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Por que a Lufthansa está otimista com o futuro das viagens internacionais

A companhia aérea alemã já está com voos diários entre São Paulo e Frankfurt e acredita que, com a distribuição da vacina, a retomada deve ser mais forte

 (Kai Pfaffenbach/Reuters)

(Kai Pfaffenbach/Reuters)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 15 de dezembro de 2020 às 11h00.

Última atualização em 16 de dezembro de 2020 às 16h53.

A Lufthansa olha para o futuro das viagens internacionais com bons olhos. A companhia aérea alemã está ampliando a oferta de voos entre o Brasil e a Europa e acredita que, com a distribuição da vacina pelo mundo, a retomada já dá seus primeiros sinais. 

Hoje a Lufthansa já está com voos diários entre São Paulo e Frankfurt - eram cinco por semana até o mês passado - e cinco voos semanais para Zurique, pela parceria com a Swiss.

"Investimos no mercado brasileiro ao colocar voos diários. Apesar dos números muito tristes de casos de coronavírus, a vacina é uma realidade em alguns países e esperamos uma melhora na situação", diz Annette Taeuber, diretora de vendas do Lufthansa Group no Brasil.

Antes da crise, a empresa mantinha 26 voos semanais entre o Brasil e a Europa. Em dezembro, são 12 frequências. A empresa diz que as vendas e a demanda já se recuperaram em cerca de 50% em relação ao ano passado - acima da média do mercado, que está em 38%. 

Os voos durante a crise

Se no final de 2019 o sentimento era o mais otimista possível para a operação da Lufthansa no Brasil, o início deste ano trouxe um dos piores cenários possíveis para companhias aéreas em todo o mundo. "Quem me dera 2019 não tivesse terminado. Em dezembro estávamos muito otimistas com a empresa, a demanda havia superado expectativas e havíamos acabado de abrir um novo escritório no Brasil", diz Tom Maes, diretor sênior de vendas para América do Sul do Lufthansa Group.

Nos piores meses da pandemia, a Lufthansa chegou a operar apenas com 5% de sua capacidade original. Se em abril de 2019 os voos da Lufthansa conectavam os brasileiros a 1780 cidades no mundo, um ano depois eram apenas 680 conexões. 

Apesar da redução abrupta, a empresa alemã afirma que as operações mantidas foram relevantes. A aérea fez 440 voos especialmente para repatriar pessoas que, no início da pandemia, estavam longe de suas casas. 

Mesmo com as fronteiras fechadas, era permitido que emigrantes brasileiros viessem ao país para visitar familiares, o que também manteve as operações da companhia aérea. De abril a julho, a Lufthansa chegou a transportar 20% de todos os passageiros em voos internacionais, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

"A Lufthansa não parou de voar. Continuou sendo uma ponte dos brasileiros para a Europa, não só conectando pessoas mas também fornecendo equipamentos de segurança essenciais", diz Maes.

Transporte de carga

Assim como em outras companhias aéreas, a área de carga da Lufthansa ganhou destaque com a pandemia, já que havia uma necessidade mais urgente de entrega de certos itens, como equipamentos médicos e itens de proteção. Foram 100 mil toneladas de farmacêuticos movimentadas em todo o mundo.

No entanto, com a redução drástica na frequência de voos, também caiu o espaço disponível em aeronaves para transporte de cargas. A partir de maio, aviões de passageiro foram adaptados para levar cargas e novos aviões cargueiros foram encomendados para o Brasil.

A empresa recebeu dois novos aviões cargueiros durante esse período, chegando a nove aviões disponíveis para a operação brasileira. Curiosamente, a operação de carga da Lufthansa foi usada para que, pela primeira vez, melões brasileiros pudessem ser exportados para a China. 

A Lufthansa dobrou seu centro logístico em Frankfurt, uma das maiores estruturas frias perto de aeroportos na Europa. Também abriu um centro logístico refrigerado em Chicago, nos Estados Unidos. Esses dois centros serão essenciais para ajudar no transporte das vacinas, que precisam ser refrigeradas a temperaturas bastante baixas. 

Como será a volta do turismo internacional

A Lufthansa não é a única a ansiar pela volta das viagens de turismo internacionais. Segundo a Expedia, uma a cada duas pessoas está otimista para viajar nos próximos 12 meses. 

Na média, pessoas acreditam que devem voltar a viajar entre abril e setembro do ano que vem, mas brasileiros, chineses e mexicanos esperam fazer uma reserva ainda antes.

Gerações mais novas são até uma vez e meia mais propensas a viajar em breve, de janeiro a março do ano que vem, diz uma pesquisa feita pela agência global de viagens.

“Até retomarmos as viagens internacionais, o mundo viverá com apenas metade do oxigênio. Não são apenas viagens de lazer que precisam retomar, mas também as de negócios e para conferências. Precisamos de viagens internacionais para manter as economias globais flutuando”, diz Cyril Ranque, presidente da divisão Travel Partners Group da Expedia, em evento sobre a retomada das viagens. 

Uma a cada duas pessoas está otimista para viajar nos próximos 12 meses, segundo a Expedia.

Um dos grandes fatores que influenciam a segurança dos passageiros em voltar a fazer turismo é o acesso a uma vacina e um programa amplo de vacinação - 57% acreditam que estariam mais confortáveis em viajar se esse fosse o caso.

Uma vez que os números de novos casos podem voltar a subir e medidas de restrição e distanciamento podem ser impostas novamente, a flexibilidade continua sendo essencial para incentivar consumidores a marcar uma viagem. Sete a cada dez turistas busca flexibilidade em sua reserva, assim como seguro viagem e proteção e reembolso em caso de cancelamento.

Cerca de dois terços dos viajantes precisaram cancelar uma viagem marcada para este ano por conta da pandemia, de acordo com uma pesquisa feita pelo grupo de turismo global. Apenas um terço dos turistas de fato realizou sua viagem durante a pandemia.

Destes, oito a cada dez viajou inclusive para mitigar os efeitos da pandemia - para mudar de cenário, ver familiares ou amigos.

 

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