Tecnologia

Apple e Baidu tentam parceria para IA em iPhones na China

Empresas enfrentam desafios técnicos e regulatórios enquanto buscam adaptar modelo Ernie 4.0 para usuários chineses

Loja da Apple: em Shanghai, na China (CFOTO/Future Publishing via /Getty Images)

Loja da Apple: em Shanghai, na China (CFOTO/Future Publishing via /Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 13h46.

Apple e Baidu, gigante de buscas na China, estão colaborando para integrar recursos de inteligência artificial (IA) aos iPhones vendidos no mercado chinês a partir do próximo ano, segundo fontes próximas ao projeto. A iniciativa enfrenta desafios técnicos e disputas sobre privacidade, que podem comprometer as ambições da Apple de reverter o declínio de vendas no país.

A parceria se concentra em adaptar os modelos de linguagem de grande escala (LLMs, na sigla em inglês) da Baidu para os dispositivos da Apple. No entanto, os sistemas enfrentam dificuldades em compreender comandos e fornecer respostas precisas para cenários comuns, revelaram as fontes.

Outro ponto de conflito envolve o uso de dados dos usuários de iPhone. A Baidu quer utilizar as informações coletadas nas interações de IA para aprimorar seus modelos, mas as políticas de privacidade da Apple proíbem essa coleta, disseram as pessoas com conhecimento direto do tema.

Impacto das regulamentações chinesas

No contexto chinês, empresas estrangeiras como a Apple precisam colaborar com parceiras locais para cumprir as rigorosas exigências de segurança e conteúdo impostas por reguladores. Embora não proibam modelos de IA estrangeiros, as autoridades chinesas têm priorizado a aprovação de modelos desenvolvidos internamente.

Isso difere de mercados como os Estados Unidos, onde a Apple começou a implementar recursos de IA generativa em outubro. As funcionalidades incluem melhorias na busca de fotos, notificações e reformulação de textos, com integração ao ChatGPT da OpenAI planejada para breve.

Na China, a Apple enfrenta forte concorrência da Huawei, cuja nova linha de smartphones Mate 70 já conta com IA generativa própria, incluindo ferramentas de geração de imagens e revisão de texto.

A colaboração entre Apple e Baidu

A Baidu está utilizando seu modelo mais avançado, o Ernie 4.0, como base para os serviços de IA da Apple em dispositivos como iPhones, Macs e iPads. Além disso, ambas as empresas estão desenvolvendo modelos menores, otimizados para rodar diretamente nos dispositivos.

Um objetivo central da parceria é melhorar a experiência do usuário, integrando dados pessoais para oferecer respostas mais personalizadas. Por exemplo, ao buscar uma recomendação de restaurante, o modelo ideal da Apple combinaria dados de uso do iPhone, como aplicativos baixados e histórico de mensagens. Esse nível de personalização exige grandes avanços no modelo da Baidu, destacaram as fontes.

Outro obstáculo é a reputação da Baidu em design de produtos e experiência do usuário, áreas cruciais para os consumidores da Apple. Enquanto a Baidu fornece a infraestrutura técnica, a Apple traz sua expertise em design.

Apesar disso, especialistas apontam que novos recursos de IA não garantem um aumento nas vendas de smartphones. A experiência da Samsung na China reforça essa percepção: em janeiro, a empresa integrou os modelos da Baidu ao Galaxy S24, mas sua participação de mercado no país caiu de 0,8% para 0,7% em fevereiro, segundo a Counterpoint Research.

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