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Conheça os profissionais que dão uma nova cara ao mercado de decoração no país

Saiba mais sobre turma que está redesenhando o mercado de móveis autorais do Brasil

Anny Meisler da LZ Studio (Divulgação/Divulgação)

Anny Meisler da LZ Studio (Divulgação/Divulgação)

DS

Daniel Salles

Publicado em 11 de fevereiro de 2021 às 05h16.

ANNY MEISLER

O empurrão inicial para a LZ Studio quem deu foi a Cyrela. Antes de fundar sua empresa, em 2009, a carioca Anny Meisler convenceu a incorporadora de que era a pessoa ideal para comprar todos os móveis necessários para os lobbies e as demais áreas comuns de um complexo com dez torres recém-concluído na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

“Gastei só metade do valor estipulado e descobri uma dor para a qual ninguém tinha solução”, lembra ela, então funcionária da empresa do pai, que fabrica piscinas. “Era de praxe que as incorporadoras comprassem cada móvel de um fornecedor diferente.” Criada para dar fim ao problema, a LZ Studio decora, em média, 30 empreen­dimentos por mês. Os móveis utilizados levam a assinatura de designers festejados, como Giácomo Tomazzi e Zanini de Zanine — Anny atende o consumidor final num showroom no bairro de Ipanema.

Formada em administração de empresas, enxergou nova oportunidade durante a última gravidez, a terceira do casamento com o empresário Rony Meisler, fundador da Reserva. “Senti na pele como é difícil encontrar o que é preciso para decorar um quarto infantil e criei uma loja que resolve o transtorno”, resume ela. Fundada há cinco anos, a LZ Mini tem três lojas no Rio de Janeiro e ambiciona chegar a 30 franquias. 


GUILHERME WENTZ

Guilherme Wentz da Wentz Design (Lorena Dini/Divulgação)

Caso tenha deparado numa revista de decoração ou em programas de TV voltados para o tema com luminárias cujo cabo de energia contorna a esfera de vidro da lâmpada, pode apostar que os objetos levam a assinatura de Guilherme Wentz. Gaúcho de Caxias do Sul, onde se formou em design de produto, ele desenvolveu a primeira peça do tipo há seis anos. Virou seu cartão de visita. Radicado em São Paulo desde 2014, criou a própria marca dois anos depois — antes, trabalhou na requintada marca de objetos Riva e na Decameron, esta especializada em mobiliário.

Em agosto de 2019, o designer deu mais um passo bem-sucedido ao abrir a primeira loja, nos Jardins — o fato de seu estúdio ter sido apontado, pouco antes, como um dos seis em ascensão nas Américas pela revista de estilo do New York Times foi um incentivo e tanto. Além das famosas luminárias minimalistas, que custam a partir de 1.550 reais, o espaço comercializa sofás, mesas, poltronas e acessórios que se assemelham a pequenas esculturas. “Apesar da quarentena, as vendas foram ótimas no ano passado”, diz Wentz. “Deve-se, sem dúvida, à vontade que quase todo mundo sentiu, no isolamento, de melhorar a própria casa”. 


BIANCA BARBATO

(Divulgação/Divulgação)

Na zona cinzenta que conecta o design às artes plásticas, a paulistana Bianca Barbato parece se situar mais perto destas últimas. “Prefiro não me rotular”, diz ela, que montou seu estúdio em 2007. “Me concedo a liberdade criativa de produzir peças que não são utilitárias.” Um exemplo? A série de esculturas em latão fundido batizadas de Lixo, que imitam tubos de tinta. Seus espelhos, pelos quais muita gente a conhece, são tão chamativos quanto. Um deles tem moldura de cobre, mescla três tipos de espelhos e tem duas abas móveis — a terceira deve ser afixada na parede.

Os aviõezinhos de parede, mais uma criação célebre da designer, remetem àqueles de papel sulfite, com os quais toda criança já brincou. Confeccionados com materiais como cobre ou latão, conferem uma dose de humor a qualquer ambiente (preços sob consulta). Bianca credita a maior procura por suas criações durante a pandemia a exatamente isso. “Senti que as pessoas, de maneira geral, estão querendo trazer mais alegria para dentro de suas casas”, afirma ela, que lançou uma linha de mesas, poltronas e sofás — cheios de personalidade, como é de imaginar — em parceria com a marca Breton. 


JADER ALMEIDA

Jader Almeida da Sollos (Renata Larroyd/Divulgação)

Diretor criativo da marca Sollos, criada em 1999, o designer Jader Almeida é apontado como uma das grandes revelações do mobiliário brasileiro da última década. Nascido em Santa Catarina, numa cidadezinha no meio do estado, ele já expôs na Semana de Design de Milão e faturou o badalado prêmio IF Product Design Awards.

Suas criações mais inventivas, como o biombo Axis, que remete à arte cinética, foi um dos destaques do setor dedicado ao design da ­SP-Arte de 2016, a primeira edição da feira a abrir espaço para móveis e afins (ele voltou a participar do evento em outros anos). Para a Sollos, que comanda desde 2004, projetou boa parte dos quase 400 produtos no portfólio, entre cadeiras, luminárias e aparadores — os preços partem de 2.460 reais. Hoje a marca pode ser encontrada em cerca de 60 lojas multimarcas espalhadas pelo país.

Perguntado sobre o desempenho da Sollos no ano passado, Jader disse o seguinte: “Tivemos meses fantásticos e o crescimento em relação a 2019 foi de 27%”. Concluiu a fala com uma ponderação: “É um salto que se deve à atual conjuntura, na qual as compras de móveis parecem ter virado uma prioridade. Mas há muito trabalho pela frente para que continuem a ser.” 


FELIPE PROTTI

Felipe Protti da Prototyp&. (Divulgação/Divulgação)

Arquiteto formado no Centro Universitário Belas Artes, Felipe Protti decidiu apostar na venda de móveis quando se viu sem clientes na esteira da crise de 2009 — até então ele ganhava a vida projetando lojas de grifes como a Cavalera. Eis o pontapé inicial da Prototyp&, que deve sua fama, principalmente, ao sofá Stripes.

O móvel tem estrutura aparente de aço, assento de couro natural, encosto de tricô feito a mão, apoio lateral de madeira maciça e cintas de couro e algodão para manter tudo junto (custa a partir de 15.000 reais). A peça resume o clima do showroom da marca, situado em um imóvel de 300 metros quadrados na Vila Madalena, em São Paulo. A trilha sonora do endereço fica a cargo de duas vitrolas dispostas na entrada, em geral emanando hits de Neil Young e companhia, e latidos do Elvis, o border collie de Protti.

Escolado com a crise de 2009, ele previu o pior quando veio a quarentena e logo demitiu parte da equipe e passou a vender todo o estoque quase a preço de custo. “Imaginei que os clientes fossem sumir e a marca acabar”, confessa. Foi só um susto passageiro. “Parece que o dinheiro que se gastava antes com viagens e jantares agora é usado com decoração”, emenda. “Nosso faturamento hoje é quase três vezes maior que o de antes da pandemia.”  

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