Michelle Guimarães, sócia e diretora-presidente da Navegam: empresa está desenvolvendo a própria frota de barcos
Repórter
Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 09h51.
Última atualização em 17 de fevereiro de 2025 às 11h13.
Viajar de barco pela Amazônia não é apenas uma escolha, mas uma necessidade. Em um estado onde 70% dos municípios só são acessíveis por via fluvial, o transporte aquaviário movimenta milhões de passageiros todos os anos. Mas, até pouco tempo atrás, comprar uma passagem ainda era um processo manual, sem rastreio e sem transparência.
Foi nesse cenário que nasceu a Navegam, plataforma que digitalizou a venda de passagens de barco e criou um marketplace para facilitar o transporte de cargas na região. “Somos os únicos a fazer logística de varejo na Amazônia e queremos transformar isso em uma ponte para conectar mais negócios à região”, afirma Michelle Guimarães, sócia e diretora-presidente da startup.
Criada em 2019, a startup manauara fechou 2023 com R$ 5,7 milhões em receita líquida, um crescimento de 167,72% em relação ao ano anterior. O resultado garantiu à empresa o 24º lugar no ranking EXAME Negócios em Expansão 2024, na categoria de 5 a 30 milhões de reais.
Agora, após fechar o ano passado com um faturamento de R$ 18,7 milhões, a Navegam projeta faturar R$ 40 milhões em 2025. Eles planejam chegar lá ampliando sua infraestrutura para conectar a Amazônia ao restante do país.
Quer ver a sua empresa nas páginas da EXAME assim como a Navegam? Inscreva-se no Negócios em Expansão 2025. É grátis!A Navegam surgiu a partir de uma dificuldade enfrentada por seu diretor de tecnologia, Geferson Oliveira. Em 2015, ele participou de um processo seletivo para lecionar em uma universidade, mas não percebeu um detalhe crucial no edital: as aulas seriam ministradas no interior do Amazonas, e o custo do deslocamento aéreo era muito alto.
O desafio o levou a buscar soluções para a mobilidade na região. Ao compartilhar a ideia com Jorge Alves, que já trabalhava na digitalização de embarcações no porto de Manaus, nasceu a proposta de criar uma plataforma que unificasse a venda de passagens e trouxesse mais eficiência ao setor.
O primeiro serviço da Navegam foi a digitalização da venda de passagens de barco, um processo que, até então, era feito de forma totalmente manual. Os bilhetes eram vendidos diretamente nos portos, sem um sistema unificado de controle de lotação, pagamentos ou rastreio. Para garantir uma vaga, muitos passageiros precisavam ir pessoalmente às embarcações com antecedência, o que tornava a experiência incerta e desgastante.
Para resolver esse problema, a startup criou uma plataforma digital que permite a compra de passagens de barco pelo site ou WhatsApp. A tecnologia permite que o passageiro escolha a viagem desejada, visualize valores e garanta sua reserva sem precisar sair de casa. Já as empresas de navegação passaram a contar com um sistema que facilita a gestão de assentos e pagamentos.
De lá para cá, o produto só tem escalado. Em 2024, mais de 300 mil passagens foram vendidas pelo marketplace e por revendedores parceiros.
Macaulay Abreu, Michelle Guimarães, Geferson Oliveira e Jorge Alves, sócios da Navegam: empresa projeta faturamento de R$ 40 milhões em 2025
Em 2020, com a queda na demanda por viagens, a Navegam lançou o Navegam Log, servindo empresas que precisavam transportar cargas para locais isolados. A estratégia atraiu grandes varejistas, que passaram a enviar produtos como eletrodomésticos e alimentos para o interior da região.
“Qualquer um faz logística no asfalto. O desafio é garantir que uma geladeira ou uma máquina de lavar chegue em segurança a uma comunidade no meio da floresta”, explica Michelle.
A demanda cresceu tanto que, em 2024, a DHL contratou a Navegam para distribuir equipamentos da Starlink na região. Com a chegada da internet via satélite, as compras online dispararam.
Foi aí que a Navegam estruturou uma logística integrada, combinando transporte rodoviário, aéreo e fluvial. Os produtos chegam a Manaus por avião ou caminhão, são armazenados e, a partir daí, distribuídos por barco para os destinos.
Hoje, a empresa já opera com esse modelo em toda a região Norte, garantindo que cargas saiam das principais capitais brasileiras e cheguem a cidades do interior amazônico. A Navegam já enviou 30 toneladas de tambaqui para restaurantes em São Paulo, por exemplo, e espera ampliar essa operação para outros itens.
Esta empresa quer crescer 62% em 2025 mesmo com a crise no agronegócio
Para 2025, a Navegam foca na ampliação da infraestrutura. Os principais projetos incluem:
A Navegam se consolida como uma peça-chave na modernização da logística amazônica. “Nosso objetivo é que vender e comprar na Amazônia seja tão fácil quanto no resto do país. Estamos construindo essa ponte”, conclui Michelle.
O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses. Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas brasileiras que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023. A análise considerou os negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais.
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