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Quem ganha com a crise dos ovos nos EUA? Startups que querem substituí-los

Um surto de gripe aviária que já levou ao abate de mais de 100 milhões de galinhas tornam os ovos vegetais numa opção atrativa

Ovos na frigideira ovo (Joe Raedle/Getty Images)

Ovos na frigideira ovo (Joe Raedle/Getty Images)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 8 de fevereiro de 2025 às 09h10.

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Nos supermercados dos Estados Unidos, a cena se repete: prateleiras vazias e avisos sobre a escassez de ovos. O motivo? Um surto de gripe aviária que já levou ao abate de mais de 100 milhões de galinhas, derrubando a oferta e disparando os preços.

O impacto é sentido no bolso dos consumidores e no mercado. Mas, enquanto muitos lamentam a escassez, algumas startups veem uma oportunidade única. Elas apostam em substitutos vegetais para os ovos, produzidos com proteínas vegetais ou fermentação de precisão.

Se antes esse mercado atraía principalmente consumidores veganos e preocupados com sustentabilidade, agora ele ganha força como uma alternativa mais segura em meio à instabilidade da produção convencional.

O fator preço também pesa. Em Nova York, o valor de uma dúzia de ovos chegou a US$ 7,24 (cerca de R$ 40 reais na cotação atual), um recorde histórico. Com isso, alternativas vegetais ganham espaço não só pelo apelo ambiental, mas também pela disponibilidade.

Compradores olham para as prateleiras quase vazias na seção de ovos de um supermercado em 23 de janeiro de 2025 em Miami, Flórida (Joe Raedle/Getty Images)

As startups que querem substituir o ovo

Diversas empresas já disputam o mercado de substitutos vegetais. Algumas são especializadas nesse segmento, enquanto outras atuam no setor de proteínas alternativas em geral. Segundo a plataforma de análise Crunchbase, são estes os destaques do mercado americano:

  • The Every Co.: a startup de São Francisco desenvolve proteínas de ovo por meio de fermentação de precisão. Já captou mais de US$ 239 milhões e busca expandir sua presença em restaurantes.
  • Onego Bio: a empresa finlandesa, que arrecadou mais de US$ 55 milhões, aposta na tecnologia para criar clara de ovo sem origem animal.
  • Eat Just: criadora do Just Egg, um dos substitutos vegetais mais populares, a startup já captou US$ 465 milhões. Seu portfólio inclui opções líquidas para omeletes e uma versão congelada para preparo rápido.
  • Yo! Egg: desenvolveu um ovo vegetal com clara e gema, ideal para frituras e receitas tradicionais.
  • Neggst: a startup alemã também aposta em um ovo vegetal que imita a estrutura do ovo convencional.

No Brasil, a startup N.ovo surgiu como uma spin-off do Grupo Mantiqueira, focada no desenvolvimento de proteínas alternativas de origem vegetal. A empresa ganhou destaque ao lançar um substituto para ovos 100% vegetal, ampliando depois seu portfólio para incluir maioneses e alternativas vegetais à carne de frango e porco.

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Um mercado mais receptivo

Em um cenário de prateleiras vazias e valores em alta, os ovos vegetais não são apenas uma escolha sustentável — podem ser, simplesmente, a única opção disponível.

Com o risco de novos surtos de gripe aviária e preços voláteis, varejistas começam a considerar essas alternativas com mais atenção. O Just Egg, por exemplo, já está disponível em redes como Walmart e Whole Foods.

Se antes a maior barreira para esses produtos era a resistência do consumidor, agora o preço e a disponibilidade podem ser os fatores decisivos.

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