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Voos cancelados para Reino Unido agravam crise das companhias aéreas

Uma nova variante do coronavírus que se espalha rapidamente no país levou a novas restrições; ações das empresas do setor despencaram

Aeroporto: nova crise no setor (Elman Omic/Anadolu Agency/Getty Images)

Aeroporto: nova crise no setor (Elman Omic/Anadolu Agency/Getty Images)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 21 de dezembro de 2020 às 08h40.

A covid-19 trouxe outra má notícia para companhias aéreas e ferroviárias, hotéis e passageiros, no que marca um final dramático de um ano que já estava perdido para o setor de viagens da Europa.

Uma nova variante do coronavírus que se espalha rapidamente no Reino Unido levou o primeiro-ministro Boris Johnson a restringir as reuniões de Natal no país e no exterior. Ações de companhias aéreas despencaram quando Itália, Países Baixos e Bélgica fecharam suas fronteiras com o Reino Unido, e outros se preparam para fazer o mesmo.

Companhias aéreas, que observavam um lampejo do típico movimento de fim de ano, agora cancelam voos ou enviam aviões vazios para que britânicos presos possam retornar. Hoteleiros e operadores de aluguéis de temporada do Reino Unido perdem clientes em uma das épocas mais movimentadas do ano. Operadores de trem enfrentaram o caos no fim de semana em meio à corrida para deixar Londres, enquanto pessoas que esperavam visitar a família ou escapar para um local ensolarado estão ao telefone em busca de reembolso.

“Fundamentalmente, ninguém esperava que o inverno fosse bom”, disse o analista do Citigroup, Mark Manduca, sobre o colapso de fim de ano da indústria aérea. “Sabíamos que ia ser ruim, está ruim, mas vai ser muito ruim.”

Antes das novas restrições, companhias aéreas previam oferecer pouco menos de um milhão de assentos nesta semana entre o Reino Unido e a Europa Ocidental, disse Anne Correa, vice-presidente para serviços aéreos e de aeroportos da consultoria Morten Beyer & Agnew. Embora seja uma queda de mais de 65% em relação ao ano anterior, o período anterior ao Natal deveria ser um dos poucos pontos positivos para o setor neste ano.

EasyJet e a Ryanair poderiam ser as mais afetadas no número de passageiros, já que vendem 49% dos assentos entre o Reino Unido e a Europa, disse. O London Heathrow, o aeroporto mais movimentado do Reino Unido, começou a registrar cancelamentos no domingo, e o caos atingiu os terminais, incluindo o centro financeiro London City, cuja programação foi significativamente reduzida.

“Essas proibições vão levar à suspensão dos planos de viagem de milhares de passageiros e à perda de receitas de pico para companhias aéreas”, disse John Strickland, da JLS Consulting.

Algumas companhias aéreas como EasyJet foram rápidas ao anunciar que oferecerão reembolsos em dinheiro aos clientes cujas viagens foram canceladas, enquanto a British Airways e a Virgin Atlantic Airways disseram que limitarão a o reembolso a vouchers ou isentarão tarifas de mudança de voos.

A operadora de baixo custo irlandesa Ryanair disse no domingo que fornecerá reembolsos nos casos em que países da UE proibirem viagens entre 20 e 24 de dezembro, mas não para outras nações para as quais a companhia aérea tem permissão para voar.

Manduca, o analista do Citigroup, disse que o caos no final do ano pode ter um efeito indireto, levando algumas pessoas a adiarem reservas que seriam feitas no início de 2021 para viagens de verão.

Embora ele espere uma visão negativa sobre as ações de companhias aéreas no curto prazo, o analista acredita que operadoras de baixo custo, como a Ryanair, podem se beneficiar do poder de determinar preços quando as viagens forem retomadas. Companhias aéreas se tornaram mais ágeis em relação a custos e podem se adaptar mais facilmente a prazos de reserva mais curtos, disse.

“Não acho que isso terá um grande impacto nos fundamentos”, afirmou. “O verão pode ser muito bom.”

Com a colaboração de Priscila Azevedo Rocha.

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