Irlanda critica UE e nega tratamento fiscal favorável à Apple
A Comissão Europeia ordenou que país cobrasse 13 bilhões de euros da Apple por vantagens fiscais ilegais
EFE
Publicado em 19 de dezembro de 2016 às 08h50.
Última atualização em 19 de dezembro de 2016 às 10h14.
Londres - O governo da Irlanda negou nesta segunda-feira que tenha oferecido tratamento fiscal favorável à Apple e não aceita a análise da Comissão Europeia (CE) de que deve cobrar bilhões de euros da empresa americana por vantagens fiscais.
A Irlanda, que já tinha informado há alguns meses que recorreria da decisão da CE, considera que a exigência dos reguladores comunitários representa uma interferência na soberania do país.
O Ministério das Finanças irlandês afirmou hoje, em comunicado, que a CE "entendeu mal os fatos relevantes e a legislação irlandesa", por isso decidiu levar o caso ao Tribunal Geral da União Europeia (UE) a fim de anular a decisão.
Em setembro, a Irlanda comunicou que apelaria da decisão depois que a CE lhe ordenou cobrar 13 bilhões de euros da empresa tecnológica americana por vantagens fiscais ilegais.
"A Irlanda não deu um tratamento fiscal favorável à Apple. A quantidade completa de imposto foi paga neste caso e não foi fornecida ajuda estatal. A Irlanda não chega a acordos com os contribuintes", especificou a nota do Ministério.
Ao argumentar sua posição, o país europeu especificou que a comissão se excedeu em suas competências e interferiu em sua soberania fiscal.
Além disso, o governo irlandês considera que a CE não ofereceu as razões adequadas sobre sua decisão e "violou seu dever de fornecer uma declaração clara e unilateral" sobre as razões da mesma.
O Executivo irlandês teme que este assunto possa trazer prejuízo para a credibilidade do sistema tributário do país e sustenta que, em prol do interesse em longo prazo, não lhe convém ser percebido como um paraíso fiscal.
A CE concluiu há alguns meses que a Irlanda concedeu benefícios fiscais "ilegais" à companhia tecnológica no valor de 13 bilhões de euros, o que teria permitido que a Apple "pagasse significativamente menos impostos que outras companhias".
Segundo a CE, dois acordos fiscais concedidos pela Irlanda à Apple - o primeiro em 1991 e o segundo em 2007 - tinham reduzido de maneira substancial e artificialmente os impostos pagos no país por esta empresa desde 1991.