Investida do bilionário Bernard Arnault, startup faz sucesso usando IA para evitar furtos no Brasil
O Brasil é o terceiro maior mercado da Veesion, startup francesa investida de Bernard Arnault que pretende abrir escritório por aqui no próximo ano
Repórter de Negócios
Publicado em 17 de julho de 2024 às 10h52.
Última atualização em 17 de julho de 2024 às 15h17.
Inteligência artificial, tecnologia antifurto e Bernard Arnault , o homem mais rico da Europa e ex-mais rico do mundo. Esse é o caldo que dá liga ao negócio da Veesion, startup francesa que tem o Brasil como o terceiro maior mercado entre os mais de 25 onde está presente.
Arnault, o empresário no comando da francesa LVMH , maior holding do mercado de luxo do mundo, foi um dos primeiros investidores e manteve uma participação acentuada por um bom período.A startup captou 15 milhões de euros desde 2018, ano de início da fase de desenvolvimento.
A Veesion é dona de um software de videovigilância, criado a partir do emprego de inteligência artificial, que detecta gestos suspeitos dos transeuntes.O mecanismo é conectado às câmeras de segurança dos estabelecimentos, acompanhando os gestos dos clientes em movimento pelas lojas.
Como funciona a tecnologia
“O algoritmo vê, basicamente, três componentes de IA diferentes para entender os gestos das pessoas no vídeo”, afirma Benoît Koenig, CEO e um dos fundadores da Veesion.
Entre eles, a detecção humana, localizando as pessoas para analisá-las separadamente, e o reconhecimento de objetos, identificando bolsas, sacolas e cestas de compras.O mais importante, segundo Koening, para evitar vieses discriminatórios é o componente conhecido como ‘estimativa de pose’. “Essas zonas coloridas mostram as partes do corpo das pessoas, como o tronco, o braço, o antebraço e a mão. Isso é o que o algoritmo vê, não importa a aparência das pessoas. O que interessa é como a mão e o corpo se movimentam com o tempo”, diz.
Quando captura um movimento impróprio, a tecnologia sinaliza enviando um vídeo em tempo real para os donos dos estabelecimentos - ou área de segurança. Na abordagem mais comum até aqui, os lojistas procuram se antecipar e mostrar aos consumidores que sabem que tem algo de errado.
O francês Benoît Koenig criou a startup com dois sócios logo após terminar os estudos em inteligência artificial. Na busca por campos a explorar, o trio tinha uma certeza: os casos de uso de IA em vídeo eram a próxima revolução.
“Nós pensamos em diferentes aplicações em vídeos. Como a minha família comanda algumas lojas em Paris e estávamos cientes dos furtos, decidimos criar essa solução como a primeira”, diz Koenig.De acordo com números da startup, os clientes têm alcançado diminuições entre 30% e 60% nos furtos.
De Paris, a tecnologia avançou por 25 países e está em mais de 4.000 varejistas de pequeno e médio portes - como mercadinhos, lojas independentes e farmácias - e também grandes redes como Walmart e Leroy Merlin. No Brasil, são mais de 250 clientes.
Como a Veesion tem crescido no Brasil
60% da receita vem de fora da França e o Brasil é o terceiro maior mercado, atrás da França e dos Estados Unidos, e também o que cresce mais rápido. “Provavelmente, será o segundo, talvez o primeiro, nos próximos dois anos”, afirma Koenig.
A empresa não tem escritório por aqui. Os empreendedores locais começaram a ser impactados pelos anúncios que a Veesion fazia em redes sociais para varejistas portugueses, país em que mantém uma unidade. Uma reportagem exibida na Record impulsionou de vez o conhecimento sobre a plataforma.
Dada a relevância, a startup planeja desembarcar oficialmente em terras brasileiras no ano que vem, com uma unidade em São Paulo e uma equipe de 10 pessoas.Algumas diferenças chamam a atenção do francês em relação a outros mercados, como o uso do WhatsApp, o funcionamento de lojas 24 horas e também a presença de seguranças em frente aos estabelecimentos. “Isso não é tão comum na França”, afirma.
Em busca de 20 milhões de euros
Para os planos de expansão, o que também inclui a abertura de uma filial nos Estados Unidos, a Veesion vai abrir uma rodada série B em setembro buscando captar 20 milhões de euros. A startup pretende atrair fundos americanos para aporte, mas a presença de Arnault também já está confirmada no acordo.
A relação da startup com o dono da LVMH veio a partir da escola de engenharia, a HEC Paris (École des Hautes Études Commerciales), onde ambos estudaram na capital francesa.Como o bilionário investe em startups, a partir de um family office, os jovens empreendedores usaram o networking para apresentar as ambições da Veesion.
“A sinergia é grande porque Bernard Arnault tem diferentes empresas, principalmente no varejo, e os furtos são também um problema para o mercado de luxo”, diz o CEO. Segundo ele, apesar de o foco da startup ser pequenas e médias empresas, testes estão em andamento em negócios que integram o grupo comandado por Arnault.
Bernard Arnault tem uma fortuna estimada em US$ 191,6 bilhões e ocupa a terceira colocação entre os mais ricos do mundo.