Negócios

Os engenheiros da saúde: como essa startup quer evitar perdas financeiras nos hospitais

A Intuitive Care, do Rio de Janeiro, foi selecionada no programa boostlab, do BTG, e recebeu R$ 1 milhão em investimentos

Luiz Henrique e Paulo Leite, da Intuitive Care, ao lado de Gabriela Lima, do BTG:  startup pretende criar nova linha de negócio (Intuitive Care/Divulgação)

Luiz Henrique e Paulo Leite, da Intuitive Care, ao lado de Gabriela Lima, do BTG: startup pretende criar nova linha de negócio (Intuitive Care/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 12 de junho de 2024 às 15h05.

Última atualização em 12 de junho de 2024 às 18h47.

Tudo sobreStartups
Saiba mais

As notícias sobre o mercado da saúde não estão entre as mais animadoras no país, passando da inflação do setor até a elevada taxa de sinistralidade nos planos de saúde. Uma startup carioca quer melhorar esse noticiário, pelo menos pelo lado dos hospitais e clínicas de saúde.   

A Intuitive Care, fundada em 2017, oferece serviços de gestão financeira para prestadores de saúde. A startup acaba de ser selecionada para participar do boostlab, programa de investimento em startups do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) e recebeu R$ 1 milhão em recursos - valor que pode ser dobrado ao longo da iniciativa. O projeto inclui mentorias presenciais com executivos e sócios do BTG e aceleração comercial, com empresas do grupo e parceiros. 

A partir de uma plataforma SaaS, a startup automatiza processos manuais e repetitivos, como a conciliação dos pagamentos originados nos diversos planos de saúde e a análise de glosas (faturamento não recebido ou recusado pelos operadores de saúde). 

Com isso, procura diminuir as perdas e reduzir os custos da operação dos mais de 400 estabelecimentos que usam o serviços atualmente. Em média, os hospitais e clínicas no país perdem entre 3% e 7% da receita devido a erros na troca de informações com as operadoras de planos de saúde. No fim do dia, são percentuais que podem ser equivalentes a algumas dezenas ou centenas de milhões de reais. 

São problemas gerados, em grande parte, pela falta de comunicação entre os sistemas, o que leva a dados inconsistentes e incompletos. Em geral, cada hospital trabalha com cerca de 40 planos de saúde.

“No cenário padrão, essa troca de informações é manual e tem um volume enorme de dados circulando de um lado para outro, em uma quantidade muito grande de processos e uma infinidade de exceções”, afirma Paulo Leite, co-fundador e CEO da Intuitive Care. ”O que a nossa ferramenta faz é conectar e executar essas trocas de informação”.

Quer dicas para decolar o seu negócio? Receba informações exclusivas de empreendedorismo diretamente no seu WhatsApp. Participe já do canal EXAME Empreenda 

Quais foram os motivos que levaram à fundação da startup

Engenheiro de produção, Leite se uniu ao amigo do Luiz Henrique, também engenheiro de produção com quem havia estagiado anos atrás, para colocar a startup de pé, em 2017. A motivação para olhar para o mercado surgiu anos atrás, quando passou um período na Berkeley, universidade dos Estados Unidos, logo após a graduação.

Precisando de créditos para fechar uma matéria, um professor sugeriu um trabalho de campo e indicou um hospital como caso de estudo para compreender a cadeia de suprimentos, dos pedidos à gestão de estoque. 

“Foi o primeiro contato meu com o hospital sem ser paciente. Eu me lembro bem de pensar o quanto aquilo era esquisito. Nós olhamos pro hospital e não fazemos ideia do back office daquilo ali, que é gigantesco”, afirma o CEO. 

A experiência ficou guardada por anos, até que Leite decidiu sair de uma empresa de logística para empreender. Antes de abrir a Intuitive Care, validou o modelo em um hospital que passava por dificuldades de gestão no Rio de Janeiro.

Quais são os planos de crescimento e desenvolvimento

O primeiro serviço da startup foi reunir as informações dos hospitais em um mesmo lugar e convertê-las em conhecimento para o dia a dia dos negócios. "Não demorou nem 6 meses, eu diria, e os clientes começaram a pedir para incluirmos dados financeiros que não estavam dentro das plataformas de gestão, os ERPs", afirma Leite.  

Na lista de clientes, estão desde pequenos hospitais e clínicas a nomes bastante conhecidos no mercado, como Dasa e Sírio Libanês. Em 2024, a startup estima faturar R$ 24 milhões.

Ao entrar para o programa do BTG, os sócios buscam criar uma nova frente de crescimento e desenvolver uma solução de antecipação de recebíveis, seja a partir de um FIDC seja por crédito fumaça, linha de crédito em que utiliza os recebíveis futuros como garantia.

“Tem muita demanda para isso porque o prazo médio de recebimento dos prestadores de saúde é de mais de 90 dias atualmente. E, com a nossa tecnologia, sabemos dizer o que é o recebível, ou seja, separar a glosa esperada do que foi faturado, e também ter previsibilidade”, afirma. 

Acompanhe tudo sobre:StartupsBTG PactualSaúde

Mais de Negócios

A força do afroempreendedorismo

Mitsubishi Cup celebra 25 anos fazendo do rally um estilo de vida

Toyota investe R$ 160 milhões em novo centro de distribuição logístico e amplia operação

A ALLOS é pioneira em sustentabilidade de shoppings no Brasil