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Elevador do Hopi Hari vai voltar? Os planos do parque para se recuperar de dívida de R$ 450 milhões

Parque de diversões de Vinhedo, em São Paulo, registra aumento de visitantes e bateu os 160 milhões de reais em receita em 2023

Hopi Hari: parque teve 1 milhão de visitantes em 2023 (Rafael Acorsi/Flickr)

Hopi Hari: parque teve 1 milhão de visitantes em 2023 (Rafael Acorsi/Flickr)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 16 de abril de 2024 às 11h01.

Última atualização em 16 de abril de 2024 às 14h35.

Uma torre de quase 70 metros de altura irrompe do chão bem na entrada do Hopi Hari, um dos mais tradicionais parques de diversões do país, em Vinhedo, São Paulo. Trata-se do brinquedo desativado conhecido como La Tour Eiffel, um elevador que despenca em queda livre.

A atração, uma das mais famosas do parque, está fechada desde fevereiro de 2012, após a morte de uma adolescente de 14 anos que morava no Japão e visitava o Brasil em férias com os pais e a irmã. Na época, investigações da polícia apontaram que a vítima caiu do brinquedo porque usou uma cadeira que estava quebrada. 

Desde então, o brinquedo foi interditado. Fisicamente, porém, ele segue lá até hoje e acaba sendo o reflexo de uma crise que atingiu o parque desde então. Além de uma recuperação judicial na casa dos 450 milhões de reais, houve um impacto imensurável: o de imagem e de credibilidade

“Fizemos uma pesquisa recentemente na região de São Paulo, e 80% das pessoas achavam que o parque estava fechado”, diz o atual gestor do Hopi Hari, Alexandre Rodrigues.

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Mas o parque não está fechado. Pelo contrário. Desde 2019, vem numa toada de recuperação. Recentemente, teve o plano de recuperação judicial aprovado pelos credores e tem crescido a receita ano após ano. Em 2023, cresceu 20% em receitas e fechou o ano faturando 162 milhões de reais. 

Agora, coloca o elevador, símbolo máximo da crise da empresa, em outra posição. Rodrigues trabalha desde antes da pandemia para reabrir a atração. A ideia é que ela fique completamente remodelada, ganhando novo nome, identidade e visual. A intenção é avançar o máximo possível em 2024 para reabrir a torre o quanto antes. 

“É péssimo para nossa imagem os clientes chegarem no parque e verem aquela torre parada”, diz. “É o estandarte do problema. Precisamos fazer ele voltar a funcionar”.

Como está o processo de reestruturação do Hopi Hari

Quando Rodrigues assumiu a gestão do parque em 2018, o Hopi Hari faturava cerca de 70 milhões de reais. Em cinco anos, a receita mais que dobrou. Durante esse período, o executivo precisou atravessar alguns obstáculos. O maior deles, sem dúvida, foi a recuperação judicial

“Quando entrei, precisei refazer o plano de recuperação judicial, que foi feito muito na correria e não tinha sustentação jurídica”, diz. “Tivemos que remontar toda estrutura contábil para dar subsídio para o juiz e para o administrador judicial”. 

O plano acabou sendo aprovado em fevereiro de 2022. A dívida total era de 450 milhões de reais, mas a empresa conseguiu um deságio de 100 milhões de reais assim que aprovou o plano. Em outras palavras, quanto precisa pagar para superar essa crise são cerca de 350 milhões de reais.

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O projeto prevê um pagamento aos credores num período de 16 anos. Para fornecedores, há um deságio de 50% no valor da dívida, se o parque honrar o pagamento anualmente. Para as dívidas trabalhistas, o pagamento será feito integralmente, bem como para os credores de garantia real, como o BNDES, principal credor do parque. 

“Nossa ideia, porém, é pagar bem antes do que os 16 anos”, diz Rodrigues. “Estamos trabalhando para isso, e o principal sinal é o de que estamos crescendo a receita”. 

Em 2022, a empresa faturou 140 milhões de reais. Em 2023, subiu para 162 milhões de reais, com a visita de um milhão de pessoas. A meta para este ano é chegar aos 200 milhões de reais em receitas.

Como o Hopi Hari está aumentando as receitas

Quando Rodrigues assumiu o parque em 2019, um objetivo claro, além de estruturar a recuperação judicial, era fazer o Hopi Hari voltar a ser visto. 

“Estamos num raio de 100 quilômetros de São Paulo”, diz. “Por aqui, temos de 20 a 30 milhões de pessoas. Acreditamos que 80% delas imaginam que o parque está fechado. É um dado ruim, mas indica também uma grande oportunidade”.

“Fizemos do limão, uma limonada”, continua. “Somos muito fortes na questão da publicidade e estamos divulgando que o Hopi Hari está vivo e cada vez melhor”.

No último ano, três pequenas novas atrações chegaram ao parque. Foram as primeiras novidades em 15 anos. A empresa também voltou a fazer parcerias importantes com marcas como FEMSA Coca-Cola, Sherwin Williams e Chilli Beans. 

O trunfo do retorno, porém, segue sendo a reativação do elevador. Prometido desde 2020, o projeto foi desacelerado durante a pandemia e agora volta com tudo. 

“Esse ano, estamos fortemente negociando com o Ministério Público e com o fabricante da torre para que consigamos o mais rápido possível fazer a reforma”, diz. “Pelo projeto que temos, é uma atração do zero. Será completamente diferente, num sistema muito mais moderno”. 

A necessidade de negociar com o Ministério Público acontece porque, desde a morte da turista em 2012, é o MP que toma conta da atração. Qualquer mudança por ali precisa da aprovação do órgão público. 

No final do ano passado, começaram as avaliações para ver quanto a reforma custará. O laudo deve sair até o final do mês, acredita Rodrigues. Com o laudo e o novo projeto desenhado, bastará a aprovação do Ministério Público para o início das obras. Quando tudo isso for aprovado, a fabricante terá ainda 18 meses para entregar a torre pronta. Ou seja, a nova atração deve ficar mesmo para 2025, ou até mesmo no início de 2026.

“Mas acredite, essa atração vai ser colocada em pé e vai ser uma atração incrível”, diz o empresário. 

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