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JBS: na peste suína africana, a chance de esquecer a Lava-Jato

Com epidemia que leva China a sacrificar suínos, JBS tem oportunidade de crescer exportações para o país

Tomazoni, novo presidente global da JBS: empresa é um dos nove frigoríficos brasileiros autorizados a exportar para a China (Germano Lüders/Exame)

Tomazoni, novo presidente global da JBS: empresa é um dos nove frigoríficos brasileiros autorizados a exportar para a China (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2019 às 06h36.

Última atualização em 13 de maio de 2019 às 11h41.

Em 2005, a epidemia de gripe aviária alçou o Brasil ao posto de maior exportador de frangos do mundo. Quatorze anos depois, a história pode se repetir, mas agora com porcos. O motivo é a peste suína africana que obrigou a China — maior produtor e consumidor global da proteína — a sacrificar quase 200 milhões de animais desde agosto de 2018. É neste cenário que a JBS, um dos nove frigoríficos com autorização para exportar à China, divulga seus resultados referentes ao primeiro trimestre nesta segunda-feira, 13.

A oportunidade é boa para os frigoríficos brasileiros: em abril, as exportações do Brasil para o gigante asiático atingiram 35,8 milhões de dólares, maior volume mensal desde o início da série histórica em 1997 e 42% maior que o mesmo período do ano passado, de acordo com informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da USP, ao jornal O Estado de S.Paulo.

Nessa janela de oportunidade, nos números da JBS para o trimestre, o Itaú BBA prevê aumento de 10,1% no faturamento, para 43,8 bilhões de reais, e lucro líquido de 574,7 milhões de reais. Os resultados devem continuar crescendo: os frigoríficos brasileiros podem se beneficiar de uma janela de exportações de dois a três anos, tempo estimado para a China recompor sua produção de suínos. A expectativa para 2019 é exportar 900.000 toneladas de suínos, melhorando a posição do Brasil de quarto maior exportador de suíno do mundo, atrás de União Europeia, Estados Unidos e Canadá.

Assim, desde o início do ano, as ações da JBS subiram 73% — somente em abril, a alta foi de 24%. Um ponto positivo da empresa, segundo relatório do banco BTG Pactual, é a exposição ao mercado global, maior que a de concorrentes como Mafrig e BRF.

Os bons ventos do mercado internacional vêm em um momento em que a JBS tenta voltar a focar nos negócios após anos em que qualquer menção à empresa é imediatamente associado aos escândalos de corrupção protagonizados pelos irmãos Wesley e Joesley Batista.

Não vai ser tão fácil. A gestora de recursos GWI entrou há quase um mês com pedido de arbitragem contra a JBS, com o investidor coreano Mu Hak You alegando ter sofrido prejuízos após as delações de Joesley e Wesley Batista em maio de 2017 contra o então presidente Michel Temer. Mu Hak You quer ser ressarcido pela forte desvalorização dos fundos geridos pela GWI, que tinham ações na JBS no portfólio.

Com os irmãos Batista encrencados, quem assumiu o camando da JBS foi o pai e fundador da empresa, José Baptista Sobrinho (que dá nome à companhia). Em dezembro, Sobrinho passou o cargo de diretor-presidente ao então chefe global de operações, Gilberto Tomazoni, em um processo de renovação do comando da companhia. Caberá a ele a tarefa de fazer a JBS voltar a focar somente nos negócios, e não nas operações da Polícia Federal.

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