Gazprom reduzirá entregas de gás por Nord Stream a partir de quarta-feira, 27
O gasoduto Nord Stream liga a Rússia com a Alemanha pelo Mar Báltico e é uma infraestrutura estratégica para o fornecimento de gás à Europa; leia o posicionamento da Siemens
AFP
Publicado em 25 de julho de 2022 às 16h22.
A empresa russa Gazprom informou, nesta segunda-feira, 25, que reduzirá as entregas diárias de gás pelo gasoduto Nord Stream para 33 milhões de m³ a partir de quarta-feira, 27, pela necessidade de manutenção de uma turbina.
"A capacidade produtiva da estação de compressão de Portovaya passará para 33 milhões de m³ em 27 de julho às 07h00" (01h00 em Brasília), indicou a Gazprom no Telegram, o que representa cerca de 20% da capacidade do gasoduto, frente aos 40% atuais.
Em junho, a Rússia já havia reduzido em duas ocasiões o volume de entregas, alegando que o gasoduto não poderia funcionar normalmente sem uma turbina que passava por reparos no Canadá e não havia retornado à Rússia devido às sanções impostas pelos países do Ocidente por sua invasão da Ucrânia.
Alemanha e Canadá concordaram em levar o equipamento à Rússia, mas a turbina ainda não foi entregue.
Para o governo alemão, porém, trata-se de uma decisão "política" e um "pretexto" para pressionar o Ocidente no contexto do conflito na Ucrânia.
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"De acordo com as nossas informações, não há nenhuma razão técnica para reduzir as entregas", disse uma porta-voz do Ministério da Economia alemão à AFP.
O grupo alemão Siemens Energy, responsável pela manutenção da turbina, também afirmou, em comunicado enviado à AFP, que não havia "nenhuma relação entre a turbina e as reduções de gás aplicadas ou anunciadas".
O presidente russo, Vladimir Putin, havia advertido que se o seu país não recebesse a turbina, o gasoduto funcionaria a 20% de capacidade a partir desta semana devido à necessidade de manutenção de uma segunda turbina.
Siemens nega argumento da Gazprom
O Nord Stream tem capacidade de 167 milhões de m³, segundo a Gazprom, e liga a Rússia com a Alemanha pelo Mar Báltico. É uma infraestrutura estratégica para o fornecimento de gás à Europa, muito dependente dos recursos energéticos russos.
Os países ocidentais acusam Moscou de usar sua energia como arma em resposta às sanções adotadas por causa da invasão.
O Kremlin, em troca, assegura que as sanções são a origem dos problemas técnicos do gasoduto.
Em um comunicado anterior da Gazprom emitido nesta segunda-feira, o grupo assinalou que a entrega da primeira turbina que está no centro da disputa estava bloqueada e mencionou "problemas [devido às] sanções da UE e do Reino Unido".
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"Sua resolução é importante para permitir a entrega do motor à Rússia e para realizar os reparos completos e urgentes de outros motores de turbina de gás para a estação de compressão de Portovaya", acrescentou.
A Siemens também refutou o argumento da Gazprom: "O transporte da turbina poderia começar imediatamente. As autoridades alemãs forneceram à Siemens Energy todos os documentos necessários para a exportação da turbina à Rússia no início da semana passada. A Gazprom sabe", explicou o grupo nesta segunda.
"O que falta, no entanto, são os documentos alfandegários para a importação da Rússia. A Gazprom, como cliente, é obrigada a fornecê-los", acrescentou a empresa.
A Comissão Europeia propôs aos países do bloco europeu que reduzam seu consumo em ao menos 15% entre agosto de 2022 e março de 2023, em comparação à média dos últimos cinco anos no mesmo período, para enfrentar a queda de abastecimento.
(AFP)
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