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O bilionário das entregas: do início na ilegalidade, ele construiu um império de US$ 24,5 bilhões

A SF Holding, criada na China em 1993, faturou mais de US$ 36 bilhões no ano passado e é a principal empresa de entregas do país asiático

Wang Wei, da SF Express, é de dono de uma fortuna estimada em US$ 13,4 bi (Getty Images/Getty Images)

Wang Wei, da SF Express, é de dono de uma fortuna estimada em US$ 13,4 bi (Getty Images/Getty Images)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 27 de abril de 2024 às 11h01.

O mês de fevereiro de 2017 marcou um ponto de inflexão na história do Wang Wei. Naquele mês, o empresário chinês tocou o sino na bolsa de Shenzhen para a abertura de capital da empresa de entregas que ele começou a construir na ilegalidade em 1993, com o equivalente a US$ 15.000 dólares emprestados pelo pai.

A listagem na bolsa trouxe para a SF Express uma captação superior a US$ 30 bilhões e estabeleceu um novo patamar para o negócio. Rebatizada como SF Holding, a companhia de logística está entre as quatro maiores do mundo - atrás da FedEx, United Parcel e DHL Express

Em 2023, informou uma receita de US$ 36,5 bilhões, ainda muito concentrada no país de origem. Segundo números da empresa, a operação impacta mais de 530 milhões de clientes individualmente. Na China, cobre 99,4% das cidades. 

O serviço está presente em mais de 200 países, e envolve desde entregas expressas de produtos, fretes, cadeia de frio a produtos farmacêuticos e suprimentos.

Se hoje as entregas são feitas por aviões e mais de uma dezena de milhares de automóveis hoje, no começo eram as motos e minivans que dominavam. A empresa adota um modelo verticalizado e conta com mais de 40.000 funcionários. 

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Por que o negócio nasce na ilegalidade

A história começa com Wei, também conhecido como Dick Wang,  trabalhando como operário. Filho de um tradutor de russo para a Força Aérea da China e de uma professora universitária, o jovem não demonstrou interesse pelo mundo acadêmico. 

O início da vida profissional foi em fábricas de impressão e tinturaria no distrito de Shunde, na província de Guangdong, região que fica no sul da China e faz fronteira com Hong Kong. 

Quando as empresas precisavam enviar as amostras dos produtos para potenciais compradores na ilha, elas sofriam com atrasos. Wang percebeu uma oportunidade e, com 5 funcionários, abriu a SF Express para fazer a entregas das encomendas, cruzando de uma região para outra.

O diferencial do serviço era a promessa de fazer a entrega entre Hong Kong e Shenzhen em apenas um dia. Com a expansão do comércio - e a digitalização -, a SF começou a avançar para outras áreas no Sul da China e além.

Na época, porém, o governo chinês controlava o mercado a partir do correio estatal, que detinha o monopólio da atividade. Por isso, a SF teve que trabalhar às escondidas por 16 anos e os funcionários precisavam manusear as encomendas com cautela para evitar serem descobertos e tomarem multas.

Qual é o tamanho do negócio

Com a mudança regulatória em 2009, a empresa saiu das sombras e começou o processo de consolidação até se tornar a maior empresa de logística da China. A companhia é avaliada hoje em 24,55 bilhões de dólares.

No processo, desenvolveu uma vertical própria de tecnologia, investiu em frota aérea, diversificou os serviços logísticos e começou a internacionalização, incluindo a aquisição da também asiática Kerry Logistics em uma transação de US$ 2,3 bilhões em 2021. 

Ocupando as cadeiras de CEO e chairman da companhia, Wei, com 53 anos, é dono de uma fortuna estimada em US$ 13,4 bilhões, segundo a Forbes. Na China, ele é a 12ª pessoa mais rica.

A ambição do discreto bilionário, avesso à exposição pública, é levar a SF Holding ao posto de maior companhia de logística do mundo. 

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