Negócios

Grupos tradicionais aceleram parcerias com startups em busca de inovação

Entre maio de 2020 e junho deste ano, o número de acordos desse tipo praticamente dobrou, saindo de 13.433 para 26.348

 (oxygen/Getty Images)

(oxygen/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de agosto de 2021 às 17h32.

Última atualização em 23 de agosto de 2021 às 17h40.

A aposta das empresas tradicionais em parcerias com startups para avançar no campo da inovação vem crescendo. Entre maio de 2020 e junho deste ano, o número de acordos desse tipo praticamente dobrou, saindo de 13.433 para 26.348. O valor total de contratos fechados subiu de 800 milhões para 2,2 bilhões de reais — um crescimento de 175%, segundo a plataforma 100 Open Startups.

"A aproximação das empresas com os empreendedores vem crescendo ano após ano, mas ganhou ainda mais impulso com a pandemia e a necessidade de digitalização", diz o cofundador da plataforma de inovação, Rafael Levy.

Esses números mostram uma clara mudança de perfil. Se, no passado, o desenvolvimento de novos produtos e de soluções vinham de programas de P? em logística para varejo; e também na área de saúde para os funcionários.

Segundo Paula Harraca, diretora de estratégia, ESG, inovação e transformação do negócio da companhia na América Latina e Mineração Brasil, hoje 70% das inovações feitas em parcerias são voltadas para o "core business" da empresa. Outros 30% estão relacionados a novos mercados e fronteiras de negócios.

Novas formas para acordos com startups

Uma tendência dentro das empresas para se aproximarem cada vez mais das startups e capturarem ideias inovadoras tem sido a criação do chamado Corporate Venture Capital (CVC) — semelhante aos fundos de venture capital. A diferença é que eles são formados com o capital de uma empresa que tem objetivos de buscar soluções para problemas internos. A ideia é descobrir tecnologias disruptivas e ideais para o negócio e, ao mesmo tempo, ganhar dinheiro com o crescimento da startup.

A ArcelorMittal, por exemplo, lançou em maio deste ano o Açolab Ventures, um CVC com orçamento de 110 milhões de reais para investir em até 15 startups em quatro anos, afirma Paula Harraca, diretora de estratégia, ESG, inovação e transformação do negócio da companhia na América Latina e Mineração Brasil.

O grupo siderúrgico ficou em segundo lugar no ranking da "100 Open Corps" pelo segundo ano consecutivo.

"Estamos procurando startups mais maduras, com soluções já validadas para melhorar nossa competitividade e sustentabilidade", diz Paula.

Segundo ela, o objetivo do CVC é acelerar startups e pequenas empresas inovadoras no Brasil e na América Latina. "Queremos desenvolver novos produtos, soluções e serviços e explorar novas fronteiras e novos mercados."

A executiva conta que, desde 2018, a ArcelorMittal já investiu 50 milhões de reais em startups e já analisou mais de 7.000 empresas.

União de forças

Outro que seguiu a estratégia foi o BMG. O grupo mineiro, que se manteve entre as três empresas com mais parcerias com startups nos últimos três anos, também tem um CVC para encontrar soluções nas suas áreas de atuação que vão do setor financeiro ao agronegócio e logística.

Nos últimos anos, a empresa investiu em mais de 80 startups.

"Temos de tentar unir forças. Assim como a startup, a grande empresa tem suas vantagens [como a estrutura para apoiar projeto]", diz o presidente do BMG Uptech (o braço de inovação do Grupo BMG), Rodolfo Santos.

Além do CVC, um outro instrumento que começa a ganhar força dentro das empresas é o Corporate Venture Bulding (CVB), de acordo com o sócio e cofundador da The Bakery no Brasil, Felipe Novaes.

O CVB é uma empresa que investe, constrói e desenvolve startups para grandes corporações. "Essa startup pode ser criada do zero ou a partir de um projeto existente."

Com conexões em universidades, startups e fundos de investimentos, a The Bakery — presente em 16 países — faz esse tipo de trabalho de forma industrial e rápida. No momento, a empresa tem dez startups em processo de construção para grandes empresas.

"Uma venture building constrói ou mata negócios de uma maneira mais eficiente, uma vez que diminui a curva de aprendizado dos empreendedores e interrompe o desembolso caso a ideia se mostre, de fato, inviável. Com isso, usa menos dinheiro do caixa das empresas no médio e longo prazos", explica Rodrigo de Alvarenga, chefe de CVB e CVC da The Bakery.

  • Quais são as tendências entre as maiores empresas do Brasil e do mundo? Assine a EXAME e saiba mais.
Acompanhe tudo sobre:acordos-empresariaisEmpresasInovaçãoStartups

Mais de Negócios

De food truck a 130 restaurantes: como dois catarinenses vão fazer R$ 40 milhões com comida mexicana

Peugeot: dinastia centenária de automóveis escolhe sucessor; saiba quem é

Imigrante polonês vai de 'quebrado' a bilionário nos EUA em 23 anos

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira