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Coronavírus coloca o espetacular mercado de navios de cruzeiro na berlinda

Faturamento do setor cresceu de 23 bilhões para 45 bilhões de dólares desde 2007, com 25 milhões de pessoas viajando todos os anos

DIAMOND PRINCESS: navio em quarentena no Japão é operado pela Carnvial, companhia que faturou 20 bilhões de dólares em 2019 / REUTERS/Kim Kyung-Hoon
LA

Lucas Amorim

Publicado em 14 de fevereiro de 2020 às 10h45.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2020 às 11h14.

Se há uma indústria diretamente afetada com a epidemia de coronavírus, é a de cruzeiros . Dia sim dia também dois dramas particulares estampam manchetes mundo afora.

O principal deles é o dos 3.500 passageiros em quarentena no navio Diamond Princess, estacionado no porto japonês de Yokohama. Ao menos 218 pessoas já foram confirmadas com o vírus, e nesta sexta-feira, após 25 dias a bordo, os passageiros saudáveis finalmente vão poder começar a deixar o navio. O Diamond Princess é um navio da companhia american Princess Cruises, uma subsidiária da Carnival, a principal operadora de cruzeiros do mundo, com faturamento de 20 bilhões de dólares em 2019, 10% a mais que em 2018.

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A outra grande história envolvendo o setor é do navio MS Westerdam, que na quinta-feira atracou no Camboja com 2 mil passageiros a bordo depois de ter sido rejeitado por cinco portos, com receio de que algum passageiro pudesse estar contaminado. A embarcação é da Holland America Line, e partiu de Singapura, passou por Hong Kong e começou seu drama também em Yokohama, quando um dos passageiros a bordo apresentou sintomas compatíveis com coronavírus. Depois, lhe foi negado porto em Taiwan, Filipinas, Guam e Tailândia.

As histórias do Diamond Princess e do MS Westerdam podem afetar o setor de cruzeiros em pelo menos duas frentes. A primeira delas é esfriar o aquecido mercado asiático, aposta número um das principais companhias da Europa e dos Estados Unidos. A diversidade de passageiros a bordo dos dois navios mostra como a Ásia virou um novo hub turístico: o Diamond Princess tem passageiros de 50 nacionalidades; o MS Westerdam, de 30.

O segundo risco exposto é o tendência de que quanto maior o navio, melhor. Mais passageiros embarcados significa mais receita para custos relativamente fixos, como despesas portuárias e combustível. Navios maiores também permitem a oferta de um maior e mais diversificado número de atrações como bares, restaurantes, piscinas, salas de jogos, cassinos, teatros. Nos últimos 20 anos os navios passaram de 2 mil para 3 mil, 4 mil, 5 mil, 6 mil pessoas de capacidade. Mais gente a bordo, claro, também aumenta a probabilidade de imprevistos.

Reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal The New York Times revela que as reservas já caíram de 10% a 15% após o surto de coronavírus. Um grande teste virá com a temporada de cruzeiros na Europa, no próximo verão do hemisfério norte. As empresas têm sido cautelosas a comentar os possíveis impactos. A Royal Caribbean, uma das líderes globais, divulgou no dia 4 um comunicado em que informa que o coronavírus pode “afetar negativamente nossos resultados”.

O número de navios dedicados ao mercado asiático cresceu cerca de 50% entre 2013 e 2017. Mundo afora a indústria também cresce em ritmo acelerado. O faturamento do setor chegou a cerca de 45 bilhões de dólares no ano passado, ante 23 bilhões de dólares em 2007.

A previsão é que a receita chegue a 57 bilhões de dólares em 2027. Apenas as maiores empresas do setor inauguram cerca de 10 navios por ano, cada um deles a um custo de 1 bilhão de dólares. Em regiões como o Caribe, companhias de cruzeiro estão investindo cada vez mais até em ilhas particulares para seus passageiros.

Mais de 25 milhões de pessoas viajam em cruzeiros todos os anos, em roteiros que vão de dois dias até três meses. No Brasil, o melhor ano para o setor foi 2010, quando 800 mil pessoas viajaram em cruzeiros.

O futuro segue promissor. Mas o ano de 2020 será um teste de fogo para os cada vez mais espetaculares navios de cruzeiros.

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