Babilônia: veja o que esperar do filme (Paramount Pictures/Divulgação)
Depois do sucesso de 'La La Land' — o devorador de Oscars de 2017 —, com seis estatuetas e 13 indicações, o diretor Damien Chazelle chega a 2023 com uma nova aposta para a Academia. Desta vez, investido em retratar os bastidores de Hollywood em uma obra mais visceral e verdadeira.
'Babilônia', com Brad Pitt, Margot Robbie e Tobey Maguire, tem pretensões tão grandes quanto suas mais de três horas de duração. O filme estreia nesta quinta-feira, 19, nos cinemas.
Com enredo pautado na antiga Hollywood do final da década de 1920, o filme pode ser descrito como um caos ininterrupto, dinâmico e repleto de humor ácido: os sets de filmagem não têm descanso e o céu é o limite para fazer valer a mágica do cinema passar das telas para o público.
Em uma Hollywood glamourosa mas repleta de problemas — drogas, orgias, mortes, jogos de ego e tantos outros desafios —, é no choque e nos exageros que Babilônia ganha o público.
De "golden shower", vômito e sexo explícito ao suicídio, o filme é uma grande metalinguagem do cinema: aborda não só seus bastidores, como seu impacto nos espectadores. E causa sensações viscerais ao longo de sua trajetória.
A EXAME POP assistiu ao filme e te traz uma visão de público comum para saber se vale a pena ou não investir na bilheteria. Confira:
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A sinopse do filme é bastante curta: "Decadência, depravação e excessos escandalosos levam à ascensão e queda de vários sonhadores ambiciosos na Hollywood dos anos 1920".
O filme aborda a transição do cinema mudo da década de 1920 até a chegada do cinema com som. Ao mesmo tempo, o longa revela os bastidores de Los Angeles em uma década próxima ao fim da Primeira Guerra Mundial. Durante ela, os "bons costumes" da época são questionados e os problemas hollywoodianos", escancarados.
O filme é dirigido por Damien Chazelle e tem Brad Pitt, Margot Robbie, Tobey Maguire, Diego Calva, Phoebe Tolkin, Olivia Wilde, Anna May Wong e mais no elenco.
São vários os filmes que se comprometem a trazer uma visão romantizada dos bastidores de Hollywood, sob o aspecto da sétima arte ser quase como a proposta enviada pelos deuses. E não que Babilônia também não a romantize, mas o filme mostra o outro lado da moeda — mais sombrio, problemático, caótico e chocante.
A trama é a perfeita montagem de caos ininterrupto. Desde a primeira cena, o ritmo é sempre corrido, acompanhado por uma escolha musical que sem dúvidas receberá a indicação de categoria no Oscar. Por vezes — e com certeza de forma proposital —, há tantos arcos na mesma cena que é difícil acompanhar todos, o que leva a uma estafa mental muito semelhante ao cansaço físico e psicológico dos atores da época.
Babilônia traz, em suas cenas exageradas, as sensações mais clássicas do cinema à flor da pele. Tensão, nojo, desespero, calmaria, admiração e emoção se misturam e se entrelaçam em perfeita harmonia. Em menos de 15 minutos, é possível sair do enjoo para a emoção de ver sonhos se realizando.
É evidente que a atuação de Brad Pitt, Margot Robbie, Tobey Maguire e Diego Calva traz uma dimensão a mais à trama. Com atuação primorosa, cada um dos personagens leva sua história ao interesse do público em cenas que variam entre a emoção, a pena e o asco.
Mas há também um personagem escondido em Babilônia, sem um ator para interpretá-lo: o contexto histórico. Em todos os momentos da trama, é ele quem dá o ritmo e a direção do roteiro: as depravações da época, o consumo de drogas, a evolução do cinema, ascensão e decadência dos atores, uma consequência do período pós-guerra em um momento no qual os limites ainda estavam pouco estabelecidos.
Enquanto uma parte do longa é focada no arco de Nellie LaRoy (Margot Robbie) e Manuel Torres (Diego Calva), outra é totalmente guiada pela evolução do cinema, pelo passar dos anos, condensado em cenas tragicômicas. Apesar do caos, o ritmo na verdade é o passar dos anos e suas consequências para Hollywood.
Em todo o caos que as três horas de filme trazem, o que mais chama a atenção é a atuação dos astros e a beleza — apesar do caos — da sétima arte em todos os seus aspectos. Seja no cinema mudo, com ou sem som e cores, o sentimento passado na tela também tem início no set de filmagem.
Em outras palavras, a "magia do cinema" é o carro-chefe do longa-metragem. Ela transpassa os próprios problemas da indústria que, ainda que existentes, explicam o porquê o cinema é imortal.
Babilônia emociona pelos sentimentos em conflito tanto dos personagens quanto de seus próprios altos e baixos, tão absurdos e chocantes que a resposta do público é ou o riso ou desespero. O filme faz o espectador sentar na ponta da cadeira em certos momentos e as sensações são, sem dúvidas, o ponto mais alto da trama.
Por ser chocante em vários momentos, com cenas de "gore" e destinadas ao público adulto, Babilônia é um filme difícil de engolir e pode não agradar a todos os públicos. Mesmo assim, pelo tom, duração e elenco, o longa deve garantir algumas indicações ao Oscar.
O filme sem dúvidas traz um conceito interessante sobre o cinema e deixa reflexões sobre a convivência com a sétima arte durante toda a sua duração. Mas não é para todo mundo: quem se assusta fácil com violência e não é tão fã de filmes longos ou humor ácido pode achá-lo mais desconfortável e pedante do que divertido.
A EXAME POP recomenda a bilheteria para um público de estômago forte e disposto a entrar de cabeça no caótico mundo do final da década de 1920.
O filme estreia nesta quinta-feira, 19, em todos os cinemas brasileiros.
O filme é dirigido por Damien Chazelle e tem elenco com Brad Pitt, Margot Robbie, Tobey Maguire, Diego Calva, Phoebe Tolkin, Olivia Wilde, Anna May Wong, entre outros.
Babilônia é uma produção da Paramount Pictures.
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