Dono do New York Sun faz oferta de quase R$ 4 bilhões pelo jornal Telegraph
Aquisição pode resolver disputa de 16 meses pelo controle do periódico britânico
Redator na Exame
Publicado em 7 de outubro de 2024 às 12h22.
Última atualização em 7 de outubro de 2024 às 12h31.
O empresário Dovid Efune, proprietário do New York Sun, está perto de concluir um acordo para adquirir o jornal britânico Telegraph por mais de £550 milhões (cerca de R$ 3,93 bilhões). O negócio pode encerrar uma disputa de 16 meses pelo controle do periódico nacional conservador, com expectativa de conclusão na próxima semana. As informações são do Financial Times.
Efune deve entrar em negociações exclusivas com o grupo RedBird IMI, segundo fontes próximas às discussões. As conversas entre as duas partes estão avançadas, embora ainda não tenham sido finalizadas. O acordo pode ser formalizado no início da próxima semana, caso as partes cheguem a um consenso.
A decisão do grupo RedBird IMI de prosseguir com as negociações com Efune elimina a concorrência de outros interessados, como David Montgomery, do grupo National World, o gestor de fundos Paul Marshall e o ex-ministro britânico Nadhim Zahawi. Fontes ligadas ao processo afirmam que Efune ofereceu mais pelo jornal em comparação com outras partes interessadas, incluindo a National World.
Contexto do negócio
A RedBird IMI, que conquistou o direito de adquirir o Telegraph e a revista The Spectator no ano passado por £600 milhões (R$ 4,2 bilhões), enfrentou bloqueios para concluir o negócio devido a preocupações levantadas por políticos sobre o fato de um jornal nacional britânico estar, em parte, sob influência de um grupo financiado por Abu Dhabi. Desde então, a Spectator foi vendida separadamente para Paul Marshall por £100 milhões (R$ 713 milhões), o que significa que a venda do Telegraph pode recuperar mais do investimento inicial feito pela RedBird IMI.
Com o avanço das negociações, surgem dúvidas sobre as futuras estratégias de Efune para o Telegraph. Nascido no Reino Unido, o empresário tem uma posição pública pró-Israel e já foi editor-chefe do Algemeiner, uma publicação judaica. Ele é relativamente desconhecido no cenário britânico, mas mantém laços com o país, com familiares conhecidos como Lord Stanley Kalms, ex-diretor da Dixons. Efune recebeu apoio de vários investidores e fundos americanos para sua oferta, segundo fontes próximas.
O futuro do Telegraph tem sido incerto desde que a família Barclay perdeu o controle do jornal devido a dívidas não pagas ao Lloyds Banking Group. Em seguida, o grupo RedBird IMI interrompeu o processo de venda com uma oferta de £600 milhões, mas sua tentativa de obter a propriedade total foi bloqueada pelo governo britânico. Uma campanha apoiada pela equipe editorial do jornal contribuiu para convencer ministros conservadores de que o futuro do jornal, com seu alinhamento à direita e laços próximos ao partido, não deveria estar sujeito à influência estrangeira. Desde então, o Telegraph tem sido supervisionado por um grupo de diretores independentes.