Startup que atende iFood e BRF quer seu delivery chegando por drones
A SpeedBird Aero, que projeta e pilota drones para voos comerciais, recebeu novo aporte de R$ 35 milhões para espalhar seus equipamentos pelo país
Maria Clara Dias
Publicado em 25 de maio de 2022 às 12h49.
Última atualização em 26 de maio de 2022 às 15h03.
Fazer um pedido via aplicativo e receber em sua porta, ao invés de um entregador, um drone com sua encomenda "em mãos". Parece uma episódio que foge à curva, mas para a SpeedBird Aero esse é o futuro da logística urbana. E para ter um impulso a mais ao tirar essa ideia do papel, a startup de Franca, no interior de São Paulo, acaba de anunciar uma captação de R$ 35 milhões para pivotar de vez a linha de produção de seus drones proprietários para entregas comerciais em uma rodada série A envolvendo os fundos Domo Invest, Nau Capital, Bela Juju Ventures e alguns investidores anjo.
Fundada em 2018 pelos empreendedores Manoel Coelho e Samuel Salmoão, a startup dos drones já atraiu empresas como iFood e BRF com seus equipamentos de voo não tripulados fabricados e controlados em território nacional. Com iFood, por exemplo, a SpeedBird já realiza algumas entregas na Região Nordeste do país, especialmente na capital Aracaju.
Já com a BRF, o projeto vai mais além: os drones da SpeedBird fazem a ponte, em Santa Catarina, entre laboratórios genéticos e fazendas interessadas em agilizar procedimentos de inseminação artifical nos rebanhos. "É uma questão de eficiência, agilidade e segurança. Evitamos acidentes no meio do caminho e evitamos um deslocamento desnecessário", explica Coelho, CEO da empresa.
O foco da SpeedBird, segundo o fundador, está em criar uma nova malha logística capaz de destravar entregas de produtos no país. O alvo primário da empresa são os alimentos, bebidas, medicamentos e outros itens ligados às áreas de saúde e bens de consumo. "Desde o início, a proposta da SpeedBird é resolver o gargalo logístico, que sabemos que é um problema grave do Brasil", diz. "Para conseguir isso, nossos pilares são segurança e sustentabilidade".
Além das três aeronaves que fabrica — com capacidades de transportar cargas de até 3kg, 8kg e 5kg em distâncias de 3, 7 e 50 quilômetros —, a empresa segue o modelo drone as a service, ou "drone como serviço", no qual passa a atender grandes companhias interessadas não apenas nos equipamentos mas na mão de obra responsável por pilotar as aeronaves.
É uma proposta que chama a atenção de empresas com áreas de inovação dedicadas a pesquisa, por exemplo. No ano passado, Avon e Natura fizeram testes técnicos de entregas de cosméticos com os drones da SpeedBird. O laboratório Hermes Padini também liderou alguns testes com a startup dos drones para a entrega de vacinas e exames.
Os voos da SpeedBird
O novo cheque chega em boa hora. Em janeiro deste ano, a SpeedBird recebeu o aval da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar aeronaves não tripuladas para entregas em caráter comercial, e passou a ser a primeira companhia brasileira a dotar essa chancela. Até então, o certificado dado à startup permitia apenas voos experimentais.
A expectativa é que, com o novo aporte e a chancela oficial do regulador, a startup possa abandonar o caráter de teste e passar a produzir — e pilotar — seus drones em larga escala, além de expandir o grupo de operadores para algo em torno de 100 funcionários — hoje são 25.
De mudança para uma nova fábrica, agora de mais de 2 mil metros quadrados, a SpeedBird espera mais do que dobrar sua capacidade de produção mensal de drones, para dez equipamentos por mês. Também no novo espaço, a startup deve inaugurar centros de treinamento de operadores e uma central de controle de voos, bem no modelo aeroporto da coisa."Temos certeza de que os drones serão um novo modal de transporte. Teremos até 250 aeronaves até o final do ano que vem", diz.
“O interesse pela SpeedBird está de olho no futuro. Acreditamos no potencial dessa nova indústrai e desse novo o modal logístico que a empresa está ajudando a construir no Brasil e no mundo”, diz Mario Letelier, sócio e gestor do Fundo Anjo da Domo Invest.
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