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Uma Infraero enxuta quer uma segunda chance

A operadora tem alienado ativos em leilões desde 2011, quando operava 66 aeroportos, e o governo espera arrecadar mais de R$ 50 bilhões em concessões

Presidente da Infraero diz que continuará a pressionar por uma segunda vida para a companhia (Alexandre Battibugli/Exame)
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Da Redação

Publicado em 29 de março de 2019 às 06h00.

Última atualização em 29 de março de 2019 às 06h00.

A presidente da Infraero acha que a empresa ainda tem um papel a desempenhar, depois de privatizar seus ativos, desenvolvendo as centenas de aeroportos regionais do país até eles se tornarem lucrativos.

Martha Seillier, 35 anos, está no cargo há apenas dois meses, mas já elaborou um plano para enxugar a empresa de 9.500 funcionários como parte dos planos do governo brasileiro de vender o maior número possível de estatais. Entretanto, depois de leiloar os grandes aeroportos do Brasil, Seillier acredita que uma Infraero radicalmente menor poderia ser contratada para operar os pequenos aeroportos regionais espalhados pelo país.

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"Os 500 aeroportos que hoje são pequenos serão os médios de amanhã, pois estamos em um mercado de aviação que ainda não está maduro", disse Seillier em entrevista no escritório da Bloomberg em Brasília. “É ali que o estado tem de atuar.”

Agora ela só tem que convencer seu chefe. O Ministério de Infra-estrutura, responsável pelo ambicioso plano de privatização do governo, tem dito repetidamente que a Infraero será fechada assim que todos os aeroportos forem leiloados. A operadora do aeroportos tem alienado seus ativos por meio de leilões desde 2011, época em que operava 66 aeroportos em todo o país. O governo espera arrecadar mais de R$ 50 bilhões em concessões de operadores privados que ganharam as 22 últimas outorgas de aeroportos.

No último leilão, de 15 de março, a iniciativa privada pagou cerca de dez vezes o valor mínimo das outorgas pelos doze aeroportos licitados. Uma nova rodada em 2020, com 22 aeroportos à venda, reduzirá o número de ativos remanescentes da Infraero para apenas 18 aeroportos. Um leilão subsequente incluirá as duas joias da coroa: os aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

Uma das poucas mulheres à frente de uma empresa estatal em um governo conservador, com pouca diversidade no alto escalão, Seillier tem um curriculum impressionante. Ela ajudou a gestão anterior, do presidente Michel Temer, a desenhar as propostas de reforma trabalhista e da previdência.

No momento, Seillier diz que continuará a pressionar por uma segunda vida para a Infraero, argumentando que a estatal tem um papel importante a desempenhar na oferta de serviços de manutenção e na integração da comunicação entre diferentes operadoras privadas.

“Você pode ter vários operadores de aeroportos no Brasil, vindos de países diferentes, com formas diferentes de operar, mas é importante que alguns sistemas se comuniquem, que haja uma racionalidade. Aí também a Infraero tem um papel importante”, disse ela.

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