Francisco Pereira, fundador e presidente da Trademaster: além do capital de investimento, o BV vai oferecer 500 milhões de reais para apoiar a operação de crédito da fintech em 2021 (Thiago Carvalho Gomes/Trademaster/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 24 de fevereiro de 2021 às 08h00.
A fintech brasileira Trademaster, especializada em soluções financeiras para pequenos varejistas, acaba de receber um aporte de 100 milhões de reais do banco BV, que também investe no banco digital Neon e na plataforma de antecipação de recebíveis Weel. Além do investimento direto na operação da fintech, o banco ainda se comprometeu a disponibilizar 500 milhões de reais para apoiar o crescimento das operações de crédito da companhia ao longo de 2021. Até então, a empresa tinha recebido 12 milhões de reais em investimentos.
Fundada em 2015 por Francisco Pereira, ex-diretor de marketing e desenvolvimento de negócios da Bunge; Fabio Araujo, ex-gerente de treasury da Bunge e ex-VP do Citibank; e Emerson Moreira, sócio-fundador do grupo Vertem, a fintech usa as conexões da indústria para chegar até o pequeno varejo.
Com 60 clientes conveniados, 40 distribuidores e 20 indústrias, a empresa oferece crédito e mais prazo de pagamento para o pequeno e médio empreendedor que compra produtos de seus clientes. No total, mais de 450.000 empresas foram atendidas no Brasil. “Nós intermediamos toda transação comercial a prazo entre os elos da cadeia de distribuição, e resolvemos o problema do acesso a prazo, que muitos varejistas têm hoje”, diz Francisco Pereira, que preside a fintech.
Desde sua fundação até hoje, a Trademaster já transacionou mais de 6 bilhões de reais. Durante a pandemia, por sua atuação junto a indústrias e distribuidores que atendem a empresas de caráter essencial, como mercadinhos e farmácias, a fintech cresceu mais de 400%.
Diante desse crescimento expressivo, a Trademaster decidiu buscar um novo investimento para aproveitar o bom momento e poder aumentar a sua oferta de produtos para as pequenas varejistas. “Queremos que os pequenos tenham um dia a dia mais fluido, sem ter que se preocupar com o banco”, diz Pereira.
Alguns projetos, que a fintech não ainda não revela, já estão sendo desenvolvidos pela equipe de tecnologia aproveitando as novidades que o Pix e o Open Banking trouxeram ao mercado. Apesar de não ser o grande foco de 2021, o presidente não descarta a opção de fazer fusões e aquisições para acelerar o desenvolvimento de produtos. Hoje, a Trademaster tem 67 funcionários e está contratando.
Com outras empresas disputando a atenção dos pequenos varejistas, como a Weel e as fintechs Cora e Linker, Pereira afirma que se desenrola uma briga por relevância no mercado corporativo. “Da mesma forma que uma pessoa física não vai ter 15 cartões de crédito, o varejista não vai se relacionar com dezenas de fintechs”, diz.
Para se diferenciar, então, a fintech busca fortalecer as suas parcerias com indústrias estratégicas, responsáveis por uma grande variedade de produtos que os pequenos comerciantes vendem. “Não basta ter só inovação, bons produtos ou relevância. É preciso ter tudo isso”, diz o fundador.