Marcas de moda têm nota 21 de 100 no combate ao trabalho forçado, mostra pesquisa
Mais de 20% das empresas avaliadas obtiveram nota 5 ou menos
Redatora
Publicado em 1 de fevereiro de 2024 às 07h54.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2024 às 13h55.
A maioria das marcas de moda não está fazendo o suficiente para combater o trabalho forçado em suas cadeias de produção. Essa é a conclusão do relatório da KnowTheChain, uma organização sem fins lucrativos da Califórnia, Estados Unidos. O estudo avaliou 65 empresas do setor quanto à exposição ao risco de trabalho forçado usando uma metodologia baseada nos Princípios Orientadores da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos. As companhias obtiveram, em média, nota 21 de 100.
A gigante do luxo francesa LVMH, dona das marcas Christian Dior, Givenchy e Louis Vuitton teve uma das piores notas, 6/100. Mais de 20% das empresas avaliadas obtiveram 5/100 ou menos, deixando de fornecer e divulgar medidas para aqueles cujos direitos foram violados, afirmou a KnowTheChain no relatório. Segundo a organização, o resultado é uma "acusação em um setor em que violações dos direitos humanos são consistentemente descobertas".
Isso "demonstra que, diante de conflitos, da crise climática e da instabilidade econômica exacerbando o risco de trabalho forçado, as políticas e práticas corporativas estão aquém", afirmou o relatório da organização, divulgado no mês passado.
Melhores notas
A marca Lululemon, do Canadá, foi a melhor entre as 65 empresas, com uma pontuação de 63/100. Já a Puma (58/100) foi a segunda melhor colocada, e a Adidas (55/100) ficou em terceiro. A Nike teve nota 48 de 100. Amazon e Walmart obtiveram 32 de 100, colocando-os entre as empresas de melhor desempenho.
Metodologia
O relatório avaliou aspectos como as práticas de compras das empresas, como preços baixos que impossibilitam pagamentos adequados, falta de planejamento e mudanças de prazos e tamanho dos pedidos, que podem proporcionar condições preocupantes para trabalhadores. "As práticas de compra das empresas também podem desempenhar um papel crucial garantindo que os fornecedores possam pagar salários dignos aos trabalhadores e proporcionar um ambiente de trabalho seguro", segundo o estudo.
Também foram avaliadas características como a rastreabilidade e transparência da cadeia de produção, e as políticas para proteção das mulheres, mais sujeitas à violência sexual dentro dos ambientes fabris. "Mais da metade (55%) das empresas ainda não divulgaram dados sobre as trabalhadoras em suas cadeias de fornecimento", escreve a KnowTheChain. "A falta de divulgação da composição de gênero da força de trabalho sugere uma atenção limitada aos riscos de gênero que a maioria dos trabalhadores na indústria de vestuário enfrenta globalmente".