambicioso e nunca antes visto no mercado.

Depois de tantas baixas na seara dos óculos, o Apple Vision Pro pelo menos chega como um produto que o público já conhece, mas poucos experimentaram. A empresa também fez questão de divulgar bem os benefícios da tecnologia antes do lançamento, algo que não foi feito pelo time do Google. Hoje, influenciadores já são vistos usando o Vision Pro em vídeos no TikTok e, durante o último evento da companhia, foi divulgado um vídeo guia que explica como os óculos funcionam.

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