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Os planos de um médico gaúcho para investir R$ 150 milhões e criar uma rede de clínica de plásticas

A longo prazo, o objetivo é faturar uma média de 35 milhões de reais por mês

Ícaro Samuel, da Dream Clinic: primeiro investimento será de R$ 6 milhões para viabilizar a rede de clínicas (Dream Clinic/Divulgação)
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 15 de janeiro de 2024 às 10h07.

Última atualização em 15 de janeiro de 2024 às 10h30.

Quando o médico gaúcho Ícaro Samuel estava terminando sua graduação em Pelotas, no sul do Rio Grande do Sul, provavelmente não imaginava que sua carreira seria traçada, mesmo, em outro canto do país, no Tocantins. Por lá, desenvolveu uma clínica de cirurgia plástica que agora deve se expandir para outros cantos do Brasil.

A vontade de empreender do médico vem de cedo. Assim que saiu da faculdade, foi ao Rio de Janeiro, onde ficou por alguns anos atuando como médico e empreendendo em uma rede de franquias de açaí e em uma outra de estética.

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“No Rio, eu tentei por dois anos e meio, mas o negócio não engrenou. Decidi fechar as duas lojas e procurar um novo lar”, diz. “Fui passando por todos os Estados procurando uma proposta, e o único que me deu uma vaga como cirurgião plástico foi em Tocantins”.

Por ali, ele se estabilizou como cirurgião plástico e também como influenciador digital. Criou um canal no Youtube para desmistificar esse tipo de cirurgia. Deu certo: hoje, são mais de 900.000 inscritos na plataforma.

“As pessoas têm muito medo, o que faz com que elas queiram buscar segurança constantemente, o que é bom”, afirma. “A cirurgia plástica é como uma companhia aérea. Se acontece alguma tragédia com uma, prejudica a imagem de todas, porque não é para acontecer. Não é para acontecer acidente de avião, não é para acontecer acidente na cirurgia”.

Agora, Ícaro quer dar o próximo passo e voltar a empreender, como fazia no Rio. Ele vai investir 6 milhões de reais para viabilizar a criação de uma rede de clínicas de cirurgias plásticas pelo país, que se chamará Dream Clinic. O objetivo é ter uma operação em cada estado do Brasil em três anos. Quando essa meta for concluída, o investimento somado será de 150 milhões de reais.

“Usei a Porsche e a Louis Vuitton como inspiração de modelo de negócio, em que eu entro como sócio e um médico local assume a outra parte da sociedade, gerenciando a operação”, diz.

A primeira operação nesse momento, além da clínica de Palmas, inaugura agora em fevereiro em São Paulo. Além disso, já há negociações para Rio Grande do Sul, Paraná e Salvador.

“O Tocantins me deu a proposta de trabalhar lá há alguns anos, peguei com unhas e dentes”, afirma Ícaro. “Finquei meu facão no pé do jequitibá e ali fiz crescer, dobrando de tamanho, até que chegou o ponto de expansão, e será por esse modelo de negócio”.

Como será o modelo de negócio da Dream Clinic

Quando se fala em cirurgia plástica, ainda não é comum haver clínicas com um padrão regular de atendimento. Hoje, o setor foca muito no profissional em si, que tem um consultório particular de atendimento. “Aí, é aquilo: tem o de alto gabarito, e o que deixa muito a desejar”, afirma Ícaro.

Com a rede, ele quer padronizar os atendimentos e alavancar uma única marca.

“O médico que quiser trabalhar na clínica vai pagar o preço do conteúdo que tem lá, e só”, afirma Ícaro. “Ele vai ter a carteira de clientes da clínica, com o valuation da marca. Conseguir isso hoje, individualmente, é raro. Não existe valuation de um único cirurgião”.

A ideia é operar cerca de 20 cirurgias por mês por clínica, com um faturamento médio de 80.000 a 100.000 reais cada. A longo prazo, o objetivo é faturar uma média de 35 milhões de reais por mês.

“Existe franquia de depilação, odontológica, de botox, mas uma rede de luxo de tratamento para cirurgia plástica, será inédito no Brasil”, diz.

Como está o mercado de cirurgias plásticas no Brasil

As cirurgias plásticas estão em alta no país. Uma pesquisa de 2020 mostra que o Brasil está em segundo lugar no ranking internacional de realizações de cirurgias plásticas, perdendo apenas para os Estados Unidos. Os dados são da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica.

Por aqui, a principal procura, segundo Ícaro, é por lipoaspiração e mamoplastia. De cada 10 operações feitas, sete são em mulheres. E o crescimento nos números de procedimentos varia de 10% a 30% ao ano.

“O Brasil é uma das regiões do mundo que melhor desempenha a questão do contorno corporal”, afirma. “Isso faz com que, além da busca local, venha muitos clientes de fora do Brasil”.

Ícaro mesmo atende pessoas de países africanos, por exemplo, que são impactadas pelo conteúdo que ele cria no YouTube, onde fala sobre as cirurgias e explica sobre procedimentos e pontos de atenção.

Apesar disso, o maior desafio do setor ainda é passar a segurança necessária sobre os procedimentos cirúrgicos, em meio a escândalos e tragédias envolvendo cirurgias mal realizadas.

Para driblar isso, Ícaro irá apostar em serviços complementares que devem fortalecer a percepção de segurança na clínica. Haverá, por exemplo, atendimentos com nutricionistas, espaços de pré e pós-operatórios e a cirurgia, mesmo, acontecerá em hospitais. “Precisamos ter o respaldo de infraestrutura que, querendo ou não, por mais luxuosíssima que for a nossa clínica, não tem como ter”.

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