5G: redes oferecerão velocidades de tráfego de dados até 50 ou 100 vezes mais rápidas que as atuais redes 4G (Piotr Adamowicz/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 15 de março de 2018 às 19h09.
Última atualização em 15 de março de 2018 às 19h09.
Londres/São Francisco - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bloqueou a aquisição da projetista de chips para comunicação móvel Qualcomm pela rival Broadcom, uma operação de 117 bilhões de dólares, em meio a preocupações de que a transação daria vantagem à China na próxima geração da telefonia móvel, ou 5G.
As redes 5G, que agora estão na fase final de teste, dependerão de conjuntos mais densos de pequenas antenas e de computação em nuvem para oferecerem velocidades de tráfego de dados até 50 ou 100 vezes mais rápidas que as atuais redes 4G e servirão como infraestrutura fundamental para uma variedade de indústrias.
A maioria dos acordos para início de construção de redes 5G para o mercado de massa ainda estão a um ano de distância, mas até 2025, 1,2 bilhão de pessoas deverão ter acesso a essas redes - um terço delas na China, de acordo com a organização global GSMA.
Ao contrário das atualizações dos padrões celulares 2G no início dos anos de 1990, 3G nos anos 2000 e 4G em 2010, os padrões 5G fornecerão conectividade de dados em celulares e computadores e também ajudarão a conectar carros, máquinas, carga e até equipamentos agrícolas.
O Comitê de Investimento Estrangeiro dos Estados Unidos (CFIUS, na sigla em inglês), que veta aquisições de empresas norte-americanas por empresas estrangeiras, disse que a aquisição da Qualcomm pela Broadcom impulsionaria a China em relação aos Estados Unidos na corrida pelo 5G.
A aquisição da Qualcomm representaria a jóia da coroa no portfólio de chips de comunicação da Broadcom, sediada em Cingapura, que fornecem wifi, gerenciamento de energia, transmissão de vídeos e outras funcionalidades em smartphones junto com a própria conexão dos aparelhos às redes de telefonia sem fio.
A preocupação é que a aquisição da Qualcomm poderia acarretar num corte de investimento em pesquisa e desenvolvimento da empresa ou deixar partes estrategicamente importantes da empresa nas mãos de outros compradores, inclusive na China, disseram autoridades dos EUA e analistas.
Antes da nova tecnologia se tornar uma realidade para os consumidores, duas transições são necessárias.
As operadoras de telefonia celular devem atualizar suas redes com equipamentos 5G fabricados por Huawei e ZTE, da China; Ericsson, da Suécia; e Nokia, da Finlândia. E os fabricantes de smartphones precisam fazer aparelhos celulares com rádios 5G prontos para conectar com essas redes.
A Qualcomm é a empresa dominante em chips de comunicação para smartphones, sendo responsável por metade de todos os chips de conexão a redes em smartphones. A companhia é uma das últimas grandes empresas de tecnologia dos EUA com um papel importante em comunicações móveis.
A maioria dos outros chips de conexão de rede vem da Ásia: a MediaTek, de Taiwan; ocupa cerca de um quarto do mercado, enquanto Samsung Electronics e Huawei - dois grandes fabricantes de smartphones - desenvolvem chips para seus próprios dispositivos. A Huawei produz através de uma subsidiária conhecida como HiSilicon.
A posição dominante da Qualcomm em 5G vem do domínio de duas áreas: patentes sendo adotadas como padrões na indústria e venda de projetos de chips que funcionam com esses padrões.
A Qualcomm conseguiu uma série dessas patentes fundamentais, o que significa que os fabricantes de celulares e de equipamentos de telecomunicações têm que pagar taxas de licenciamento para a empresa. A companhia dominou a configuração de padrões para as tecnologias 3G e 4G e deve liderar a lista de detentores de patentes em direção ao ciclo 5G.