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Líder em genéricos no País, EMS está na disputa para comprar multinacional

Segundo fontes, o grupo farmacêutico está no páreo para a compra do laboratório europeu Medis, braço da israelense Teva

LINHA DE PRODUÇÃO DA EMS: de acordo com fontes, a falta de perspectiva de crescimento no mercado nacional tem levado laboratórios nacionais mais capitalizados a investir no mercado internacional (Alexandre Battibugli/EXAME.com/Exame)

LINHA DE PRODUÇÃO DA EMS: de acordo com fontes, a falta de perspectiva de crescimento no mercado nacional tem levado laboratórios nacionais mais capitalizados a investir no mercado internacional (Alexandre Battibugli/EXAME.com/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de outubro de 2018 às 11h35.

O grupo farmacêutico EMS, do empresário brasileiro Carlos Sanchez, está no páreo para a compra do laboratório europeu Medis, braço da israelense Teva, apurou o jornal O Estado de S. Paulo com duas fontes a par do assunto. Maior produtor de medicamentos genéricos do País, a EMS está participando com outras empresas estrangeiras e fundos de private equity do processo para adquirir a companhia.

A empresa de Sanchez estaria levantando um empréstimo de cerca de ¤ 900 milhões (cerca de R$ 4,2 bilhões) para usar parte dos recursos como garantia para a possível aquisição, segundo uma fonte de mercado.

Com sede na Islândia e fábricas pela Europa, a Medis foi colocada à venda há um ano e está avaliada entre US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão, segundo a agência Bloomberg.

Gigante global de medicamentos de genéricos, a Teva está se desfazendo de parte de seus negócios para reduzir seu endividamento. A companhia comprou a Allergan, em 2015, por cerca de US$ 40,5 bilhões. O Citibank está assessorando a Teva nesta operação.

Procurados, a EMS e o Citibank não comentaram. Já a Medis e Teva não retornaram os pedidos de entrevista.

Internacionalização

Maior laboratório do País, a EMS, controlada pela holding da família Sanchez, a NC Pharma, encerrou o ano passado com faturamento bruto de R$ 12,2 bilhões. Se consideradas as vendas líquidas, com os descontos já concedidos no varejo, a receita ficou em R$ 4,7 bilhões, apurou o jornal O Estado de S. Paulo.

Líder no setor, com 8,37% de participação no mercado, a EMS adotou nos últimos anos um plano agressivo de expansão dentro e fora do País. Em 2013, criou a Brace Pharma para atuar no mercado norte-americano por meio de investimentos em medicamentos inovadores. No ano passado, a companhia ganhou licitação para administrar a farmacêutica Galenika, com sede na Sérvia.

Caso a EMS concluir a negociação da Medis, o negócio será a maior transação envolvendo uma farmacêutica nacional no exterior. Concorrentes nacionais da EMS, como a Eurofarma e a Biolab, também deram importantes passos para a internacionalização de seus negócios.

De acordo com fontes do setor farmacêutico, a falta de perspectiva de crescimento no mercado nacional tem levado laboratórios nacionais mais capitalizados a investir no mercado internacional. Entre 2009 e 2012, o setor viveu um boom de investimentos, com importantes multinacionais fazendo pesadas aquisições no Brasil. Foram os casos da americana Pfizer, que comprou uma fatia da Teuto; da francesa Sanofi, que negociou a Medley; e da japonesa Takeda, que levou a Multilab.

Esse movimento, contudo, se inverteu. Pfizer decidiu vender sua parte na Teuto para a própria família fundadora do negócio, enquanto a Takeda vendeu a Multilab seis anos depois de entrar no Brasil para a NC, também de Carlos Sanchez.

Desaceleração

Depois de anos crescendo acima de 10%, o setor farmacêutico nacional sentiu o impacto da crise e reduziu a expansão. O setor deve encerrar o ano com alta entre 8% e 9% nas vendas, movimentando R$ 58 bilhões, além de R$ 20 bilhões em vendas governamentais. O movimento de consolidação deve continuar, mas em ritmo menor que o registrado nos últimos anos. O setor de saúde continuará atraindo investidores, mas os negócios envolvendo a indústria farmacêutica devem perder o ritmo.

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