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A ruptura na Apple: streaming perde US$ 1 bilhão por ano e descola superproduções da realidade

Plataforma tem menos de 1% de participação no mercado, apesar de receber US$ 4,5 bilhões por ano em investimentos

Ramana Rech
Ramana Rech

Redatora

Publicado em 21 de março de 2025 às 11h26.

Última atualização em 21 de março de 2025 às 12h30.

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O serviço de streaming da Apple, o Apple TV+, continua operando no vermelho e acumula perdas superiores a US$ 1 bilhão por ano, segundo apuração do site The Information. O valor faz parte de uma operação que, desde 2019, tenta consolidar a empresa como produtora de conteúdo original, com foco em obras de prestígio e nomes conhecidos de Hollywood.

O investimento anual em conteúdo, que já foi de US$ 5 bilhões, foi reduzido para cerca de US$ 4,5 bilhões. A base de assinantes gira em torno de 45 milhões de usuários, embora não se saiba quantos deles pagam a assinatura cheia — nos Estados Unidos, o plano mensal custa US$ 9,99. Boa parte dos acessos vem de promoções, parcerias com operadoras e pacotes como o Apple One.

Mesmo com o prejuízo bilionário, o Apple TV+ representa pouco no balanço geral da companhia, que fechou o ano fiscal de 2024 com receita de US$ 391 bilhões e lucro líquido de US$ 93,7 bilhões, impulsionados principalmente pela venda de iPhones.

O Apple TV+ está inserido no segmento de Serviços da Apple, que também inclui o Apple Music, App Store e outros produtos. Juntos, eles geraram US$ 26,3 bilhões no quarto trimestre de 2024, alta de 14% em relação ao ano anterior. No entanto, de acordo com o The Information, o Apple TV+ é o único serviço de assinatura da Apple que opera com prejuízo direto.

Além do desempenho financeiro, o Apple TV+ enfrenta um desafio de audiência. Dados da consultoria Nielsen citados pelo mesmo relatório apontam que a plataforma detém menos de 1% do mercado de streaming de TV, enquanto a líder Netflix tem 8,2%. A Apple também opta por não licenciar conteúdo antigo, o que limita seu catálogo frente a rivais que combinam produções originais com títulos consagrados.

A estratégia da companhia desde o lançamento do serviço em 2019 tem sido investir em menos produções, mas de alto orçamento e estreladas por nomes reconhecidos. Entre as séries em destaque estão Ted Lasso, Severance e Shrinking. Já entre os filmes, a plataforma abriga títulos como CODA, vencedor do Oscar, e Killers of the Flower Moon, de Martin Scorsese.

Outros serviços também enfrentam dificuldades

O relatório também revela que outros produtos da Apple, como o Apple Music, News Plus, Fitness Plus e Apple Arcade, enfrentam crescimento desacelerado ou baixa adesão. O Apple Music, por exemplo, alcançou 100 milhões de assinaturas no último ano, mas seu ritmo de expansão diminuiu.

Segundo fontes ouvidas pelo The Information, caso esses serviços não estivessem integrados no pacote Apple One — que agrupa várias assinaturas com o iCloud Plus —, provavelmente não seriam lucrativos. A decisão de oferecê-los de forma agrupada evidencia o esforço da companhia para manter seus produtos digitais relevantes dentro do ecossistema da marca.

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