Família fatura R$ 12 mi com papelaria para empresas -- e irá à Alemanha
Os irmãos Carolina e Arthur Hartmann assumiram o negócio dos pais e trocaram itens de escola pelos de escritório
Mariana Fonseca
Publicado em 20 de maio de 2019 às 06h00.
Última atualização em 20 de maio de 2019 às 06h00.
Mesmo em um setor tão tradicional quanto o de papelaria, é preciso se adaptar aos novos tempos e perceber nichos de mercado para crescer. Foi o que aconteceu com a Isoflex: criada em 1987, a empresa familiar paranaense começou vendendo materiais escolares. Aos poucos, começou a atender clientes corporativos -- e a decisão se provou acertada.
Com faturamento de 12 milhões de reais no ano passado, a Isoflex aposta agora na expansão internacional. Os mercados internacionais já representam 10% dos pedidos e deverão chegar a 30%, impulsionados pelo investimento em um centro de distribuição na Alemanha.
Das escolas às empresas
A mudança dos materiais escolares aos materiais corporativos se deu durantes os governos dos presidentes Fernando Collor de Mello e José Sarney, marcados por dificuldades econômicas. “Muitas papelarias acabaram falindo e meu pai adotou a estratégia de vender itens de gestão e organização visual para corporações”, como quadros para repassar tabelas de processos e métricas financeiras armazenadas no Excel para a vida real, afirma Carolina Hartmann. “Quando você expõe informações aos funcionários, todo mundo acompanha o status da empresa e pode dar ideias.”
Ela e o irmão, Arthur Hartmann, começaram a trabalhar na Isoflex em 2008. Arthur assumiu a operação da Isoflex em 2013 e Carolina se juntou ao comando em 2017.A empresa familiar vende produtos como pastas e quadros para papelarias de grande porte, como Kalunga e Staples, e também os produz de forma personalizada para mais de cinco mil corporações. A Isoflex vende 60 mil itens mensalmente, com valores que vão de cinco a três mil reais por produto.
Expansão internacional
A Isoflex exporta desde o ano de 2013, começando pelos vizinhos Argentina e Chile. O primeiro pedido do mercado europeu veio em 2017. A empresa exporta linhas de produtos distintas para cada país, analisando as empresas consolidadas em cada mercado. “As pastas são muito fortes aqui no Brasil e nossos concorrentes não conseguem entrar, porque nós somos a barreira. Já na Europa, entrar com pastas seria mais difícil”, afirma Carolina.
Hoje, as revendas por parceiros internacionais representam 10% do faturamento da empresa, que foi de 12 milhões de reais em 2018. A maioria desses pedidos vem do mercado europeu. Isso motivou a Isoflex a desenvolver sites em alemão e polonês e a investir cerca de 200 mil reais em um centro de distribuição na Alemanha.
“É um centro comercial muito forte, com um dos maiores portos do mundo para facilitar a entrada de mercadorias. Também é um país avançado em organização, com empresas que enxergam seu benefício. Temos muito clientes interessados, mas todos com o mesmo empecilho de importar um produto do Brasil, por burocracia e custo de frete”, afirma Carolina.
O tempo para um produto chegar ao mercado europeu deve ser reduzido de 21 para cinco dias e a participação dos mercados internacionais no faturamento da empresa deve crescer para 30% nos próximos anos. Com o investimento, a Isoflex espera faturar 14 milhões de reais em 2019 e crescer 40% por ano entre 2020 e 2022.
Um negócio tradicional de 1987, que começou com cadernos e lápis para estudantes, talvez nunca teria traçado uma expansão tão ambiciosa.