O aviso foi feito numa reunião na quarta-feira em Brasília entre o presidente demitido da Petrobras, José Mauro Coelho, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Foi a segunda reunião entre o alto escalão do governo e a diretoria da Petrobras nesta semana. No primeiro encontro, na segunda-feira, integrantes do Executivo pediram para a estatal segurar os reajustes — o que, para o governo, ocorreriam ainda nesta semana.
Para o Executivo, porém, o reajuste já é inevitável e irá ocorrer nos próximos dias. Auxiliares de Bolsonaro pediram para a Petrobras esperar ao menos a votação do projeto de lei que limita o ICMS cobrado sobre os combustíveis. E isso foi concluído nesta quarta-feira. Na mesma reunião, de quarta-feira, o governo também pediu para a Petrobras ver qual será o impacto desse projeto nas bombas antes de tomar qualquer decisão.
Na reunião com o governo, a diretoria da Petrobras explicou que a defasagem do preço do diesel chegou a 26% e isso poderia ocasionar a falta do combustível no médio prazo se não houver reajuste.
A Petrobras avisa nas conversas com o governo que a defasagem do preço do diesel pode levar a uma situação de falta de diesel pontual no país, com o cenário se agravando a partir do segundo semestre.
Isso ocorreria porque 30% do consumo nacional de diesel é importado. Se o preço lá fora estiver mais caro do que aqui dentro, os importadores não irão trazer o produto porque vão ter prejuízo na operação.
A importação da gasolina é significativamente menor e a defasagem do preço desse produto também.
Para o governo, porém, não seria possível falar em um cenário de desabastecimento porque haveria estoques do produto no Brasil, além de a própria Petrobras poder importar o combustível e vender no mercado interno.
A Petrobras não importa o produto com frequência justamente para não ter o prejuízo de vendê-lo a um preço mais baixo no mercado interno.
Como mostrou o GLOBO, o Conselho de Administração da Petrobras foi convocado às pressas nesta quinta-feira para falar de aumento de preços. O encontro não estava previsto para ocorrer em meio ao feriadão.
Para o governo, a Petrobras só irá segurar os preços após a diretoria e o Conselho de Administração serem substituídos, num processo que já teve início, embora ainda não tenha sido concluído.
José Mauro Coelho será substituído do cargo por Caio Paes de Andrade, mas essa troca ainda não foi efetivada porque depende da convocação de uma assembleia de acionistas da empresa. Para isso, o governo pressiona Coelho a renunciar e acelerar o processo, mas ele já disse internamente que isso não vai acontecer.
Andrade deve trocar praticamente toda a diretoria da Petrobras e o governo já indicou novos nomes para o Conselho de Administração.