Negócios

Mercado ilegal de bebida alcoólica destilada cresce na pandemia

Estudo da Euromonitor International estima que a pandemia deve elevar em 10% o mercado ilícito de bebidas destiladas no Brasil

Cachaça: bebidas ilícitas são hoje até 70% mais baratas do que as legítimas (//Divulgação)

Cachaça: bebidas ilícitas são hoje até 70% mais baratas do que as legítimas (//Divulgação)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 22 de outubro de 2020 às 12h10.

Última atualização em 22 de outubro de 2020 às 14h18.

O estudo Álcool ilícito na América Latina — Modelo de impacto da Covid-19, realizado pela empresa de pesquisa de mercado Euromonitor International em setembro deste ano, estima que a pandemia deve elevar em, aproximadamente, 10,1% o mercado ilícito de bebidas destiladas no Brasil em comparação com o ano de 2019.
O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor 

Em termos de volume, serão 130,7 milhões de litros em álcool puro de bebidas destiladas ilícitas. Isso equivale a mais de 320 milhões de garrafas de 1 litro de uma bebida destilada com teor alcoólico de 40%, circulando no país somente neste ano.

Segundo a pesquisa, o aumento da desigualdade devido às implicações econômicas da pandemia afetou o poder de compra dos consumidores, que, por sua vez, se tornaram mais suscetíveis aos preços mais baixos das bebidas ilícitas, na expectativa de manterem seus padrões de consumo. Por outro lado, lojas de bairro, sites e até apps de entrega serviram como vetores para a compra de bebida ilegal. “A covid-19 levou mais consumidores ao mercado ilícito por meio de novas dinâmicas de compra, aumentando os desafios de controle", aponta o relatório.

A pesquisa da Euromonitor indica ainda o aumento do contrabando devido à vigilância falha nas fronteiras brasileiras, com novas rotas sendo criadas do Paraguai em direção ao Mato Grosso. As apreensões de produtos contrabandeados dobraram durante a pandemia. Além disso, a presença de bebidas falsificadas aumentou no interior de São Paulo, com atuação de pequenas fabriquetas ilegais, de alcance regional.

Cachaça

Além disso, segundo Carlos Lima, diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), as bebidas ilícitas são hoje até 70% mais baratas do que as legítimas e não se submetem às regras trabalhistas, sanitárias e ambientais. O Instituto estima que o valor perdido com o mercado ilegal total de bebidas alcoólicas em 2017 foi de 10 bilhões de reais. "Todos perdem com o mercado ilegal, o governo deixa de arrecadar impostos, e a sociedade está sujeita aos riscos", afirma.

O setor de bebidas destiladas no Brasil é composto pelo segmento da cachaça, que representa mais de 70% do setor, além de produtores e distribuidores de outras bebidas como saquê, gim, vodka, tequila e uísque.

Somente no segmento da cachaça, segundo o Ibrac, são mais de 1.000 produtores registrados, gerando 600.000 empregos diretos e indiretos. Ainda segundo o Instituto, essa bebida símbolo do Brasil hoje é exportada para mais de 60 países e, apesar de sua capacidade instalada de produção de 1,2 bilhão de litros, foram exportados apenas 7,26 milhões de litros em 2019, gerando uma receita de  14,45 milhões de dólares. Com a pandemia, o setor viu suas exportações despencarem. Um comparativo feito pelo Ibrac indica que nos primeiros nove meses de 2020 as exportações de Cachaça caíram 33,08% em valor e 20,21% em volume, se comparado com o mesmo período de 2019.

 

 

Acompanhe tudo sobre:Bebidasbebidas-alcoolicasCachaçaContrabando

Mais de Negócios

Azeite a R$ 9, TV a R$ 550: a lógica dos descontaços do Magalu na Black Friday

20 frases inspiradoras de bilionários que vão mudar sua forma de pensar nos negócios

“Reputação é o que dizem quando você não está na sala”, reflete CEO da FSB Holding

EXAME vence premiação de melhor revista e mantém hegemonia no jornalismo econômico