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"Conseguimos equilibrar sustentabilidade e preço", diz CEO da Riachuelo

André Farber destaca a importância da coleção em moda circular da marca e do Programa Pró-Sertão, entre outras iniciativas de impacto

André Farber: importância das lojas físicas para o mercado da moda (Leandro Fonseca/Exame)

André Farber: importância das lojas físicas para o mercado da moda (Leandro Fonseca/Exame)

Daniel Salles
Daniel Salles

Repórter

Publicado em 6 de novembro de 2024 às 06h00.

Última atualização em 6 de novembro de 2024 às 12h18.

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Quão sustentável é a Riachuelo?

A sustentabilidade e a redução do nosso impacto ambiental estão cada vez mais no centro do nosso negócio. Poucas marcas de moda têm fábrica própria, e, portanto, não encaram os desafios diretos quando se fala de sustentabilidade. A Riachuelo tem a maior operação têxtil integrada da América Latina. E ainda que isso nos traga maior vantagem competitiva, traz também uma responsabilidade ainda maior com os nossos processos e com os controles da nossa cadeia e dos processos envolvidos, para aumentar nossa ecoeficiência. E é uma responsabilidade que requer investimentos: para tornar nosso jeans mais sustentável, por exemplo, trouxemos maquinários de alta tecnologia e processos que utilizam até 70% menos água e até 60% menos químicos. Mas ter o controle fabril e estar numa empresa com a robustez da Riachuelo permite também que possamos reagir rápido às oscilações de vendas e reprogramar a produção para evitar desperdícios e otimizar a gestão de estoques.

Por que a marca decidiu criar uma coleção em moda circular?

Nossa verticalização nos permite um olhar mais atento aos processos da nossa fábrica. E a nossa coleção circular é fruto disso. Investimos em pesquisa e desenvolvimento para novas soluções têxteis que nos permitem incorporar as aparas de corte da nossa operação em novos fios. Temos coletores de roupas em todas as lojas Riachuelo, oferecendo para nossas clientes o descarte correto das peças que não usam mais; quando em bom estado, essas peças seguem para a Liga Solidária para serem revendidas, gerando renda para os projetos de impacto da instituição. Caso não seja possível revender, as peças seguem para reciclagem ou coprocessamento. A aposta na moda circular é uma extensão natural da nossa responsabilidade com a nossa indústria. Queremos cada vez mais oferecer soluções que valorizem a matéria-prima têxtil, seja ela uma sobra industrial ou uma peça que não está mais em uso. Assim, evitamos o desperdício e contribuímos para ciclos têxteis mais sustentáveis.

Qual é a importância do Programa Pró-Sertão, que envolve oficinas que atendem a Riachuelo?

A indústria têxtil depende de muita mão de obra, e em geral seu fornecimento costuma ser bastante fragmentado. O Programa Pró-Sertão vem justamente para integrar essa cadeia. Por meio do apoio a 104 oficinas espalhadas por 29 cidades, empregamos diretamente 2.210 costureiras e mais 600 profissionais de forma indireta. Diariamente, essas oficinas produzem 38.000 peças de jeans e 28.000 peças de outros tipos de tecidos. O impacto econômico e social é gigantesco, com a Riachuelo se tornando a principal fonte de renda em algumas dessas localidades. É um programa que realmente transforma vidas, fortalece economias locais, e reforça nossa responsabilidade com nosso país e nosso Nordeste.

O primeiro CEO que não é da família fundadora

Os consumidores dão preferência para marcas que se preocupam em minimizar os impactos ao meio ambiente?

Sim, essa preocupação está cada vez mais presente, mas, quando falamos da totalidade dos consumidores brasileiros, o preço ainda é o maior fator decisivo para a maioria deles. O grande diferencial da Riachuelo é que, pelo nosso polo fabril, estamos integrados a toda a cadeia de produção e conseguimos equilibrar esses dois elementos: sustentabilidade e competitividade de preços. Sabemos que nem todos os concorrentes conseguem adotar práticas sustentáveis com o mesmo nível de comprometimento, e isso nos destaca no mercado.

Em que pé a Riachuelo se encontra?

Sou o primeiro CEO que não faz parte da família fundadora, e em novembro completarei um ano e meio nesse cargo. Estamos ainda no começo de um processo de transformação, que inclui desde ajustes de preços até mudanças no portfólio. É um processo que precisa ser gradual, especialmente considerando uma indústria tão dinâmica e complexa. Enxergo muitos caminhos para evoluirmos, seja na experiência do cliente em loja, seja nas operações da fábrica, mas o cenário é muito otimista. Temos visto uma resposta muito positiva dos consumidores às nossas soluções e produtos, o que deve se refletir em um crescimento de 25% em volume neste ano. Isso mostra quão bem posicionados estamos para continuar essa trajetória de evolução.

Qual é o futuro das lojas físicas das marcas de moda?

A ideia de que as lojas físicas estariam com os dias contados é um erro. Isso porque as lojas são muito mais que um ponto de compra. São uma experiência 360 graus, algo que se faz com amigos, com familiares. É algo que, por exemplo, Howard Schultz percebeu ao fundar o Starbucks. Ele viu que, na Itália, as pessoas iam às cafeterias não apenas para tomar café, mas mais ainda para socializar. Com as lojas de roupas ocorre algo semelhante. Ainda que tenhamos clientes que vêm sozinhos à procura de uma peça específica, observamos que a maioria são mulheres, nossas principais clientes, e acompanhadas. Nossas lojas, no fim, oferecem essa experiência social e de descoberta.  

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