Novo fundo da KPTL vai colocar R$ 200 milhões em startups que salvam o planeta
Estruturado em parceria com a divisão de investimentos sustentáveis da Vale, fundo Floresta e Clima vai investir em pequenas empresas ligadas a bioeconomia
Maria Clara Dias
Publicado em 2 de junho de 2022 às 00h01.
Uma parceria entre a firma de venture capital dedicada a startups de tecnologia KPTL e o Fundo Vale & Participações, braço de fomento a projetos de impacto socioambiental da Vale, vai apoiar e injetar alguns milhões em startups de sustentabilidade. Juntas, as organizações estão lançando um fundo que irá investir R$ 200 milhões em pequenas empresas ligadas a bioeconomia.
O novo fundo, chamado de Floresta e Clima, já nasce com alguns cotistas de peso. Além do Fundo Vale, parceiro estratégico e responsável pela estruturação do projeto, assinam os primeiros cheques de subsídio a Tridon Participações, family office dos fundadores da Jacto; Denis e Ilana Minev, das Lojas Bemol e Marco Riguzzi, empresário da área de embalagens e acionista da Farmaplast.
Além da KPTL, a aceleradora Troposlab e as consultorias Imaflora e Resultante, especialistas em impacto socioambiental, também ajudam na construção do fundo, que deve durar 10 anos.
A partir de agora, começam as captações de olho nos primeiros investimentos. A intenção é abordar startups que sejam capazes de acelerar o mercado de créditos de carbono, ajudem na restauração de florestas ou até mesmo atuem em ineficiências logísticas e sociais em grandes biomas — sempre com a intenção de fomentar a bioeconomia e frear as mudanças climáticas.
Nos próximos dois anos, o objetivo é chegar a um portfólio de até 35 companhias, explica Renato Ramalho, CEO da KPTL. “É uma meta inicial, mas sabemos que essa é uma vertical que pode ser bem maior”, diz. “Não queremos ser considerados um fundo de reflorestamento. Pelo contrário. A experiência da KPLT com empresas de agricultura, biotecnologia e outras disrupções nos dá autoridade para buscar o que há de mais novo em tecnologia de impacto”.
A diversidade de setores entre as startups também deve chegar aos investidores — pelo menos é o esperado pelas duas firmas. Segundo Gustavo Luz, gerente do Fundo Vale, não deve haver um perfil específico de investidor, como os que lançam suas apostas apenas em startups de créditos de carbono, por exemplo. No lugar, haverá o incentivo a perfis variados, visto que o tema das mudanças climáticas é algo global.
“A nossa vontade não é fechar, mas sim abrir para o maior número e diversidade de investidores”, diz. “A ideia é trazer atores que possam contribuir com essa agenda, como empresas dispostas a atuar em reflorestamento e ações de descarbonização”.
Tirando as startups do papel
Entre os executivos, há a visão de que também será preciso fomentar o empreendedorismo ambiental, ainda incipiente. Sendo assim, além dos cheques — que, por sinal, não têm valor estabelecido —, a proposta do fundo Floresta e Clima é também dar apoio a empresas novatas, com orientações e conexões estratégicas para cada uma delas. “No futuro, podemos até viabilizar projetos que ainda não saíram do papel. Seria parte da nossa missão de pivotar empresas promissoras e que hoje não têm os meios para crescer”, diz Luz.
Em outra ponta, o novo fundo da KPTL também busca comprovar que é possível associar impacto ambiental ao retorno financeiro, umas das premissas básicas do chamado capitalismo consciente, base da pirâmide do ESG (sigla para ambiental, social e governança).
“A beleza da parceria de KPLT e Fundo Vale é justamente unir o universo do venture capital, algo tão comum para startups de tecnologia, ao apoio a essas empresas de menor maturidade, algo que a Vale já tinha o costume de fazer”, diz Luz. "Provamos que é possível ter negócios de floresta no mundo do investimento de risco”.
Com o início das captações, o Fundo Floresta e Clima busca também investidores internacionais. Em outras palavras, “qualquer um que tenha disposição em acelerar o mercado de carbono no mundo”, afirma o executivo do Fundo Vale.