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Do trailer ao cheque de R$ 15 milhões: startup Arquiteto de Bolso capta para popularizar reformas

A startup paulistana, criada em 2016, quer tornar a arquitetura e o design acessíveis a qualquer bolso

Gabriel Alves (à esq.) e Romero Rodrigues, da Headline, e Daniel Alves e Marcia Monteiro, do Arquiteto de Bolso: dinheiro para escalar o negócio (Arquiteto de Bolso/Divulgação)

Gabriel Alves (à esq.) e Romero Rodrigues, da Headline, e Daniel Alves e Marcia Monteiro, do Arquiteto de Bolso: dinheiro para escalar o negócio (Arquiteto de Bolso/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 26 de março de 2024 às 06h55.

Última atualização em 26 de março de 2024 às 11h46.

Das páginas das revistas aos posts nas redes sociais, os elementos de decoração e reforma, forjados a partir de jogos de luz, texturas e afins, encantam muitos olhares. Por vezes, porém, afugentam uma parte da população que não vê meios - nem fundos, financeiros - para habitar naquela realidade. 

Os empreendedores Daniel Alves, designer de interiores, Marcia Monteiro, arquiteta, buscam fazer o contraponto e mostrar que essa realidade pode ser diferente. Os dois são os fundadores do Arquiteto de Bolso, startup paulistana criada ainda com um modelo bem embrionário em 2016. 

Eles montaram um trailer e prestavam consultoria em frente a grandes redes de decoração, ajudando os clientes na decisão por formato, linhas estéticas e escolha dos itens. 

Anos depois, estão recebendo um aporte de R$ 15 milhões. 

Esta é a maior captação da startup, que já recebeu recursos da Ace Ventures, Bossa Invest, Gv Angels, B2in, Grupo Primo, Joel Jota, entre outros. No total, a Arquiteto soma R$ 20 milhões de investidores, além de R$ 4 milhões dos próprios fundadores.

A captação agora vem da Headline XP, braço brasileiro de fundo global liderado no país por Romero Rodrigues.

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Como funciona a Arquiteto de Bolso

A startup foi criada como Upik, mas é conhecida por Arquiteto de Bolso, o seu principal produto. O negócio funciona com um marketplace, conectando mais de 100 profissionais como arquitetos e designers de interiores a consumidores - como a Uber, motoristas e passageiros.

A diferença é a conversa: passa por entender como o ambiente da casa será usado, os gostos dos moradores e expectativas. 

Aliado a isso, a plataforma agrega camadas de treinamento e capacitação dos profissionais, tecnologia e metodologia para que o cliente saia das conversas com os modelos dos ambientes prontos, precificados e adequados às suas vontades. Na proposta, duas horas são suficientes para os alinhamentos sobre um ambiente de 20 metros quadrados. 

Ao longo dos anos, a startup contabiliza que já contribuiu para a transformação de mais de 60.000 ambientes. Os serviços são prestados a partir de R$ 199,00. Em casos de parceria com redes de decoração, os valores podem ficar abaixo de R$ 100,00.

“Nós construímos uma engenharia dentro do negócio muito mais eficiente. O que um profissional leva até 30 dias para gerar uma proposta visual do ambiente, nós conseguimos fazer entre 30 e 120 minutos, otimizando a mão-de-obra de um profissional e fazendo com que fique acessível para o consumidor”, afirma Alves.  

Atualmente, a startup conta com uma base de 25.000 clientes, com um perfil de recorrência entre 18 e 36 meses.  Uma boa parte desses consumidores veio na pandemia, quando as pessoas ficaram dentro de casa e descobriram novas relação com os cômodos.

“Foi um período em que as pessoas passaram a conhecer e entender que arquitetura é bem-estar, saúde e qualidade de vida. Isso entrou mais na cabeça e vem transformando essa percepção desde 2020”, afirma Monteiro. No período, a startup registrou crescimento anuais acima dos 3 dígitos. (Os sócios não revelam os valores.) 

Um reflexo do aumento de interesse é que a Arquiteto de Bolso gerou mais de 100 milhões de reais em recomendações de produtos e serviços ao longo de 2023, considerando todos os clientes atendidos na plataforma e o que deveriam comprar para colocar os planos de pé. O volume é o dobro do registrado no ano anterior. 

Qual é o futuro do negócio

Apesar do crescimento recente, o conhecimento e o acesso a arquitetura e designer de interiores estão longe de serem uma unanimidade no Brasil. 

Os novos recursos serão usados para levar a conversa para um outro patamar, em uma startup que nunca fez investimento em marketing. De acordo com números internos, 36% dos clientes vêm do tradicional boca-a-boca.

“Boa parte desse investimento vem para a máquina de vendas e para nós escalarmos o negócio”, afirma Rodrigues. Na cadeira de investidor, o cofundador do Buscapé quer compartilhar os aprendizados com a Wayfair, nos Estados Unidos, e ABC da Construção, da qual faz parte do conselho, para ajudar na abertura de canais e públicos para a startup, como a criação de comunidades e programas de fidelidade. 

“Este é um mercado que ainda está arranhando a superfície, e a capacidade que a Arquiteto de Bolso tem, com metodologia, processo e tecnologia, de tornar acessível a consultoria é fantástica. Se pararmos para analisar, isso poderia estar, sem dúvida nenhuma, nas classes mais baixas da população. Esse é o primeiro ponto”, afirma. 

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