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Por que a Mundial ficou mais perto de US$ 50 milhões

Conversão de ações deixa empresa mais próxima de aporte de capital da Yorkville Advisors

EXAME.com (EXAME.com)

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Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 2 de março de 2012 às 09h57.

São Paulo – Nesta sexta-feira, a Mundial deu um passo importante para melhorar seu nível de governança corporativa: está convertendo suas ações preferenciais em ordinárias. Com isso, além de facilitar o acesso ao Novo Mercado da Bovespa, a empresa também se aproxima de algo mais concreto: um aporte de 50 milhões de dólares.

Os recursos foram contratados em julho do ano passado junto ao fundo americano de private equity Yorkville Advisors. O dinheiro poderá ser sacado em diversas fatias superiores a 5 milhões de dólares por operação, dentro de um prazo de dois anos.

Em troca, o Yorkville vai receber ações da Mundial, a maior fabricante de tesouras do país e dona da marca Hércules. E é aí que, no final das contas, a conversão de ações ganha papel mais do que estratégico.

Quando o acordo foi fechado, não se mencionou explicitamente a necessidade de converter ações, nem de ingressar no Novo Mercado. Mas não é de hoje que as empresas brasileiras conhecem as exigências de governança dos investidores estrangeiros. Basta lembrar que os IPOs são realizados no Novo Mercado, porque é o que oferece os melhores níveis de governança da bolsa brasileira – algo caro a estrangeiros dispostos a colocar seu dinheiro nela.

O vínculo entre a migração para o Novo Mercado e o aporte de capital também foi lembrado numa passagem do release de divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2011. Na ocasião, a empresa lembrou a malsucedida tentativa de realizar uma assembleia de acionistas para tratar do assunto.

Segundo a empresa, somente com o aval da assembleia, poderia “prosseguir nos trâmites necessários à migração para o Novo Mercado e assim dar início ao seu processo de capitalização.”

A Mundial ainda não divulgou seus números do quarto trimestre. Os últimos dados disponíveis, referentes ao período de julho a setembro, mostram que, naquele momento, a empresa tinha uma dívida líquida de 202 milhões de reais. Suas disponibilidades em caixa eram de 7 milhões de reais.

Daqui para frente

Com a entrada no Novo Mercado, a companhia terá de seguir regras rígidas de transparência que incluem, por exemplo, a divulgação de dados financeiros mais completos, inclusive relatórios trimestrais com demonstração de fluxo de caixa e relatórios consolidados revisados por um auditor independente.


Negociações com valores mobiliários da companhia também terão de ser divulgadas todo mês aos diretores, executivos e acionistas controladores. “As regras são feitas para que nenhuma informação importante sobre os passos relevantes da companhia deixem de ser dadas aos acionistas e demais steakholders”, afirma Ricardo Leal, professor da Coppead/UFRJ.

Além do avanço na governança, fazer parte das empresas listadas no segmento também pode representar, no caso da Mundial, o caminho para um aporte de 50 milhões de dólares do fundo americano YA Global Investments BR. O aporte, que havia sido anunciado pela companhia em julho, poderia dar fôlego à companhia tocar seu plano de reestruturação, iniciado em 2003.

Do teto ao chão

No ano passado, os papéis da companhia tiveram uma valorização de 54% na bolsa – em um determinado momento, seu valor de mercado subiu de 77 milhões para 1,4 bilhão de reais no mesmo período em que o Índice Bovespa acumulou uma queda de 15%.

Ninguém conseguiu explicar nem entender a euforia dos investidores com as ações da empresa. Até que, depois de atingirem o pico de 5,11 reais, em julho, os papéis tiveram uma desvalorização de quase 90% e passaram a ser negociados a 53 centavos. Tamanha discrepância chamou a atenção da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e da Polícia Federal, que passaram a investigar possíveis manipulações com os papéis da fabricante.

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