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"A nuvem ainda está em formação", diz vice da Amazon

Para o vice-presidente da Amazon, maior varejista online do mundo, a computação em nuvem deve ganhar força nos mais variados setores da economia

Vogels, da Amazon: “O custo da computação em nuvem era 20 vezes maior em 2006” (Andreas Rentz/Getty Images)

Vogels, da Amazon: “O custo da computação em nuvem era 20 vezes maior em 2006” (Andreas Rentz/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2013 às 17h26.

São Paulo - Em 2002, a americana Amazon enfrentava um problema típico de empresas de comércio eletrônico. O aumento das compras no Natal exigia investimentos pesados em seu data center. Mas, no resto do ano, com a queda na demanda, o parque de servidores ficava ocioso. A solução foi alugar a capacidade que sobrava para outras empresas.

Nascia a Amazon Web Services, subsidiária que fechou 2012 com um faturamento estimado em 2 bilhões de dólares. No comando da AWS está o holandês Werner Vogels, que deu a seguinte entrevista a EXAME.

1) EXAME - Os serviços de computação em nuvem eram vistos com restrições por causa de falhas de segurança. Houve uma mudança nessa percepção?

Werner Vogels - Quando entrei na Amazon, em 2006, era impossível pensar que a computação em nuvem estaria no patamar de hoje. O custo da tecnologia era 20 vezes maior. Em pouco tempo, os preços dos servidores caíram e pôde-se investir em sistemas de redundância. As redes de dados também se tornaram mais robustas. Os sistemas estão mais seguros.

2) EXAME - Quem são os grandes usuários desse mercado? 

Werner Vogels - Os principais usuários ainda são as empresas de comércio eletrônico. A própria AWS surgiu de uma demanda da loja da Amazon. Demorávamos uma semana por ano para plane­jar a infraestrutura para aguentar os picos de acesso em pe­ríodos de aumento das vendas. Gastávamos muito para manter o data center e acabávamos com uma taxa de ociosida­de de 35%. Hoje, a Amazon paga à AWS apenas o que usa.

3) EXAME - Além do comércio eletrônico, quais são os outros setores que já exploram a computação em nuvem?

Werner Vogels - Há um crescimento no mercado financeiro e de seguradoras.  Pequenas empresas têm usado esses serviços para não ter de se preocupar com TI. Por fim, há um interesse crescente de ONGs e do setor público, cada vez mais cientes da necessidade de reduzir seus investimentos. 

4) EXAME - Há outros benefícios além da redução de custos?

Werner Vogels - A área de inovação das empresas ganha com a nuvem. Antes, fechava-se um contrato de longo prazo com fornecedores de TI para garantir um preço melhor. Por isso, as empresas pensavam duas vezes antes de inventar um produto que demandasse uma estrutura fora da contratada. Na nuvem, essa questão não existe. 

5) EXAME - Quem já inovou com a computação em nuvem?

Werner Vogels - Uma das companhias que se transformaram é o Netflix, que deixou de ser um serviço de entrega de DVDs para se tornar um site de filmes online sustentado por serviços de computação em nuvem. Isso é inovação de produtos.

6) EXAME - Esse processo de inovação ocorreu na Amazon?

Werner Vogels - Tivemos um aumento no número de projetos. Agora temos uma prática que foi batizada de “sim institucional”. Se você quiser dizer não a um projeto novo, terá de colocá-lo em prática e provar que ele não funciona. Isso é parte da cultura criada por Jeff Bezos, sempre focada na experiência do usuário. Muitas vezes isso vem antes da lógica corporativa.

7) EXAME - O senhor poderia dar um exemplo concreto?

Werner Vogels - Quando lançamos a seção de resenhas de livros na Amazon, as editoras não gostaram, porque as pessoas veriam comentários negativos dos livros. Mas, para nós, é melhor que o consumidor compre o que ele vai gostar.

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