Negócios

Ele já vendeu sorvete, DVDs de anime e sex toys, mas os R$ 40 milhões só vieram com aulas de inglês

Os primeiros negócios de Diogo Aguilar, fundador da Fluencypass, não engataram tanto, mas o empreendedor não desistiu

Diogo Aguilar, da Fluency Pass: empreendedor até foi funcionário durante um tempo, mas seu negócio mesmo é empreender (Fluency Pass/Divulgação)

Diogo Aguilar, da Fluency Pass: empreendedor até foi funcionário durante um tempo, mas seu negócio mesmo é empreender (Fluency Pass/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 2 de setembro de 2024 às 16h45.

Última atualização em 2 de setembro de 2024 às 20h59.

A trajetória empreendedora de Diogo Aguilar, fundador da Fluencypass, empresa de intercâmbio e curso de idiomas online, mostra que a vida empreendedora não é linear, e que nem sempre o primeiro negócio vai ser o vitorioso. Hoje, sua empresa fatura R$ 40 milhões com inglês e intercâmbio, mas antes disso, ele já testou outras empreitadas: da venda de sorvete a um plano de recorrência para venda de itens de sex shop.

Aos 34 anos, o empreendedor paulista teve suas primeiras experiências de negócios nos anos 1990, ainda criança. Vendeu doces e sorvetes em casa e chegou a tentar montar uma academia no porão.

Aí veio a internet, e ele começou a empreender em outra frente. Fã de desenhos animados asiáticos, criou o Anime Staff, um dos maiores sites de animes do Brasil. Aproveitou o sucesso de audiência para vender CDs e DVDs com os desenhos. “Era tudo muito incipiente”, diz. “A conta para pagar era a da minha mãe ainda. Quase não existia e-commerce”. Depois, ganhou os primeiros mil dólares do Google com um site dos Cavaleiros do Zodíaco.

A experiência de e-commerce com animes permitiu que Aguilar fizesse um curso técnico em informática e passasse alguns anos trabalhando em empresas como Rakuten e Walmart, sempre desenvolvendo seus e-commerces.

Quando viajou para Malta para passar seis meses fazendo intercâmbio, percebeu que o setor de viagens com cursos ainda era muito analógico. “Era difícil encontrar agências que prestavam esse serviço na internet, ainda mais para países mais desconhecidos”, afirma.

Dessa falta de tecnologia, encontrou uma oportunidade para empreender. Criou uma plataforma online que serviria como um marketplace de intercâmbios. Mas o negócio logo evoluiu para também ajudar os estudantes a aprenderem idiomas.

“O estudante fazia sete anos de inglês no Brasil, já tinha investido uns 80.000 reais, e quando ia fazer o teste para saber o nível do intercâmbio, aparecia que era básico para intermediário”, diz. “Percebemos que tínhamos também que ensinar o estudante de intercâmbio o inglês e ajudá-lo na conversação”.

Nascia assim a Fluencypass, uma plataforma que vende cursos de inglês pensando no intercâmbio - e já comercializando junto com a viagem.

Com esse modelo, a empresa vai faturar 40 milhões de reais em 2024, um crescimento de 60% em relação a 2023. E com planos de crescer apoiado na venda de cursos diretamente para empresas, escolas e governo.

Qual é a história de Diogo e da Fluencypass

Diogo trabalhava na Walmart, no início dos anos 2000, quando percebeu que seu negócio era, mesmo, o empreendedorismo. Ele identificou uma tendência que começava a surgir na primeira metade da década e apostou nela: as vendas coletivas.

“Eu criei uma empresa que chegou a faturar algo em torno de 5 milhões de reais”, diz. “Mas o movimento começou a cair porque entrou muito player no mercado”.

O conhecimento que adquiriu, porém, fez com que fosse convidado para ajudar no desenvolvimento de um site de compras coletivas na República Dominicana. “Em quatro dias, tirei passaporte de emergência, comprei um livro de espanhol e me meti na República Dominicana”, afirma. Por lá, ajudou a empresa a atingir o lucro e estruturar a operação. Em sete meses e com a missão cumprida, trabalhou um período nos Estados Unidos e voltou ao Brasil.

Aqui, até voltou a ser funcionário em empresas, mas seu negócio mesmo era empreender. Tentou uma empreitada comercializando caixas com itens sensuais para apimentar a relação dos casais, mas o negócio não vingou. Quando tirou um período para fazer intercâmbio com sua então namorada em Malta, aproveitou para conceber o que viria a ser a Fluencypass.

Qual é a estrutura da Fluencypass hoje

A Fluencypass conta hoje com 114 funcionários e um escritório de 600 metros quadrados no ABC Paulista. É a maior startup do ABC Paulista.

A empresa se divide em quatro principais frentes de negócio:

  • cursos de inglês
  • intercâmbios
  • soluções para empresas
  • parcerias com escolas e governos para fornecer soluções educacionais.

“A Fluencypass é pioneira no conceito de intercâmbio por assinatura, onde o aluno pode estudar inglês online e, ao final, fazer um intercâmbio de duas semanas em uma das mais de 40 cidades ao redor do mundo”, afirma Diogo.

Já as duas últimas áreas são a aposta da empresa para seguir crescendo nos próximos anos.

A área de cursos de inglês representa 75% do faturamento da empresa, enquanto o segmento de intercâmbios responde por cerca de 15%.

"Começamos com 100% do faturamento vindo de intercâmbios, mas, ao longo do tempo, diversificamos nossos serviços, o que resultou nessa nova composição”, diz. "A linha de educação básica é uma unidade de negócio nova, mas promissora, que pode duplicar nosso faturamento com um único contrato".

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Qual é o futuro da Fluencypass

A Fluencypass já foi criada com uma visão global, e a expansão internacional está nos planos da empresa. "A marca foi concebida para ser global, e já estamos preparando o terreno para levar nossas soluções para outros mercados”.

Em 2024, a prioridade é acelerar o crescimento das quatro unidades de negócio, com foco especial na educação básica, tanto no setor privado quanto no público.

“Com a expansão das nossas unidades e produtos, esperamos dobrar o faturamento no próximo ano”, diz Aguilar, rumo aos 100 milhões de reais em receita.

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