Carlos Motta, vice-presidente de negócios e varejo do BB: banco tem interesse em continuar operando com a linha, se Ministério da Economia oferecer extensão de limite (Banco do Brasil/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 8 de julho de 2020 às 19h30.
Última atualização em 8 de julho de 2020 às 20h15.
Em menos de três dias, o Banco do Brasil emprestou toda a verba que tinha para o Programa de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Na tarde desta quarta-feira, a instituição financeira atingiu o teto de 3,7 bilhões de reais emprestados. Ao todo, foram mais de 60.000 empresas, 43.000 microempresas e 17.000 de pequeno porte, que receberam o crédito.
Na prática, isso significa que a partir de amanhã nenhuma outra empresa poderá acessar a linha de crédito criada pelo governo federal na instituição financeira, caso o Ministério da Economia não ofereça uma extensão do limite ao banco. Além do BB, a Caixa também está operacionalizando a linha e deve atingir seu limite na próxima quinta-feira, 9.
Carlos Motta, vice-presidente de negócios e varejo do Banco do Brasil, disse, em entrevista à EXAME, que a instituição financeira tem um apetite comercial maior para avançar com a linha de crédito, caso o ministério reveja sua estratégia junto ao Fundo Garantidor de Operações (FGO), operacionalizado também pelo banco. “O Ministério da Economia está ciente e sensível a esse atingimento da cota”, diz Motta.
A divisão inicial do ministério prevê que cada um dos grandes bancos operasse um quinto do programa, mas até agora, só Caixa e Banco do Brasil estão com a linha ativa. Itaú disse que vai operar “em breve”, mas em data ainda a ser definida. Bradesco e Santander, por sua vez, afirmam que devem iniciar a linha, respectivamente, no final de julho e em agosto.
A rapidez na concessão do crédito aconteceu, segundo o vice-presidente, por causa da postura das 5.164 agências, que ligaram para todos os clientes do perfil oferecendo a linha. Além disso, o banco não cobrou a tarifa de abertura de crédito (TAC), não exigiu seguro prestamista e fez um processo de análise menos burocrático.
Do total emprestado, 98% foi para empresas que já eram clientes do Banco do Brasil. Como muitas já possuíam cadastro na instituição e crédito pré-aprovado, a concessão foi mais rápida.
De 16 de março até então, o banco já emprestou 38 bilhões de reais para as micro e pequenas empresas. “Nós do Banco do Brasil acreditamos na micro e pequena empresa”, diz o vice-presidente. Do total da carteira de crédito para pessoa jurídica do banco hoje, 22% são empresas de micro e pequeno porte.
Para continuar atendendo esse público, a instituição estabeleceu que todas as agências do país podem atender os pequenos e micro negócios, não só mais as 1.700 agências especializadas nesse público. “Entendendo, sobretudo, o momento atual, decidimos ampliar a capacidade de atendimento”, diz Motta.