Pablo de Mello, da CloudWalk: "a antecipação de recebíveis é um instrumento fundamental para garantir a boa gestão do fluxo de caixa" (Cloudwalk/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 21 de maio de 2024 às 07h50.
Última atualização em 21 de maio de 2024 às 10h24.
A CloudWalk, dona da InfinitePay, levantou R$ 1,6 bilhão com FIDCs para financiar a operação de antecipação de recebíveis de cartão de crédito, um movimento para acompanhar o crescimento da carteira de clientes. O unicórnio encerrou o mês de abril com 1,5 milhão de micro e pequenos empreendedores.
Presente nos mais de 5.000 municípios do país, a fintech criada em 2013 por Luis Silva tem acelerado nos últimos dois anos com a ampliação da oferta de produtos. No período, introduziu serviços como concessão de crédito, gestão de vendas e de pagamento instantâneo, como a tecnologia "Tap to Pay", que transforma smartphones em terminais de pagamento sem contato.
A entrada do novo capital procura dar suporte a esta nova demanda de empreendedores. Em geral, negócios que têm entre 1 e 3 funcionários.
“Para todo esse ecossistema, a antecipação de recebíveis é um instrumento fundamental para garantir a boa gestão do fluxo de caixa, uma das maiores dores dos nossos clientes”, afirma Pablo de Mello, COO da CloudWalk. “Com o adiantamento de recebíveis, um negócio pode acessar recursos mais rapidamente, oferecendo maior liquidez para cobrir despesas operacionais, comprar mais matéria-prima ou produtos, pagar fornecedores negociando melhores preços à vista e muito mais”.
De acordo com a fintech, as taxas de antecipação variam entre 1,37% para transações no débito e 12,40% para transações parceladas em 12 vezes no Tap e na maquininha.
Com a contratação do plano, esses empreendedores podem oferecer aos clientes parcelamentos de seus produtos e serviços em até 12 parcelas no cartão. O dinheiro, porém, cai antes na conta: na mesma hora ou primeiro dia útil. Pelo adiantamento, arcam com um deságio - isto é, um desconto pela transação. A CloudWalk não abre o valor do tíquete médio das operações.
Os recursos levantados estão divididos em quatro veículos, cada um com uma política de crédito e risco diferente. O Itaú BBA liderou a estruturação dos FIDCs, iniciativa que reuniu ainda o Bradesco BBI e BV como coordenadores.
Segundo a fintech, a operação registrou uma demanda três vezes maior que a oferta inicial e contou com 30 instituições compradoras das cotas, distribuídas entre 189 estruturas de investimento de bancos, gestoras e family offices.
Com os novos veículos, a fintech chega a 8 desde que incorporou este tipo de operação. No período, a CloudWalk soma captações totais de R$ 4,9 bilhões. “Aprendemos com esses anos de experiência trabalhando com nossos clientes que um fluxo de caixa previsível permite um planejamento financeiro mais acurado, minimiza surpresas e melhora a gestão das obrigações financeiras”, diz Mello.
A fintech terminou o ano de 2023 com receita bruta de R$ 1,55 bilhão, alta de 41% sobre 2022. Até abril, registrou R$ 2,5 bilhões de receita recorrente anualizada (ARR) e um lucro líquido anualizado acima de R$ 360 milhões.
Os números, no positivo desde o fim de 2022, pavimentam os planos de internacionalização da startup, rumo aos Estados Unidos. Em andamento, a operação está sendo implementada com uma nova marca, o aplicativo Jim.com, e com a oferta de recursos de inteligência artificial e pagamento instantâneo.
Com mais de uma década de mercado, a CloudWalk captou US$ 365 milhões e foi avaliada em US$ 2,15 bilhões em novembro de 2021, quando levantou uma rodada da Série C de US$ 150 milhões liderada pela Coatue.As demais verticais de negócio, como operações de crédito, são custeadas com o caixa gerado e ainda com o dinheiro residual das rodadas de equity.